26/03/2012 - Mariana Branco
- Regiões devastadas pelo terremoto
e tsunami que atingiram o Japão em
11 de março do ano passado estão
usando tecnologia verde em sua reconstrução.
Aproveitamento da energia eólica, solar
ou produzida a partir de biomassa são
práticas adotadas nas cidades de Kamaishi,
Ofunatu, Higashi-Matsushima, Iwanuma, Shinchi
e Minami-Soma. Nesta segunda-feira (26/03),
o pesquisador japonês Takashi Hongo
falou sobre a experiência desses municípios
durante a palestra Lições aprendidas
na recuperação do desastre e
a contribuição para uma economia
verde, promovida pelo Ministério do
Meio Ambiente (MMA) e Embaixada do Japão.
A tragédia em território japonês
no ano passado deixou mais de 13 mil mortos.
Além das perdas humanas e da destruição
de edifícios, estradas e aeroportos
o tremor causou a explosão de um reator
nuclear. Diversas famílias que viviam
nas áreas afetadas pela radiação
tiveram de se mudar, e até hoje o governo
monitora o grau de contaminação.
Takashi Hongo, que é pesquisador-sênior
do Instituto de Estudos Estratégicos
Globais de Matsui, afirma que a população
convive com o trauma psicológico deixado
pelo desastre. "O estrago foi muito severo.
Além do dano físico, nós
japoneses fomos muito afetados mentalmente",
disse.
Hongo agradeceu a ajuda material prestada
por mais de 160 países, incluindo o
Brasil. Ele se mostrou confiante de que as
inovações aplicadas pelas seis
localidades podem servir de exemplo para governos
interessados em economia verde e na redução
das emissões de carbono, e destacou
que as lições aprendidas ajudaram
a delinear as propostas que o país
asiático apresentará na Rio+20,
conferência sobre desenvolvimento sustentável
que acontece no Rio de Janeiro de 13 a 22
de junho deste ano. Os municípios que
adotaram soluções ecologicamente
amigáveis foram eleitos cidades-modelo
e a intenção é que suas
ações sejam introduzidas no
Japão como um todo.
PLANEJAMENTO
O pesquisador enfatizou a necessidade do planejamento
urbano para a construção de
cidades economicamente sustentáveis,
e destacou que as instituições
financeiras precisam ser envolvidas no esforço
em favor da implementação da
tecnologia verde. "A missão delas
é fundamental, pois os investimentos
iniciais são muito altos", afirmou.
Para Karen Suassuna, diretora do Departamento
de Mudanças Climáticas da Secretaria
de Mudanças Climáticas e Qualidade
Ambiental do MMA, comunidades e municípios
brasileiros podem beneficiar-se da experiência
japonesa. "Os desafios que a mudança
do clima nos causa podem ser muito semelhantes
à tragédia ocorrida', destacou.
A diretora admite que algumas tecnologias
verdes ainda são caras - um coletor
solar de energia, por exemplo, custa de R$
1,5 mil a R$ 2 mil - mas diz que algumas medidas
simples podem ser adotadas para que uma edificação
seja menos agressiva ao meio ambiente. "A
pessoa pode aproveitar a ventilação
e iluminação naturais o máximo
possível, projetar um ambiente rico
em luz solar", comentou. "Claro
que sempre contratando um arquiteto ou engenheiro
na hora de desenhar o projeto, e pedindo sugestões.
Outra dica é observar se há
o selo Procel na hora de comprar lâmpadas".