Números são
apontados por estudo realizado
pala UICN no Golfo da Califórnia, na
costa do Panamá e Costa Rica e cinco
ilhas e arquipélagos da região
Brasília, 24 de fevereiro
de 2012 — 12% das espécies marinhas
que estão sendo monitoradas no Golfo
da Califórnia, na costa do Panamá
e Costa Rica e nas cinco ilhas e arquipélagos
do Oceano Pacífico Tropical Oriental
estão ameaçadas de extinção,
de acordo com um estudo realizado pela UICN
(União Mundial para a Natureza) e parceiros.
As principais ameaças marinhas para
a flora e fauna da região são
a sobrepesca, a perda de hábitats e
o impacto cada vez maior da oscilação
do Sul – El Niño.
Lançado nesta semana,
o estudo é a primeira avaliação
disponível da Lista Vermelha de Espécies
Ameaçadas da UICN sobre todas as espécies
de peixes conhecidas da zona costeira, mamíferos
marinhos, tartarugas e aves marinhas, corais
e mangues, em uma importante região
biogeográfica marinha. A análise
identifica as áreas geográficas
específicas onde os esforços
de conservação são mais
necessários, incluindo a boca do Golfo
da Califórnia e as linhas costeiras
do Panamá e Costa Rica, ao mesmo tempo
em que identifica a natureza e a localização
dos maiores perigos à vida marinha.
"Compreender a vulnerabilidade
das espécies diante das ameaças
mais importantes é essencial para determinar
como espécies e ambientes marinhos
podem responder simultaneamente a uma ou mais
ameaças," diz Beth Polidoro, pesquisadora
da Unidade de Biodiversidade Marinha da UICN
e principal autora do estudo. "A identificação
das espécies e dos padrões de
ameaça na região do Pacífico
Tropical Oriental pode ajudar a direcionar
as prioridades marinhas locais e regionais
para a conservação da biodiversidade,
além de servir para subsidiar as políticas."
Nos últimos anos,
pelo menos 20 espécies marinhas foram
extintas no mundo e mais de 133 populações
locais de espécies marinhas correm
o mesmo risco. Entre as espécies que
estão neste grupo se encontra a Azurina
eupalama, espécie endêmica das
Ilhas Galápagos, que desapareceu durante
o El Niño de 1982 - 1983. Diminuições
drásticas também foram documentadas
em vários grupos marinhos, incluindo
muitas populações de peixes
comerciais, peixes de recifes de corais, recifes
de corais, manguezais e algas marinhas. Dois
peixes marinhos comerciais, o Totoaba macdonaldi
e a garoupa-gigante (Stereolepis gigas) foram
considerados como criticamente ameaçados,
sendo que anteriormente eram comuns nas águas
do sul da Califórnia e no Golfo da
Califórnia, no México. Ambas
as espécies são extremamente
apreciadas para consumo humano, mas sua disponibilidade
foi limitada pela sobrepesca severa, já
que grandes concentrações são
formadas durante a desova, reduzindo as possibilidades
de reprodução de forma sustentável.
"Salvar as espécies
ameaçadas de extinção
é a coisa mais importante de tudo o
que pode ser feito para preservar a saúde
dos oceanos, que beneficia milhões
de pessoas que dependem deles prósperos
e produtivos", disse Scott Henderson,
diretor regional da conservação
marinha, da Conservação Internacional
e co-autor do estudo. "Esse novo estudo
é um monumental esforço científico
que oferece às organizações
e aos governos as informações
necessárias para direcionarem os dólares
da conservação nas espécies,
lugares e problemas que precisam de mais ajuda."
Suas descobertas reforçam
a certeza de que as ações de
conservação são necessárias
para as espécies marinhas e para as
zonas geográficas onde elas estão
principalmente ameaçadas de extinção.
Por exemplo, a criação de uma
área marinha protegida ao redor da
Ilha de Clipperton, no leste do Pacífico,
deve ser uma prioridade, porque lá
é mantida uma das porcentagens mais
elevadas de espécies ameaçadas
no Pacífico Tropical Oriental e é
a única das cinco ilhas e arquipélagos
oceânicos na região que carece
de uma proteção governamental
completa. Além disso, é vital
uma legislação para limitar
o desaparecimento de mangues em importantes
áreas de reprodução de
pescados ao longo das costas da Costa Rica
e Panamá, de acordo com esse estudo.
Ainda faz-se necessária uma melhor
compilação dos dados, elaboração
de relatórios e monitoramento das indústrias
pesqueiras. Isso deve ser uma prioridade urgente
para melhorar os esforços da conservação
marinha em toda a região.
"Essas são
medidas concretas que podemos tomar para reduzir
o risco de extinção das espécies
no Pacífico Tropical Oriental,"
disse Tom Brooks, diretor científico
da NatureServe. "Por exemplo, com relação
a algumas espécies ameaçadas
da indústria pesqueira, temos de trabalhar
no sentido de melhorar a gestão regional
e localmente. Podemos conseguir uma mudança,
mas primeiro devemos reconhecer e utilizar
dados valiosos disponíveis."