Brasília (25/07/2011) –
Trinta e cinco baleias Franca juntas, sendo 13 de
mães com seus respectivos filhotes. Além
de sete indivíduos adultos
e dois juvenis. Uma cena com certeza de rara beleza.
O número estava dentro do esperado pelos
pesquisadores que integraram equipe formada por
técnicos do Centro Nacional de Pesquisa e
Conservação de Mamíferos Aquáticos
(CMA/ICMBio) e do Projeto Baleia Franca durante
sobrevôo de monitoramento de mamíferos
do sul da Ilha de Santa Catarina até a divisa
com o Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (22).
O avião decolou da cidade
de Içara (SC) e o que chamou atenção
foi a distribuição das baleias - a
maioria concentrada em Laguna, entre o Mar Grosso
e a Praia do Sul, onde 15 delas foram avistadas.
O analista ambiental do CMA/ICMBio Paulo Flores
fotografou as baleias durante todo o percurso. A
ideia é que seja possível, posteriormente,
a identificação individual de cada
uma delas. Além das fotos, foram feitos vídeos
por uma produtora que também integrou a equipe
no sobrevôo.
"Estamos apenas no início
da temporada e muitas baleias ainda irão
chegar em Santa Catarina para acasalamento e nascimento
dos filhotes. O próximo sobrevôo será
em setembro, período correspondente ao auge
da temporada reprodutiva das baleias francas”, afirma
a diretora de Pesquisa do Projeto Baleia Franca,
Karina Groch.
Esse ano serão realizados
três sobrevôos ao longo da temporada
reprodutiva: o segundo em setembro período
correspondente ao auge da presença das baleias
aqui na região, e no início de novembro,
para o monitoramento das ultimas baleias presentes
em Santa catarina. Assim a equipe do Projeto Baleia
Franca pode obter informações sobre
a sazonalidade da presença da espécie
no liotral sul catarinense, bem como a permanência
individual das baleias francas.
Os sobrevôos são
uma técnica utilizada entre pesquisadores.
No Brasil, por exemplo, eles são usados para
realização de estimativas de abundância
de baleias francas que frequentam a região
Nordeste, e das toninhas, uma espécie de
golfinho que ocorre aqui na região Sul.
Durante o sobrevôo é
possível obter informações
como: fotografia para reconhecimento individual;
localização das baleias ao longo da
costa; número de indivíduos avistados;
composição dos grupos: presença
de indivíduos adultos, juvenis ou filhotes;
comportamento das baleias durante a aproximação
da aeronave.
Os sobrevôos de monitoramento
permitem avaliar como as baleias francas estão
ocupando a costa, através da coleta de informações.
A partir daí são feitas análises
que fornecerão subsídios para a conservação
da espécie.
Um dos principais resultados dos
sobrevôs realizados pelo Projeto Baleia Franca,
de acordo com a diretora de Pesquisa do Projeto
Baleia Franca, Karina Groch, foi a identificação
da principal área de concentração
da espécie no Brasil, resultando na criação
da Área de Proteção Ambiental
(APA) da Baleia Franca, Unidade de Conservação
federal gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade.
A APA abrange 130 km de costa,
desde o sul da Ilha de Santa Catarina até
o balneário de Rincão, e tem por objetivo
proteger as baleias franca e garantir que a espécie
possa continuar utilizando esta região como
principal área de concentração
reprodutiva no Brasil.
Bom filho à casa torna
- Duas baleias bastante conhecidas, identificadas
pelo Projeto Baleia Franca desde 1999, foram avistadas
durante o sobrevôo. Uma delas foi a primeira
baleia registrada pelo Projeto no início
desta temporada e batizada pelos voluntários
deste ano com o nome de Ivone, em homenagem a avó
de uma das voluntárias.
Ivone foi avistada pelo Projeto
no dia 2 de julho na Praia de Itapirubá e
estava sozinha, ainda sem filhote. Agora foi avistada
na praia da Gamboa, já com seu filhote recém
nascido. As baleias francas tem um filhote a cada
3 anos, e os registros da Ivone em SC seguiram este
intervalo, este é quinto filhote que a Ivone
tem em SC, ao longo destes anos.
A outra baleia identificada e
velha conhecida do Projeto foi batizada há
alguns anos de Felícia. O mamífero
voltou para Santa Catarina esse ano com o filhote
de um ano de idade para o desmame. Com um ano de
idade o filhote já está com as calosidades
bem formadas - o que não ocorre com recém-nascidos
- e poderá ser catalogado pelo Projeto, proporcionando
assim a possibilidade de reconhecimento futuro e
acompanhamento das próximas gerações
da família dela.