22/01/2013 - 12h41
Meio Ambiente
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A
cada ano, 1,3 bilhão de toneladas de
alimento são perdidas ou desperdiçadas
no mundo. Diante da expectativa de alguns
especialistas, que acreditam que essas perdas
podem ser revertidas com mudanças de
padrões de produção e
consumo, representantes do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da Organização
das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura (FAO) lançaram hoje
(22), em Genebra, uma campanha intitulada
“Pensar, Comer, Preservar” para tentar estimular
novas ações em todo o planeta.
Segundo o sub-secretário-geral
e diretor executivo do Pnuma, Achim Steiner,
a proposta é revelar a situação
atual e apresentar modelos que foram adotados
com sucesso para minimizar o desperdício.
Steiner acredita que essas informações
podem estimular um novo debate no mundo e
uma reflexão sobre o que deve ser feito
para reverter o cenário.
O representante do Pnuma
lembrou as projeções que indicam
que a população mundial deve
passar de 7 bilhões de pessoas para
9 bilhões até 2050, o que significa
um crescimento da demanda por alimentos. “Não
faz sentido, economicamente, ambientalmente
e eticamente, desperdiçar alimentos”,
disse, destacando o impacto do desperdício
e da pressão pela maior produção
de alimentos sobre o meio ambiente.
“São desperdiçados
também recursos como água, terras
cultiváveis, insumos agrícolas
e tempo de trabalho, sem contar a geração
de gases estufa pela comida em decomposição
e pelo transporte dos alimentos. Para termos
uma vida verdadeiramente sustentável,
precisamos transformar a maneira como produzimos
nossos alimentos”, acrescentou Steiner.
De acordo com dados divulgados
por representantes da FAO, 20% de todas as
terras do mundo já são cultivadas
pela agricultura, que também responde
pelo consumo de 70% da água doce do
mundo. A organização também
destaca que quase metade da comida descartada
nas regiões industrializadas ainda
poderia ser consumida. O volume de desperdício
das nações mais ricas soma quase
300 toneladas por ano, quantidade que, segundo
a FAO, é equivalente à toda
a produção de alimentos da África
Subsaariana e suficiente para alimentar 870
milhões de pessoas.
Diretora do departamento
de Infraestrutura Rural e Agroindústrias
da FAO, Eugenia Serova, defendeu uma profunda
mudança nas formas de consumo e produção
de alimentos. Ela lembrou que, apesar de os
países desenvolverem diferentes padrões
agrícolas, “todos desperdiçam
comida, em maior ou menor volume”. Dados da
FAO revelam que um terço dos alimentos
produzidos no mundo é perdido durante
os processos de produção e venda,
o equivalente a US$ 1 trilhão.
O movimento lançado
hoje pelos órgãos das Nações
Unidas é resultado de debate que ganhou
força durante a Rio +20, a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, que ocorreu em junho do
ano passado, no Rio de Janeiro. Durante o
encontro, os chefes de Estado que participaram
das negociações concordaram
em adotar iniciativas para mudar os padrões
de consumo e produção em seus
países.
A campanha reúne
em um portal da internet informações
em mais de quatro idiomas, incluindo o português,
sobre ações organizadas em todo
o mundo. O site destaca dicas para os consumidores
sobre o que fazer para reduzir as perdas,
como elaborar listas e comprar vegetais que,
mesmo não atendendo o padrão
dos mercados, estão plenamente adequados
para o consumo. As orientações
também são voltadas para comerciantes
que podem medir melhor o desperdício
e evitar algumas perdas.