26 Novembro
2012 | por Jorge Eduardo Dantas
Chegar a consensos sobre as maneiras de combater
e mitigar as mudanças climáticas,
além de tentar tirar do papel decisões
tomadas em conferências anteriores,
são os dois grandes objetivos da 18ª
Conferência das Partes (COP) na Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança
do Clima.
A cúpula anual, que
desta vez ocorre entre os dias 26 de novembro
a 7 de dezembro na cidade de Doha, no Catar,
reúne representantes de 190 países
em busca de soluções para um
dos maiores problemas ambientais da atualidade.
Entre os temas a serem debatidos
no encontro está a renovação
do Protocolo de Quito. Criado e adotado por
vários países em 1997, este
acordo estabeleceu metas de redução
dos gases de efeito estufa – como o dióxido
de carbono, o óxido nitroso e o metano
– que tornam o planeta mais quente e aumentam
a frequência e intensidade de fenômenos
climáticos extremos como tempestades,
ondas de calor, maremotos e furacões.
Um grupo de países defende sua renovação
até 2017; outro, até 2020.
Outro assunto importante
que será tema de debates é o
Pacto Climático Global, acordo criado
na última Conferência do Clima,
ocorrida ano passado, que prevê metas
obrigatórias de redução
de emissões para todos os países,
ricos e pobres. A princípio, este pacto
deverá ser definido até 2015
e vai entrar em vigor em 2020.
Não existe meta global
O coordenador do programa
de Mudanças Climáticas e Energia
do WWF-Brasil, Carlos Rittl, afirmou que,
em conferências anteriores, os países
signatários da Convenção
das Nações unidas sobre Mudanças
Climáticas já se comprometeram
a evitar que o aquecimento global suba mais
do que 2º C até 2100.
“No entanto, os países
ainda não definiram uma meta global
de redução de emissões
e nem estabeleceram um compromisso sobre o
ano em que as emissões de gases de
efeito estufa globais devem atingir seu pico
para, em seguida, começar a serem reduzidas
sistematicamente”, afirmou Rittl.
De acordo com o especialista,
a COP-18 precisa ter como um de seus resultados
esta meta global, com prazos claros (“quanto
iremos reduzir globalmente e quando”, explicou
Rittl) e a definição deste ano
de pico das emissões globais.
Rittl disse ainda existe
uma série de decisões, tomadas
em conferências passadas, que devem
ser motivo de discussão para que saiam
do papel. “Precisamos de um processo de revisão
das metas existentes até 2020 de todos
os países à luz da ciência,
para aumentar o baixo nível de ambição
que temos visto até agora”, afirmou.
Sem lacunas entre a Ciência
e a Política
“Além disso, os países
precisam formatar uma agenda de trabalho com
passos muito bem definidos até 2015,
para que o novo instrumento que deverá
definir metas para todos os países
para o período pós-2020 seja
negociado em bases sólidas e sem lacunas
entre ciência e decisões políticas”,
disse o coordenador de programa do WWF-Brasil.
Enquanto os representantes
políticos seguem em busca de acordos,
o aquecimento global já é uma
realidade: na última semana, a Organização
das Nações Unidas lançou
um relatório que indica que, em 2010,
a estimativa de emissões globais de
gases de efeito estufa foi de 50 bilhões
de toneladas, pelo menos 14% maior do que
o que deveríamos registrar em 2020
para termos uma chance significativa de evitar
o aumento aquecimento global para além
dos 2º C.
Além disso, um estudo
do Banco Mundial divulgado nas últimas
semanas registrou ondas de calor e seca recorde
nos Estados Unidos e na Rússia; e apontou
que, em 2012, o Ártico registrou o
maior nível de degelo de sua história.
O WWF-Brasil, que está
presente na COP-18, trabalha junto à
Rede WWF para evitar o aquecimento global
e minimizar seus impactos.