26/01/2012 -
Meio Ambiente - Luana Lourenço - Enviada
Especial - Porto Alegre – A presidenta Dilma
Rousseff, que esteve hoje (26) no Fórum
Social Temático 2012 (FST) para um
diálogo com a sociedade civil, foi
cobrada por representantes de movimentos sociais
sobre questões ambientais e sociais,
principalmente sobre o conceito de economia
verde, tema central da Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, que o Brasil
vai sediar em junho.
A ideia do FST era promover
um diálogo, mas o encontro acabou sendo
uma sucessão de discursos, dois de
representantes da sociedade civil e o da presidenta,
que durou cerca de 20 minutos.
O ambientalista boliviano
Pablo Solon fez duras críticas ao conceito
de economia verde, tema central da Rio+20,
e disse que o novo modelo de desenvolvimento
não pode repetir padrões tradicionais,
que estão levando ao esgotamento do
planeta.
Solon convocou a sociedade
civil a fazer uma grande mobilização
contra a economia verde. “Assim como vencemos
a alaca venceremos essa tentativa de mercantilizar
e privatizar a natureza”.
A sindicalista Carmem Foro,
que começou o discurso elogiando o
governo da presidenta Dilma, cobrou demandas
antigas dos movimentos sociais brasileiros,
como a redução da jornada de
trabalho de 44 horas para 40 horas semanais,
o endurecimento da legislação
sobre o trabalho escravo e a ampliação
da reforma agrária.
Carmen também criticou
o conceito de economia verde e disse que a
sociedade tem que se mobilizar para que a
Rio+20 tenha resultados efetivos na mudança
para um novo padrão de desenvolvimento.
“Não vamos aceitar
termos uma economia rotulada de verde, como
estão pensando os capitalistas que
não têm responsabilidade nenhuma
com a sustentabilidade. Vamos fazer a nossa
parte, e fazer isso é fazer a crítica
e uma grande mobilização, durante
a Rio+20, para questionar o modelo, questionar
o que vai ser essa economia verde. Nossa tarefa
é de articulação, mobilização
do conjunto da classe trabalhadora, vamos
globalizar essa luta global”.
Durante o evento, grupos
ambientalistas na plateia tentaram interromper
os discursos com palavras de ordem pedindo
o veto da presidenta ao texto do novo Código
Florestal, que tramita no Congresso Nacional.
+ Mais
Dilma defende que Rio+20
tenha metas de desenvolvimento sustentável
centradas no combate à pobreza
26/01/2012 - Paula Laboissière
- Enviada Especial - Porto Alegre – Ao fazer
referência aos Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio, estabelecidos pela Organização
das Nações Unidas (ONU), a presidenta
Dilma Rousseff defendeu hoje (26) a criação
de metas de desenvolvimento sustentável
durante a Conferência das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20), marcada para junho no Rio de Janeiro.
Ao participar do Fórum
Social Temático (FST) 2012, ela avaliou
que tais metas devem estar centradas no combate
à pobreza e à desigualdade.
“Assumimos que é possível crescer
e incluir, proteger e conservar”, explicou.
Dilma disse ser uma grande
alegria poder voltar a Porto Alegre e lembrou
sua participação no Fórum
Social Mundial em 2001, quando ainda era secretária
de Energia do governo do Rio Grande do Sul.
“Desde então, essa cidade transformou-se
em referência para todos que buscavam
criar uma alternativa ao desequilíbrio
da situação econômica
e política global. Aqui, se firmou
a ideia de que um outro mundo é possível.”
Durante o discurso, a presidenta
destacou que muita coisa aconteceu nos últimos
11 anos e que a crise que vinha latente transformou-se
em uma crise real desde 2008. Segundo ela,
as incertezas financeiras que pairam sobre
o futuro mundial dão um significado
especial para a Rio+20.
“Deve ser um momento importante
de um processo de renovação
de ideias, diferentemente das COP [Conferências
das Partes]”, disse. “Queremos que a palavra
desenvolvimento apareça, de agora em
diante, sempre associada à [palavra]
sustentável”, completou.
De acordo com Dilma, o que
estará em jogo na Rio+20 é um
modelo capaz de articular o crescimento e
o aumento de empregos, a participação
social e a ampliação de direitos,
o uso sustentável e a preservação
de recursos ambientais. “A tarefa que nos
impõe esse fórum e a Rio+20
é desencadear o desenvolvimento, a
renovação de ideias e de novos
progressos absolutamente necessários
para enfrentar os dias difíceis que
hoje vive ampla parte da humanidade.”
Por fim, a presidenta avaliou
que a sociedade civil e os governos progressistas,
cada um em sua dimensão, podem fazer
dos primeiros anos do novo milênio o
anúncio de uma nova era. Para isso,
segundo ela, é decisivo o fortalecimento
dos laços de solidariedade e de cooperação
Sul-Sul.
“É essa esperança
que nos une e nos mobiliza para a Rio+20 e
que deve sempre nos guiar na busca de um novo
modo de vida, inclusivo e sustentável,
sabendo que o papel da sociedade civil será
determinante para o êxito da conferência”,
disse. “Tenho certeza: um outro mundo é
possível. Até o Rio de Janeiro”,
concluiu Dilma.