Brasília (31/05/2012)
– O Centro Nacional
de Pesquisa e Conservação de
Mamíferos Aquáticos (CMA), vinculado
ao Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), capturou, entre
os dias 19 e 30 de maio, cinco peixes-bois
nativos no município de Icapuí
(CE) com tecnologia inédita no Brasil.
Técnicos do CMA instalaram rádios
transmissores em quatro fêmeas e um
macho de peixe-boi para acompanhá-los
diariamente por computador por meio de sinais
enviados por satélite. Ainda foram
coletadas amostras de sangue, urina, fezes
e lágrimas, entre outras, e feitos
exames clínicos nos peixes-bois. O
CMA coordena o Programa de Monitoramento de
Sirênios (PMS) no Brasil.
A tecnologia, do Sirenia Project, foi desenvolvida
pela instituição científica
norte-americana United States Geological Survey
(USGS) e permite determinar rotas migratórias,
áreas de utilização,
distanciamento da costa e profundidade de
ocorrência. Amostras diversas possibilitam
ainda verificar a saúde da população
nativa desses animais e sua variabilidade
genética.
Os dados obtidos pela equipe formada por mais
de 40 profissionais, entre biólogos,
veterinários e outros especialistas,
subsidiarão o governo brasileiro na
tomada de decisões visando à
conservação da espécie,
que atualmente se encontra criticamente ameaçada
de extinção.
Para realizar o procedimento foi necessária
embarcação construída
exclusivamente para a captura de peixes-bois
nativos, além de outro barco de apoio,
uma rede de 200 metros de comprimento por
sete metros de profundidade, dois laboratórios
móveis e um escritório de campo.
O lançamento da rede foi feito com
cuidado para salvaguardar a integridade física
dos animais e das pessoas envolvidas – afinal
alguns dos peixes-bois possuíam mais
de 600 quilos - peso que até então
não se atribuía para a espécie
no Brasil.
A ação teve apoio de instituições
parceiras brasileiras (Aquasis), Universidade
Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), Instituto
Mamíferos Aquáticos (IMA) e
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio),
bem como instituições norte-americanas
– USGS, Fish and Wildlife Service (FWS) e
Florida Wildlife Conservation (FWC) – e mexicana
– Geomare Investigación Terrestre y
Marina.
A operação de captura dos peixes-bois
foi feita em cumprimento a uma condicionante
ambiental emitida para a Petrobras pela Coordenação
Geral de Petróleo e Gás do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (CGPEG/Ibama).
Comunicação ICMBio
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Campanha protege tartarugas
marinhas
Brasília (02/05/2012)
– Após três temporadas consecutivas,
a campanha Nossa Praia é a Vida, desenvolvida
pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação
de Tartarugas Marinhas (Tamar), do Instituto
Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), começa
a dar resultados nas praias de desova, no
litoral norte da Bahia.
Segundo o coordenador regional, o biólogo
Gustave Lopez, em função da
campanha, a qualidade ambiental é hoje
consideravelmente melhor, sobretudo por conta
da troca da iluminação externa
dos condomínios – dos 16 identificados
nos diagnósticos de luz, 15 fizeram
as adequações indicadas pelo
Tamar.
Com a ajuda e participação de
usuários das praias, seguranças,
inquilinos e proprietários das casas
dos condomínios, quase já não
há mais registros de filhotes desorientados,
por conta da iluminação artificial,
e os ninhos são mantidos com segurança
no local de postura. A campanha é feita
todos os finais de semana, durante a temporada
reprodutiva, com ações nas praias
e reuniões, palestras e treinamento.
Áreas de atuação
Criada e executada pela base do Tamar da Praia
do Forte (BA), a campanha Nossa Praia é
a Vida foi iniciada na temporada 2009/2010,
com o objetivo de traçar o perfil dos
usuários e planejar estratégias
para diminuir as ameaças às
tartarugas marinhas.
A expansão imobiliária para
o litoral e a crescente disseminação
de complexos hoteleiros e condomínios
residenciais, ao longo das praias de desova,
aumentaram significativamente o número
de usuários das praias e as ameaças
à sobrevivência desses animais,
como a disposição inadequada
de lixo, a utilização de veículos
na areia e instalação de luzes
ao longo da orla.
A base da Praia do Forte monitora uma área
de 30 quilômetros entre a foz do rio
Jacuípe e a do rio Imbassaí,
incluindo as praias de Barra de Jacuípe
(3 km), Guarajuba (8 km), Itacimirim (5 km)
e Praia do Forte (14 km).
Com a aplicação de questionários,
constatou-se que mais de 70% dos usuários
eram originários de Salvador e região
e mantinham casas de veraneio (própria
ou alugada) nos condomínios em frente
ao mar. Assim, a campanha foi direcionada
para os condomínios de Barra de Jacuípe,
Guarajuba e Itacimirim, área de grande
pressão antrópica, pela alta
concentração de condomínios.
Esse trecho de 16 quilômetros é
denominado pelo Tamar como Área de
Estudo Padrão, cujo intuito é
registrar e proteger os ninhos por meio do
monitoramento diário realizado por
“tartarugueiros”. A área é o
foco principal da campanha por se tratar de
praia de alto valor biológico (mais
de mil registros reprodutivos por temporada)
seriamente ameaçados, em função
do uso intenso da praia, construções
à beira-mar, iluminação
irregular e circulação de veículos
na areia.
Ações práticas
As ações de sensibilização
incluem montagem de tenda e réplicas
de tartarugas adultas e filhotes, desenhos
para as crianças colorirem e banners
com as principais ameaças para as tartarugas
marinhas. O alerta para as ameaças
também está em informativos
fixados nos cardápios de 37 barracas
de praia. Foram realizadas ainda solturas
de filhotes em condomínios de Barra
de Jacuípe com participação
média de 350 moradores e banhistas.
Paralelamente ao trabalho na praia, foram
feitas saídas quinzenais para diagnóstico
de iluminação, treinamento de
296 seguranças e equipes de jardinagem
(Guarajuba e Hotel Vila Galé), palestras
e reuniões (Barra do Jacuipe e Associação
de condomínios de Guarajuba), além
da instalação de 16 placas informativas
nas praias.