25/08/2012
- 15h51
Meio AmbienteNacional
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O projeto de ampliação
que deverá triplicar a capacidade do
Porto de São Sebastião, no litoral
norte de São Paulo, preocupa prefeitos
e moradores da região. As obras, orçadas
em R$ 2,5 bilhões, devem dar suporte
à extração de petróleo
do pré-sal, mas a população
teme que vá afetar a vocação
turística dos municípios vizinhos
pelo risco ao meio ambiente.
Atualmente, o projeto aguarda
a emissão de licença prévia
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama). Com mais capacidade, o porto também
será uma alternativa para escoar mercadorias
de regiões como o Vale do Paraíba.
“O município de São
Sebastião é turístico
e portuário, não tem sentido
uma coisa atrapalhar a outra”, reclama Regina
Helena Ramos, vice-presidente da Federação
Pró Costa Atlântica, que reúne
associações de bairro do município.
A moradora aponta para a
ameaça de degradação
do meio ambiente, grande atrativo turístico
da região, com a migração
que pode ser estimulada pela expansão
portuária. “Não existe hoje
habitação nem para as pessoas
que moram lá, tem uma população
imensa em áreas de risco e preservação”,
aponta.
Para que a cidade suporte
a ampliação do terminal, Regina
Helena defende que sejam feitos investimentos
em infraestrutura compatíveis com o
novo tamanho do terminal, que deverá
ficar totalmente concluído em 2035.
“Se as coisas não forem benfeitas,
se a infraestrutura não estiver à
altura, São Sebastião acaba
para o turismo, e não é isso
que a gente quer”.
O prefeito de Ilhabela,
Toninho Colucci, também teme que o
potencial turístico do município
seja afetado. Por meio de nota, ele destaca
que o projeto preocupa, “não só
pelo tamanho que se desenha, mas também
porque todo o escoamento da carga será
por estrada”.
Entretanto, na avaliação
do prefeito de São Sebastião,
Ernane Primazzi, o problema central diz respeito
à alça de acesso ao porto, que
no trajeto proposto promoverá a remoção
de 3 mil pessoas. Ele defende um projeto com
túneis para evitar a retirada das famílias.
“É possível fazer, está
faltando vontade de meter a mão no
bolso”, diz.
O presidente da Companhia
Docas de São Sebastião, Casemiro
Tércio Carvalho, de outro lado, sustenta
que o problema afeta 400 famílias que
vivem irregularmente na área. “Não
é que vai desapropriar, aquilo é
área invadida. A gente vai reassentar
400 famílias em moradia digna”, garante.
Segundo Carvalho,
está sendo realizado um estudo, que
deve ficar pronto em até três
meses, para determinar quais serão
os impactos da ampliação no
turismo da região. A partir daí,
serão apresentadas propostas para mitigar
esses efeitos negativos. “Nosso objetivo é
transformar São Sebastião em
referência de porto verde para o Brasil
e para o mundo”, diz.