10 de agosto de 2012 - No
Censo 2010, o IBGE aprimorou a investigação
sobre a população indígena
no país, investigando o pertencimento
étnico e introduzindo critérios
de identificação internacionalmente
reconhecidos, como
a língua falada no domicílio
e a localização geográfica.
Foram coletadas informações
tanto da população residente
nas terras indígenas (fossem indígenas
declarados ou não) quanto indígenas
declarados fora delas. Ao todo, foram registrados
896,9 mil indígenas, 36,2% em área
urbana e 63,8% na área rural. O total
inclui os 817,9 mil indígenas declarados
no quesito cor ou raça do Censo 2010
(e que servem de base de comparações
com os Censos de 1991 e 2000) e também
as 78,9 mil pessoas que residiam em terras
indígenas e se declararam de outra
cor ou raça (principalmente pardos,
67,5%), mas se consideravam “indígenas”
de acordo com aspectos como tradições,
costumes, cultura e antepassados.
Também foram identificadas
505 terras indígenas, cujo processo
de identificação teve a parceria
da Fundação Nacional do Índio
(FUNAI) no aperfeiçoamento da cartografia.
Essas terras representam
12,5% do território brasileiro (106,7
milhões de hectares), onde residiam
517,4 mil indígenas (57,7% do total).
Apenas seis terras tinham mais de 10 mil indígenas,
107 tinham entre mais de mil e 10 mil, 291
tinham entre mais de cem e mil e em 83 residiam
até cem indígenas. A terra com
maior população indígena
é Yanomami, no Amazonas e em Roraima,
com 25,7 mil indígenas.
Foi observado equilíbrio
entre os sexos para o total de indígenas
(100,5 homens para cada 100 mulheres), com
mais mulheres nas áreas urbanas e mais
homens nas rurais. Porém, percebe-se
um declínio no predomínio masculino
nas áreas rurais entre 1991 e 2010,
especialmente no Sudeste (de 117,5 para 106,9)
Norte (de 113,2 para 108,1) e Centro-Oeste
(de 107,4 para 103,4).
A pirâmide etária
indígena tem a base larga e vai se
reduzindo com a idade, em um padrão
que reflete suas altas taxas de fecundidade
e mortalidade, bastante influenciadas pela
população rural. Em 2010, havia
71,8 indígenas menores de 15 anos ou
de 65 anos ou mais de idade para cada 100
ativos. Já para os não indígenas,
essa relação correspondia a
45,8 inativos para cada 100 em idade provável
de atividade.
Na área rural, a
proporção de indígenas
na faixa etária de 0 a 14 anos (45,0%)
era o dobro da área urbana (22,1%),
com o inverso acontecendo na faixa de 65 anos
ou mais (4,3% na rural e 7,0% na urbana).
A pirâmide etária dos indígenas
residentes fora das terras indígenas
indica baixa fecundidade e mortalidade. Já
para os indígenas residentes nas terras,
a pirâmide etária ainda é
resultante de uma alta natalidade e mortalidade.
Metade da população indígena
tinha até 22,1 anos de idade. Nas terras
indígenas, o índice foi de 17,4
anos e, fora delas, 29,2 anos.
O Censo 2010 investigou
pela primeira vez o número de etnias
indígenas (comunidades definidas por
afinidades linguísticas, culturais
e sociais), encontrando 305 etnias, das quais
a maior é a Tikúna, com 6,8%
da população indígena.
Também foram identificadas 274 línguas
indígenas. Dos indígenas com
5 anos ou mais de idade 37,4% falavam uma
língua indígena e 76,9% falavam
português.
Mesmo com uma taxa de alfabetização
mais alta que em 2000, a população
indígena ainda tem nível educacional
mais baixo que o da população
não indígena, especialmente
na área rural. Nas terras indígenas,
nos grupos etários acima dos 50 anos,
a taxa de analfabetismo é superior
à de alfabetização.
Entre os indígenas,
6,2% não tinham nenhum tipo de registro
de nascimento, mas 67,8% eram registrados
em cartório. Entre as crianças
indígenas nas áreas urbanas,
as taxas são próximas às
da população em geral, ambas
acima dos 90%.
A análise de rendimentos
comprovou a necessidade de se ter um olhar
diferenciado sobre os indígenas: 52,9%
deles não tinham qualquer tipo de rendimento,
proporção ainda maior nas áreas
rurais (65,7%); porém, vários
fatores dificultam a obtenção
de informações sobre o rendimento
dos trabalhadores indígenas: muitos
trabalhos são feitos coletivamente,
lazer e trabalho não são facilmente
separáveis e a relação
com a terra tem enorme significado, sem a
noção de propriedade privada.
Em 2010, 83,0% das pessoas
indígenas de 10 anos ou mais de idade
recebiam até um salário mínimo
ou não tinham rendimentos, sendo o
maior percentual encontrado na região
Norte (92,6%), onde 25,7% ganhavam até
um salário mínimo e 66,9% eram
sem rendimento. Em todo o país, 1,5%
da população indígena
com 10 anos ou mais de idade ganhava mais
de cinco salários mínimos, percentual
que caía para 0,2% nas terras indígenas.
Somente 12,6% dos domicílios
eram do tipo “oca ou maloca”, enquanto que,
no restante, predominava o tipo “casa”. Mesmo
nas terras indígenas, ocas e malocas
não eram muito comuns: em apenas 2,9%
das terras, todos os domicílios eram
desse tipo e, em 58,7% das terras, elas não
foram observadas.
Essas e outras informações
podem ser vistas na publicação
“Censo 2010: Características Gerais
dos Indígenas – Resultados do Universo”,
que pode ser acessada no link:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/caracteristicas_gerais_indigenas/default_caracteristicas_gerais_indigenas.shtm
Terras indígenas
em 2010 correspondiam a 12,5% do território
nacional
No âmbito do Censo
2010, as 505 terras indígenas reconhecidas
compreendiam 12,5% do território brasileiro
(106.739.926 hectares), com significativa
concentração na Amazônia
Legal. Foram consideradas “terras indígenas”
as que estavam em uma de quatro situações:
declaradas (com Portaria Declaratória
e aguardando demarcação), homologadas
(já demarcadas com limites homologados),
regularizadas (que, após a homologação,
foram registradas em cartório) e as
reservas indígenas (terras doadas por
terceiros, adquiridas ou desapropriadas pela
União). No momento do Censo, o processo
de demarcação encontrava-se
ainda em curso para 182 terras.
Em 2010, o Brasil tinha
seis terras indígenas com mais de 10
mil indígenas, 107 entre mais de mil
e 10 mil, 291 entre mais de cem e mil e 83
com até cem indígenas. A terra
com maior população indígena
é Yanomami, localizada no Amazonas
e em Roraima, com 25,7 mil indígenas,
5% do total.
A população indígena
residente no Brasil contabilizada pelo quesito
cor ou raça foi de 817,9 mil pessoas.
Esse é o número usado pelo IBGE
para comparações com os Censos
1991 e 2000. Além delas, foram também
agregadas ao grupo as pessoas que residiam
em terras indígenas e se declararam
de outra cor ou raça, mas se consideravam
indígenas de acordo com tradições,
costumes, cultura e antepassados, entre outros
aspectos. Esse contingente somou 78,9 mil
pessoas (um acréscimo de 9,7% sobre
o total de indígenas do quesito cor
ou raça), resultando em um total de
896,9 mil indígenas em todo o país,
dos quais 36,2% residiam em área urbana
e 63,8% na área rural. Entre as regiões,
o maior contingente ficava na região
Norte, 342,8 mil indígenas e o menor
no Sul, 78,8 mil. Um total de 517,4 mil (57,7%
do total nacional) residiam em terras indígenas,
dos quais 251,9 mil (48,7%) estavam na região
Norte. Considerando a população
indígena residente fora das terras,
a maior concentração foi encontrada
no Nordeste, 126,6 mil.
Pardos eram 67,5% das pessoas
de outra cor ou raça que se consideravam
indígenas
Nas 488 terras indígenas
onde foi captada informação
sobre a população residente,
as pessoas que se declararam como indígena
no quesito cor ou raça, 438,4 mil,
correspondiam a 77,2%. As que não se
declararam, mas se consideravam indígenas,
eram 78,9 mil (13,9%). Também havia
8,8% de pessoas residentes nas terras que
não se declararam e não consideravam
indígenas e sem declaração.
Entre as regiões, o Nordeste apresentou
a maior proporção de pessoas
que não se declararam, mas se consideravam
indígenas, 22,7%. No Ceará,
esse percentual chegou a 45,5%.
A maior proporção
da população residente em terras
indígenas que se declarou de outra
cor ou raça, mas se considerava indígena,
foi de pardos (67,5%). A proporção
se repetiu em quase todas as regiões
e chegou a 74,6% no Norte. Só no Centro-Oeste
os pardos ficaram em segundo lugar, com 33,0%,
enquanto os brancos concentravam 60,4%.
População
indígena na área rural tem predomínio
masculino, mas observa-se declínio
Em 2010, a razão
de sexo (número de homens para cada
100 mulheres) da população indígena
se manteve estável em relação
a 2000 (100,5 e 99,0, respectivamente), indicando
equilíbrio entre os sexos. Na análise
por situação de domicílio,
a razão de sexo segue o padrão
da população não indígena:
mais mulheres nas áreas urbanas e mais
homens nas áreas rurais. A área
urbana da região Norte foi a única
que apresentou tendência de crescimento
masculino (de 89,4 homens para cada 100 mulheres
em 1991 para 95,9 em 2010). Já na área
rural percebe-se um declínio no predomínio
masculino, especialmente no Sudeste (de 117,5
para 106,9) Norte (de 113,2 para 108,1) e
Centro-Oeste (de 107,4 para 103,4). Na comparação
das terras indígenas com outras áreas,
observou-se predomínio masculino em
341 terras (70% do total). A TI Paraná
do Paricá (AM) apresentou a menor razão
de sexo: apenas 52,9 homens para cada 100
mulheres.
Indígenas nas áreas
rurais e em terras indígenas são
predominantemente jovens
A pirâmide etária
indígena tem a base larga e vai se
reduzindo com a idade. Esse padrão
reflete suas altas taxas de fecundidade e
mortalidade, influenciadas pela população
rural. Entre 2000 e 2010, a proporção
de indígenas entre 0 a 14 anos de idade
passou de 32,6% para 36,2%, enquanto o grupo
etário de 15 a 64 anos de idade foi
de 61,6% para 58,2%.
A razão de dependência
(quociente entre as populações
inativas, de 0 a 14 anos e com 65 ou mais
anos de idade, e a população
em idade ativa, entre 15 e 64 anos) mostrou
que, em 2010, havia 71,8 inativos para cada
100 ativos. Para os não indígenas,
essa relação era de 45,8 inativos
para cada 100 ativos. O índice de envelhecimento
populacional indígena (quantidade de
pessoas de 65 anos ou mais para cada 100 de
0 a 14 anos) de 15,5 idosos para cada 100
jovens, corresponde à metade do da
população não indígena
(30,8).
Na área rural, a
proporção de indígenas
na faixa etária de 0 a 14 anos (45,0%)
era o dobro da área urbana (22,1%),
com o inverso acontecendo na faixa de 65 anos
ou mais (4,3% na rural e 7,7% na urbana).
Entre as regiões, a tendência
e as proporções foram as mesmas
para as crianças e adolescentes na
área rural. Já na área
urbana, no Sudeste, o contingente de 0 a 14
anos foi de 14,6%, menos da metade da região
Norte (33,2%).
Os indígenas residentes
fora das terras indígenas acompanhavam
o padrão da estrutura por sexo e idade
da população não indígena,
com baixa fecundidade e mortalidade, e, também,
uma razão de dependência baixa
e com idade mediana alta. Em 93,6% das terras,
a população até 24 anos
ultrapassava os 50%. Em seis terras, não
foram encontrados indígenas com mais
de 50 anos de idade: Itatinga (RJ), Maraã
Urubaxi (AM), Sepoti (AM), Batovi (MT), Baía
do Guató (MT) e Mundo Verde/Cachoeirinha
(MG). A maior proporção de indígenas
de 50 anos ou mais (42,9%) foi encontrada
na TI Mapari (AM). Metade da população
indígena total tinha até 22,1
anos. Nas terras indígenas, esse índice
foi de 17,4 anos e, fora delas, 29,2 anos.
Na comparação entre homens e
mulheres, a população total
e a que residia fora das terras indígenas
repetiram o padrão dos não indígenas,
com a idade mediana das mulheres ligeiramente
mais alta do que a dos homens (21,8 anos para
eles e 22,3 para elas no geral, 28,3 anos
para eles e 30,2 para elas fora das terras);
nas terras, foram 17,7 anos para eles e 17,0
para elas.
Analfabetismo chega a 33,4%
para os indígenas de 15 anos ou mais
em áreas rurais
Entre 2000 e 2010, a taxa
de alfabetização dos indígenas
com 15 anos ou mais de idade (em português
e/ou no idioma indígena) passou de
73,9% para 76,7%, aumento semelhante ao dos
não indígenas (de 87,1% para
90,4%). Porém, entre os indígenas,
em 2010, a taxa de alfabetização
masculina (78,4%) era superior à feminina
(75,0%). Na área rural, a taxa de analfabetismo
chegou a 33,4%, sendo 30,4% para os homens
e 36,5% para as mulheres. Já nas terras
indígenas, 67,7% dos indígenas
de 15 anos ou mais de idade eram alfabetizados.
Para os indígenas residentes fora das
terras, a taxa de alfabetização
foi 85,5%. Tanto dentro das terras quanto
fora delas os homens tinham taxas de alfabetização
superiores às das mulheres. Nas terras,
as gerações mais jovens eram
mais alfabetizadas que a população
acima dos 50 anos, cujas taxas de analfabetismo
(52,3% para o grupo entre 50 e 59 anos e 72,2%
para 60 ou mais anos) eram maiores que as
de alfabetização (47,7% e 27,8%,
respectivamente).
Na área rural, 38,4%
das crianças indígenas não
tinham certidão de nascimento
A proporção
de indígenas com registro de nascimento
(67,8%) era menor que a de não indígenas
(98,4%), 27,8% dos indígenas tinham
Registro Administrativo de Nascimento e Óbito
de Índios (RANI), feito pela FUNAI,
e 7,4% deles não tinham qualquer tipo
de registro. As crianças indígenas
residentes nas áreas urbanas tinham
proporções de registro em cartório
(90,6%) mais próximas às dos
não indígenas (98,5%). Mas,
o número de crianças residentes
na área rural é 3,5 vezes maior
do que na área urbana e a proporção
de registrados é significativamente
menor (61,6%). Na área rural, 7,6%
das crianças indígenas de até
10 anos não tinha qualquer tipo de
registro. Nas terras indígenas, 63,0%
dos indígenas com até 10 anos
eram registrados em cartório e, fora
delas, eram 87,5%. O percentual de crianças
com o RANI dentro das terras (27,8%) era três
vezes superior ao das crianças residentes
fora (8,7%). Já o percentual de crianças
não indígenas residentes nas
terras, registradas em cartório, chegou
a 96,2%. Os indígenas que não
tinham nenhum tipo de registro nas terras
indígenas correspondiam a 7,4% e os
não indígenas, 2,4%.
Censo 2010 contou 305 etnias
indígenas
O Censo 2010 investigou,
pela primeira vez, o pertencimento étnico,
sendo “etnia” a comunidade definida por afinidades
linguísticas, culturais e sociais.
Foram identificadas 305 etnias a partir das
pessoas que se declararam ou se consideraram
indígenas. Dentro das terras indígenas,
foram contadas 250 e, fora delas, 300.
A maior concentração
de etnias fora das terras indígenas
ocorreu para etnias com até 50 pessoas
e não se observou etnia com população
acima de 10 mil indígenas. Já
dentro das terras o maior agrupamento foi
na classe de população entre
251 e 500 indígenas. Do total de indígenas
declarados ou considerados, 672,5 mil (75%)
declararam o nome da etnia, 147,2 mil (16,4%)
não sabiam e 53,8 mil (6,0%) não
declararam. Dentro das terras, 463,1 mil (89,5%)
declararam etnia e 53,4 mil (10,3%) não
responderam. Para os indígenas residentes
fora das terras, 209,5 mil (55,2%) declararam
etnia e 146,5 mil (38,6%) não sabiam.
A etnia Tikúna tinha
o maior número de indígenas
(46,1 mil), resultado influenciado por 85,5%
deles que residiam em terras indígenas.
Os indígenas da etnia Terena estavam
em maior número fora das terras (9,6
mil). Nas terras indígenas, as etnias
Yanomámi, Xavante, Sateré-Mawé,
Kayapó, Wapixana, Xacriabá e
Mundurukú não estavam presentes
nas 15 mais enumeradas fora das terras. Já
fora das terras, as não coincidentes
eram Baré, Múra, Guarani, Pataxó,
Kokama, Tupinambá e Atikum.
Em 2010, 293,9 mil indígenas
falavam 274 idiomas
No Brasil, foram contabilizadas
274 línguas indígenas faladas,
excluindo as originárias dos outros
países, denominações
genéricas de troncos e famílias
linguísticas, dentre outras, sendo
a Tikúna a mais falada (34,1 mil pessoas).
Nas terras, foram declaradas 214 línguas
e 249 foram contabilizadas tanto nas áreas
urbanas quanto rurais localizadas fora das
terras.
Dos 786,7 mil indígenas
de 5 anos ou mais de idade, 293,9 mil (37,4%)
falavam uma língua indígena,
57,3% dentro das terras e 12,7% fora delas.
O português era falado por 605,2 mil
(76,9%) e era falado por praticamente todos
os indígenas fora das terras (96,5%).
A proporção
de indígenas entre 5 e 14 anos que
falavam língua indígena era
de 45,9%, 59,1% dentro das terras e 16,2%
fora delas. Na faixa entre 15 e 49 anos e
para aqueles com 50 anos ou mais, o percentual
de falantes declinava com o aumento da idade
(35,8% e 28,5%). Dentro desses três
grupos etários, nas terras indígenas,
quase todos os falantes de língua indígena
não falavam português, sendo
o maior percentual para os indígenas
de 50 anos ou mais (97,3%), enquanto que,
fora das terras, nessa mesma faixa etária,
o Censo 2010 revelou o menor percentual, 40,7%
de falantes somente de língua indígena.
Dentro das terras, 97,9%
dos indígenas que recebiam até
um salário mínimo falavam língua
indígena e não falavam português,
enquanto fora das terras o percentual declinou
para 50,6%. Entre os sem rendimento, 96,6%
dos residentes nas terras indígenas
falavam apenas língua indígena.
Fora das terras, a proporção
era de 68,7%.
Análise de rendimentos
indica relações diferenciadas
dos indígenas com o trabalho
O Censo 2010 indicou que
52,9% dos indígenas não tinham
qualquer tipo de rendimento, proporção
ainda maior nas áreas rurais (65,7%).
Porém, vários fatores dificultam
a obtenção de informações
sobre o rendimento dos trabalhadores indígenas:
muitos trabalhos são feitos coletivamente,
lazer e trabalho não são facilmente
separáveis e a relação
com a terra tem enorme significado, sem a
noção de propriedade privada.
Na categoria “sem rendimento”,
as diferenças entre homens indígenas
e não indígenas (51,9% contra
30,7%, respectivamente) são maiores
do que entre as mulheres (53,9% contra 43,0%).
Entre as mulheres indígenas e não
indígenas da área urbana, praticamente
não há diferença (41,6%
e 41,9%); a variação entre os
homens é um pouco maior (31,6% e 28,8%).
Na área rural, a proporção
de mulheres indígenas sem rendimento
(64,5%) é um pouco menor que a dos
homens (66,7%), diferente da comparação
dos não indígenas (50,4% para
mulheres e 40,4% para homens). Ocorre que
muitas das mulheres indígenas, juntamente
com seus filhos, desenvolvem atividades rentáveis
ligadas ao artesanato.
Em 2010, 83,0% dos indígenas
de 10 anos ou mais de idade recebiam até
um salário mínimo ou não
tinham rendimentos, percentual concentrado
na região Norte (92,6%, sendo 66,9%
sem rendimento). Já o Sudeste apresentou
a menor proporção, tanto de
pessoas que recebiam até um salário
mínimo (25,9%) quanto das sem rendimentos
(34,7%). Para os não indígenas,
a proporção de pessoas de 10
anos ou mais de idade sem rendimento foi de
37,0% e das que recebiam até um salário
mínimo, de 27,5%.
Em todo o país, 1,5%
da população indígena
com 10 anos ou mais de idade ganhava mais
de cinco salários mínimos, percentual
que caía para 0,2% nas terras indígenas,
onde 65,8% dos indígenas não
tinham rendimentos, enquanto, entre os indígenas
residentes fora das terras, a proporção
caiu para 39,5%. Nas terras, predominam atividades
agrícolas de subsistência e os
rendimentos monetários nem sempre são
a melhor forma de aferir remuneração.
Nas unidades da Federação,
variaram bastante as proporções
de indígenas sem rendimentos e com
até um salário mínimo,
dentro e fora das terras. Nas terras, os dois
estados com maiores números de indígenas
com rendimentos acima de um salário
mínimo foram Espírito Santo
(19,3%) e Santa Catarina (16,8%). Fora das
terras, o rendimento, de modo geral, era melhor,
sendo menos favorável no Acre (11,2%),
Amazonas (10,7%) e Ceará (14,6%).
Em 85,4% das terras, mais
de 50% dos indígenas não tinham
rendimento em dinheiro, nem benefício.
Em 96,1% das terras, 50% dos indígenas
de 10 anos ou mais de idade recebiam até
um salário mínimo mensal e,
em cinco delas, nenhum indígena recebia
qualquer rendimento: Zo’E (PA), Sagarana (RO),
Rio Omerê (RO), Batovi (MT) e Ava Canoeiro
(GO).
Maior parte dos domicílios
indígenas é ocupada por um só
núcleo familiar
Os domicílios particulares
permanentes cujo responsável se declarou
indígena correspondem a 0,4% do total
de domicílios do país; o percentual
nas áreas rurais (1,2%) é seis
vezes maior que o das áreas urbanas
(0,2%).
Segundo o Censo 2010, 63,3%
dos domicílios indígenas tinham
unidades domésticas nucleares (responsável,
cônjuge e filhos solteiros). Para as
unidades domésticas estendidas (nuclear
acrescida de outros parentes), o percentual
correspondeu a 19,1% e, para as compostas
(estendidas acrescidas de não parentes),
a proporção foi de 2,5%. A maior
responsabilidade pelos domicílios indígenas
é masculina, com um excedente de 82%.
Entre não indígenas, a prevalência
da responsabilidade masculina fica em torno
de 58%.
Ocas ou malocas são
apenas 12,6% do total de domicílios
indígenas
O Censo introduziu um novo
tipo de domicílio particular permanente,
a “oca ou maloca”, aplicada só às
terras indígenas. Estas habitações,
usadas por várias famílias,
podem ou não ter paredes, variam de
tamanho e geralmente são cobertas de
folhas, palhas ou outras matérias vegetais.
Apenas 12,6% dos domicílios eram do
tipo “oca ou maloca”; no restante, predominavam
casas. Só em 2,9% das terras, todos
os domicílios foram classificados como
“oca ou maloca” e, em 58,7% das terras, essas
moradias não foram observadas.
Na região Norte,
70,9% dos domicílios indígenas
não têm banheiro
Em 2010, 36,1% dos domicílios
indígenas não tinham banheiro.
Nas áreas urbanas, 91,7% dos domicílios
indígenas tinham um ou mais banheiros
e apenas 8,3%, nenhum. Essa situação
se inverte nos domicílios rurais: 31,2%
com um ou mais banheiros e 68,8% sem banheiro.
Entre as regiões, o Norte se destacou,
com 70,9% dos domicílios sem banheiro.
Os domicílios indígenas,
principalmente nas áreas rurais, apresentaram
os maiores déficits em esgotamento
sanitário, com predominância
do uso da fossa rudimentar (65,7%). Nas áreas
urbanas, a rede geral de esgoto ou pluvial
associado com fossa séptica lidera
os percentuais, com 67,5%. Nesse quesito,
em todas as regiões brasileiras, a
situação era desfavorável
em relação aos não indígenas
e foi pior no Norte: 29,3% dos domicílios
indígenas e 40,5% dos não indígenas
não tinham o serviço. No país,
foram 57,8% dos domicílios com responsáveis
indígenas com esgotamento sanitário.
Apenas em 2,2% das terras
indígenas todos os domicílios
estavam ligados à rede de esgoto ou
fluvial ou tinham fossa séptica; em
52,3%, nenhum domicílio era atendido
por esses sistemas. Em 84,1% das terras, numa
faixa de 75% a 99% dos domicílios,
o tipo de esgotamento era fossa rudimentar,
vala, rio, lago ou mar ou outro tipo. Do conjunto
de domicílios que tinham algum tipo
de esgotamento, a fossa rudimentar tinha as
maiores proporções, principalmente
no Sul (60,9%), Centro-Oeste (55,5%) e Nordeste
(55,0%).
No Brasil, 60,3% dos domicílios
indígenas contavam com rede geral de
abastecimento de água, contra 82,9%
dos não indígenas. No Norte,
só 27,3% tinham rede geral. A região
liderava na categoria “outra forma de abastecimento”,
com 44,6%. Desse contingente, 85,1% vinham
de rios, açudes, lagos e igarapés.
Aqui também havia uma categoria específica,
de “poço ou nascente na aldeia e fora
da aldeia”, só pesquisada nas terras.
Nas terras, 33,6% dos domicílios
tinham rede de abastecimento de água;
a maioria usava poço ou nascente, dentro
ou fora da propriedade. Em 57,1% das terras,
nenhum domicílio estava ligado à
rede, presente na totalidade dos domicílios
apenas em 3,3% das terras.
Poucos domicílios
das terras indígenas eram atendidos
por coleta de lixo (16,4%), que não
chegou a nenhum domicílio em 325 terras
indígenas (66,7%) e apenas em 1,8%
das terras abrangia todos os domicílios.
Em 18,3% das terras, todos os domicílios
queimavam o lixo na propriedade. O lixo de
todos os domicílios era jogado em terreno
baldio ou logradouro em seis terras: Areões
(MT), Zo’E (PA), Aripuanã (MT), Badjonkore
(PA), Riozinho do Alto Envira (AC) e Mundo
Verde/Cachoeirinha (MG).
A energia elétrica,
proveniente de companhia distribuidora ou
outras fontes, dentro das terras, foi contabilizada
em 70,1% dos domicílios, Do total de
terras indígenas, 10,3% não
tinham qualquer tipo de energia elétrica
e em 10,9% todos os domicílios tinham
algum tipo.
Fonte: Comunicação Social/IBGE