Victor Souza - Brasília
(19/12/2012) – Dez espécies de aves
limícolas – aquelas que dependem de
ambientes úmidos para sobreviver e
buscam seu alimento nas zonas entre-marés
e margens de ecossistemas aquáticos
– inspiram cuidados de proteção
e podem ser enquadradas em alguma categoria
de risco, de acordo com os critérios
da União Internacional de Conservação
da Natureza (UICN). Essa é uma das
conclusões do workshop que reuniu no
início do mês pesquisadores e
especialistas de todo o Brasil na Floresta
Nacional (Flona) da Restinga de Cabedelo,
na Paraíba. Eles avaliaram o estado
de conservação de 43 espécies
dessas aves, sendo 27 migratórias.
O diagnóstico vai servir de base para
o novo Plano de Ação Nacional
(PAN) para a Conservação das
Aves Limícolas, que deverá ser
lançado no próximo ano pelo
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação
de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto
Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), organizador do
workshop. O PAN conterá um conjunto
de ações a serem desenvolvidas
em prazos de tempo determinados por vários
setores da socidade com o objetivo de garantir
a proteção dessas espécies.
As dez mais
Segundo o coordenador do Cemave, João
Luiz Nascimento, as dez aves limícolas
em situação mais preocupante
são a tarambola-cinzenta ou batuiruçu-de-axila-preta
(Pluvialis squatarola), a batuíra-bicuda
(Charadrius wilsonia), o pirupiru (Haematopus
palliatus), o maçarico-de-costas-brancas
(Limnodromus griseus), o maçarico-galego
(Numenius phaeopus), o maçarico-de-asa-branca
(Tringa semipalmata), a rola-do-mar ou vira-pedras
(Arenaria interpres), a seixoeira ou maçarico-de-papo-vermelho
(Calidris canutus), o pilrito-semipalmado
ou maçarico-rasteirinho (Calidris pusilla)
e o pilrito-canela ou maçarico-acanelado
(Tryngites subruficollis). Ele salientou,
no entanto, que a divulgação
do grau de risco de cada espécie só
deverá ser realizada após a
homologação do processo de avaliação,
prevista para abril de 2013.
Ainda segundo Nascimento, o diagnóstico,
elaborado com base nas categorias e critérios
da UICN, levou em consideração
dados de ocorrências, estimativas populacionais
e ameaças à conservação
dessas espécies, como a perda de habitats
críticos (aqueles prioritários
para conservação dessas aves,
com elevado grau de ameaças, a exemplo
da planície costeira do Rio Grande
do Sul e de unidades de conservação
em Alagoas e Maranhão), o turismo desordenado,
o avanço de empreendimentos imobiliários,
a implementação de infraestruturas
e de atividades de exploração
de recursos naturais para fins comerciais
e de subsistência e a caça e
coleta de ovos das aves limícolas.
Plano de ação
O PAN das Aves Limícolas Migratórias
deverá definir ações
que assegurem a proteção dos
habitats críticos para as aves limícolas
até 2018, incluindo ações
como a implementação de projeto
piloto para avaliar impactos do turismo e
de empreendimentos imobiliários nas
populações dessas espécies,
buscando propor recomendações
de ordenamento para minimizar os impactos
nos hábitats críticos, bem como
fiscalizar atividades de turismo desordenado
e ocupações irregulares em tais
áreas.
Além disso, o PAN deve desenvover programas
de educação ambiental e campanhas
de marketing social para conscientizar comunidades
locais e turistas da importância de
se conservar aves limícolas em seus
hábitats críticos; elaborar
e encaminhar justificativa para criação
de unidades de conservação em
habitats críticos para aves limícolas;
e implementar um programa de monitoramento
das espécies ameaçadas em todos
os hábitats críticos identificados.
Nesse trabalho, o Cemave terá o apoio
do Ibama, universidades federais do Maranhão
(UFMA), de Pernambuco (UFPE), Rural de Pernambuco
(UFRPE), da Bahia (UFBA) e de Campina Grande
(UFCG), Museu de Zoologia da Universidade
de São Paulo (USP), além de
instituições como Save Brasil,
Manomet Center for Conservation Sciences e
Censo Neotropical de Aves Aquáticas,
entre outras.
Comunicação ICMBio
+ Mais
Instituído GT para
avaliar concessões em parques
Brasília (10/12/2012)
– O Ministério do Meio Ambiente (MMA)
acaba de criar Grupo de Trabalho de Avaliação
das Concessões (GT de Concessões),
com o objetivo de avaliar os serviços
de uso público repassados a terceiros
nos parques nacionais do Iguaçu, no
Paraná, Fernando de Noronha, em Pernambuco,
e Serra dos Órgãos e Tijuca,
no Rio de Janeiro. O GT de Concessões
é importante para aprimorar os serviços
prestados atualmetne aos visitantes.
Desde a criação do ICMBio em
2007, diversas melhorias foram promovidas
nas unidades de conservação
(UCs), atraindo cada vez mais um número
maior de visitantes. Novos equipamentos de
estrutura e lazer foram instalados, bem como
uma série de serviços para facilitar
a vida do visitante, como, por exemplo, a
venda de ingressos online e trilhas acessíveis
para pessoas portadoras de necessidades.
Os integrantes do GT irão
propor encaminhamentos e ações
necessárias para a melhoria dos processos
de concessão, incluindo os critérios
de seleção em licitações
futuras e o aprimoramento dos mecanismos de
controle sobre o desempenho dos concessionários.
Eles vão avaliar os processos licitatórios
originais, o objeto e a forma das concessões,
os contratos e eventuais alterações
realizadas, as condições financeiras,
os mecanismos de fiscalização
e monitoramento, a forma de remuneração,
a cobrança e repasse de valores para
o ICMBio e outras instituições
públicas e privadas, a situação
atual das concessões, a adequação
da prestação do serviço
e das instalações, os preços
cobrados e outros aspectos considerados relevantes.
O GT de Concessões será integrado
por representantes do Ministério do
Meio Ambiente (MMA) e do ICMBio e ficará
sob a coordenação do secretário-executivo
do MMA, que poderá, a qualquer momento,
convidar representantes de outros órgãos
ou entidades da Administração
Pública Federal, Estadual ou Municipal,
que tenham relação temática
com as atividades a serem desenvolvidas pelo
GT. O Grupo terá o prazo de seis meses
para conclusão dos trabalhos.