06/05/2013 - 18h43
Meio Ambiente
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O número de alertas
sobre desmatamento e degradação
da Floresta Amazônica diminuiu em 37%
entre março e abril deste ano na comparação
com o mesmo período de 2012. As imagens
de satélites usadas pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável
pelo Sistema de Detecção de
Desmatamentos em Tempo Real (Deter), mostraram
que em março as áreas possivelmente
devastadas chegaram a 28 quilômetros
quadrados), enquanto, em abril, a derrubada
de árvores foi registrada em 147 quilômetros
quadrados.
No ano passado, a devastação
atingiu mais de 290 quilômetros quadrados.
Nos dois levantamentos a cobertura de nuvens
impediu um monitoramento adequado já
que cerca de 50% do território monitorado
estava encoberto. As condições
similares levaram técnicos do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) a uma avaliação
positiva dos números. “Estamos enxergando
mais e, mesmo assim, as detecções
estão menores do que em anos anteriores”,
disse George Ferreira, coordenador-geral de
Monitoramento Ambiental do órgão.
A resolução
de imagens captadas pelo sensor Modis do satélite
Terra/Aqua e do sensor WFI do satélite
Cbers, de resolução espacial
de 250 metros, usados para os levantamentos
do Deter, ainda estão longe das expectativas
de especialistas e agentes ambientais que
combatem o desmatamento ilegal na região.
Com estes instrumentos só é
possível detectar desmatamentos com
área maior que 25 hectares (unidade
de medida equivalente a 100 metros quadrados).
Somado ao problema da cobertura de nuvens,
o resultado é que nem todos os desmatamentos
são identificados pelo Deter e, em
muitas áreas, o alerta pode significar
uma degradação autorizada por
algum órgão ambiental local.
Pelo acumulado do levantamento,
de agosto de 2012 até abril deste ano
a área devastada da Floresta Amazônica
ultrapassou 1,8 mil quilômetros quadrados.
O número mostra um aumento de 15% em
relação ao mesmo período
anterior. Para os agentes ambientais, grande
parte dessa diferença se deve aos registros
de agosto, quando o Deter identificou 522
quilômetros quadrados de área
devastada. No mesmo mês, em 2011, a
derrubada de árvores ocorreu em 163
quilômetros quadrados.
“Mas essa diferença
(15%) vem sendo reduzida. Em agosto teve detecção
muito grande de 220% maior do que em agosto
de 2011. Em setembro, o acumulado de agosto
a setembro já caia para 92%. Ate final
de julho a diferença vai cair ainda
mais”, disse Ferreira.
A mesma expectativa é compartilhada
pelo diretor de Proteção Ambiental
do Ibama, Luciano de Meneses Evaristo, que
ainda destacou que a Operação
Onda Verde está contribuindo para a
redução dos crimes ambientais
na região. A estratégia começou
com seis frentes atuando no combate ao desmatamento
na região centrada em seis áreas
críticas que respondiam por 77% do
desmatamento da Floresta Amazônica.
Segundo ele, essas ações foram
multiplicadas no território.
“Essa não é
uma operação fixa, ela abre,
se multiplica e acompanha o desmatamento para
onde está indo”, acrescentou, ressaltando
que com a dispersão das nuvens o volume
de áreas afetadas não deve ser
muito superior ao que os satélites
já estão mostrando. Entre agosto
e abril, os agentes do Ibama conseguiram mapear
1,2 mil dos 2,2 mil polígonos de desmatamento
identificados. Segundo técnicos do
órgão, a média de área
desses polígonos é 83 hectares
e o maior deles ocupa uma área de 2,2
mil hectares.
Nessas áreas, a maior
parte dos alertas identificados entre agosto
do ano passado e o início de maio deste
ano representava corte raso (65%), que configura
o desmatamento ilegal. A devastação
pela degradação por uso de fogo
representou respondeu 20% dos alertas nessas
áreas e pela degradação
por exploração florestal foram
5% dos alertas nesse período. Em 10%
dos casos as imagens apontaram um falso positivo,
ou seja, algum problema técnico na
captação das imagens.
“Sessenta e cinco por cento
dos alertas eram corte raso, e essas áreas
deverão fazer parte do novo Prodes
[sistema anual de monitoramento com precisão
maior de informações], em julho.
Não tem componente de degradação”,
disse Meneses Evaristo, ao informar que o
Prodes tem uma resolução mais
aproximada e dados mais detalhados sobre a
região.
Ainda entre agosto de 2012
e abril deste ano, o Ibama, a partir de informações
do Deter, apreendeu 65 mil metros cúbicos
de madeira em tora e 9,5 mil metros cúbidos
de madeira serrada, além de 36 armas
de fogo, 67 caminhões, 118 tratores
e 22 veículos.
Os agentes ambientais também
emitiram 3,5 mil autos de infração,
com multas que ultrapassaram a cifra dos R$
1,5 bilhão. No mesmo período,
mais de 213 mil hectares foram embargadas,
sendo que a maior parte das terras estava
no Pará (93 mil hectares), seguido
pelo estado de Mato Grosso (77 mil hectares)
e Rondônia (27 mil hecatares).
+ Mais
Desmatamento na Amazônia
atinge área de 175 km² entre março
e abril
06/05/2013 - 12h34
Meio Ambiente
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O desmatamento e a degradação
de florestas na Amazônia atingiram uma
área de quase 175 quilômetros
quadrados (km²) nos meses de março
e abril deste ano. O levantamento de alertas
foi divulgado hoje (6) pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável
pelo Sistema de Detecção de
Desmatamentos em Tempo Real, conhecido como
Deter. No mesmo período de 2012, o
sistema detectou desmatamento de 292 km²
– quase o dobro da área identificada
este ano.
Mato Grosso continua liderando
o ranking da derrubada de árvores na
região, com 83,57 km² de devastação
nos dois meses analisados - respondendo por
47% do total.
Pelas informações
do órgão, as áreas de
alerta nos estados do Acre, do Amazonas, de
Mato Grosso, do Pará, de Rondônia,
de Roraima e de Tocantins foram identificadas
mesmo com uma cobertura de nuvens em quase
50% do território investigado no período.
Entre novembro e abril, período em
que as chuvas são mais constantes na
Amazônia, as imagens ficam relativamente
comprometidas. Essa é a justificativa
utilizada pelo Inpe para não comparar
resultados entre diferentes meses.
Os técnicos do instituto
afirmam que a limitação meteorológica
e a resolução relativa de captação
de imagens - de 250 metros, permitindo captar
apenas áreas maiores que 25 hectares
-, são compensadas pela frequência
de informações repassadas aos
órgãos de fiscalização,
como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama).
“A menor resolução
dos sensores usados pelo Deter é compensada
pela capacidade de observação
diária, que torna o sistema uma ferramenta
ideal para informar rapidamente aos órgãos
de fiscalização sobre novos
desmatamentos”, destacou em nota a assessoria
do Inpe.
As imagens captadas pelos
satélites utilizados pelo instituto
permitem a visualização de áreas
de corte raso, quando há a retirada
completa da floresta nativa em uma área,
e de evidências de degradação
pela extração de madeira ou
incêndios florestais, que tipificam
o processo de desmatamento na região.
O presidente do Ibama, Volney
Zanardi Junior, vai detalhar ainda hoje (6)
os dados divulgados pelo Inpe. A principal
preocupação das autoridades
responsáveis pelo combate aos crimes
ambientais na região é explicar
à população que nem todo
alerta é uma comprovação
de que há desmatamento.
Nos últimos balanços
divulgados, o governo vem destacando um esforço
para integrar informações nacionais
e estaduais. A derrubada de árvores
em determinadas áreas pode ter a licença
dos órgãos ambientais locais,
o que deixaria de configurar crime.