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PESQUISA AVALIA O ESTADO DOS GOLFINHOS NO SUL DO BRASIL

Panorama Ambiental
Março de 2013

Brasília (21/03/2013) – Golfinhos já renderam alguns roteiros para cinema e TV, como é o caso do filme “Flipper”. Em várias regiões do mundo, pesquisadores estudam os golfinhos de uma espécie, também chamados de boto, boto-fliper ou golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus). No Brasil, principalmente nas águas do sul, a história do golfinho vem sendo contada por vários pesquisadores e instituições, como no caso do “Projeto Biologia da Conservação de Golfinhos na Ilha de Santa Catarina”, de pesquisa científica multi-institucional que desde 1991 investiga a espécie na Ilha de Santa Catarina, na Grande Florianópolis. Esses estudos auxiliam na investigação da estrutura populacional do boto na região Sul do Brasil, no Uruguai e na Argentina.

O projeto tem como objetivo obter conhecimento genético e populacional sobre a espécie, para auxiliar na compreensão do seu estado de conservação. A expectativa é que ao final do projeto, a sociedade conheça melhor a identidade populacional dos botos que ocorrem nessas áreas e quais as principais ameaças enfrentadas, possibilitando ações mais adequadas de manejo e conservação. O trabalho desenvolvido pelo projeto atende as ações do Plano de Ação Nacional para Conservação de Pequenos Cetáceos e tem sido realizado com as autorizações e licenças do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBio) e da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES).

Os pesquisadores do projeto utilizam métodos de biologia molecular para verificar, por exemplo, se os botos da Ilha de Santa Catarina assim como de outras baías e estuários estudados formam uma única população ou se estão geneticamente ligadas ao ponto de fazerem parte de uma grande população que habita a região Sul do Brasil. “Nossa participação é derivada dos trabalhos realizados há anos a partir de atendimento a encalhes e de embarcação de pesquisa na região da Ilha de Santa Catarina, incluindo os municípios de Florianópolis, São José, Biguaçu, Palhoça e Governador Celso Ramos”, comenta Paulo Flores, analista ambiental da base avançada em Santa Catarina, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Para garantir uma coleta de amostras representativa ao longo da área de estudo e que possibilite identificar possíveis unidades populacionais dos golfinhos, pequenas amostras de pele e gordura são coletadas em diferentes localidades, seguindo metodologia reconhecida internacionalmente pela comunidade científica. Para isso, os pesquisadores utilizam pequenas embarcações para conseguir maior aproximação dos botos e realizar esse importante trabalho de biópsia. A identificação dos indivíduos é fundamental para os futuros estudos de estrutura social e contribui para evitar a duplicação das amostras durante novas coletas. Além disso, amostras de músculos de animais encontrados mortos nas praias também são utilizadas nas análises.

Os resultados preliminares do projeto foram apresentados durante um congresso internacional realizado em 2012, em Puerto Madryn, na Argentina e artigos científicos estão sendo preparados para uma futura publicação. Foram analisadas amostras coletadas de 15 indivíduos da Ilha de Santa Catarina, 14 de Laguna (SC), 49 do litoral norte do Rio Grande do Sul, 68 do estuário da Lagoa dos Patos (RS), 30 do Uruguai e 13 da Baía de San Antonio, na Argentina.

Duas comunidades ou populações de golfinhos, localizados em Laguna (SC) e na Baía San Antonio (Argentina) apresentaram apenas um haplótipo ou padrão genético único. Outra análise genética mais detalhada suportou fortemente a existência de diferenciação entre as populações ou comunidades amostradas, exceto entre o estuário da Lagoa dos Patos e o norte do Rio Grande do Sul, sugerindo que ao menos cinco populações ou comunidades do golfinho Tursiops truncatus habitam a região estudada. Os golfinhos desta espécie, na Ilha de Santa Catarina fariam parte de uma população ou comunidade maior no Sul do Brasil. As atuais análises de marcadores nucleares esclarecerão outros aspectos desta estrutura populacional, visando permitir considerá-las ou não como unidades de manejo ou evolutivas independentes.

Colaboração

O trabalho constitui a parte principal da tese de doutoramento em Oceanografia de Pedro Fruet na Universidade Federal do Rio Grande (UFRGS), sendo executado com a colaboração da base avançada do CMA/ICMBio em Santa Catarina e com pesquisadores de doze instituições do Brasil, Uruguai, Argentina, Austrália e Bélgica. Segundo Paulo Flores, a realização desse estudo acontece com a colaboração efetiva dos pesquisadores e com o apoio de instituições sólidas.

CMA/ICMBio

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio) coordena, executa, promove estudos, projetos e programas de pesquisa e manejo para conservação de mamíferos aquáticos, atuando principalmente sobre as espécies ameaçadas e migratórias. Sediado no Município de Itamaracá (PE), o Centro atua em todo o território nacional, através das bases avançadas nos Estados de Alagoas (Porto de Pedras), Maranhão (São Luís), Pará (Belém), Piauí (Cajueiro da Praia), Rio de Janeiro (Arraial do Cabo), Santa Catarina (Florianópolis) e Pernambuco (Fernando de Noronha).
Comunicação ICMBio

 
 
 

Instituto Chico Mendes
Ascom

 
 
 
 

 

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