26 Julho 2013
Gland (Suíça) - Anunciada na
última semana, a decisão do
Banco Mundial e do Banco Europeu de Investimentos
de restringir o financiamento de usinas geradoras
de energia movidas a carvão mineral
é um avanço bem vindo em direção
a um futuro mais sustentável e outras
instituições em todo o planeta
deveriam seguir esse exemplo imediatamente,
avalia a Rede WWF.
Instituições
financeiras internacionais como o Banco Mundial,
o Banco de Desenvolvimento da Ásia,
o Banco Europeu para Reconstrução
e Desenvolvimento, o Banco Africano de Desenvolvimento
e o brasileiro Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) têm
uma oportunidade para modelar uma mudança
mundial em direção às
fontes sustentáveis de energia, com
baixas emissões de gases de efeito
estufa e menores impactos socioambientais.
“Para termos uma chance
efetiva de enfrentar as mudanças climáticas,
o mundo precisa se afastar dos combustíveis
fósseis totalmente. Enquanto ajuda
os países em desenvolvimento a aumentar
seu acesso à energia e fazer a transição
para um crescimento econômico de baixo
carbono, o Banco Mundial deve, gradativamente,
retirar seu apoio a qualquer tipo de geração
de energia baseado em combustíveis
fósseis, em consonância com sua
política de fomentar ações
no campo de mudanças climáticas,”
reforçou Samantha Smith.
Brasil na contramão
– Enquanto instituições financeiras
globais acenam com o corte de financiamentos
e subsídios ao uso de combustíveis
que aceleram e ampliam o aquecimento global
e governos e investidores privados em diversos
países elevam investimentos em energia
solar, eólica e biomassa, o Governo
Brasileiro destina mais recursos à
geração de energia com combustíveis
fósseis. Mais de 68% dos investimentos
previstos no Plano Decenal de Energia 2021
terão como destino o setor de petróleo
e gás e as térmicas a carvão
voltarão aos leilões oficias
para geração de energia.
“Por ter um grande potencial
em energias renováveis, o Brasil poderia
se tornar um exemplo global investindo mais
em fontes de baixo carbono e de menor impacto
ambiental. Cabe ao Governo Federal estabelecer
metas ambiciosas de expansão dessas
fontes e redirecionar investimentos hoje destinados
aos combustíveis fósseis e à
construção de grandes hidrelétricas”,
ressaltou Carlos Rittl, coordenador do Programa
de Mudanças Climáticas e Energia
do WWF-Brasil.
“Com planejamento e políticas
estratégicas adequadas, além
de medidas de eficiência energética,
é possível atender a uma parte
significativa da demanda por eletricidade
a partir de fontes de menor impacto, fazendo
com que deixem de ser apenas alternativas
para se tornarem prioritárias numa
matriz energética nacional realmente
sustentável”, completou Rittl.
Alinhada com essas necessidades,
a nova campanha global sobre energia da Rede
WWF, Seize Your Power, conclama as instituições
financeiras mundiais a aumentarem significativamente
seu financiamento para fontes renováveis
e sustentáveis de energia e a cortarem
o financiamento aos combustíveis fósseis.
Afinal, os níveis globais de emissões
de gases de efeito estufa requerem ações
drásticas e urgentes para limitar o
aquecimento global.
+ Mais
Mesa Redonda discute reestruturação
do setor madeireiro no Brasil
30 Julho 2013
A falta de informações disponíveis
e de transparência no mercado de madeira,
além da implementação
efetiva de políticas públicas
que fomentem o setor foram alguns dos principais
problemas apontados por representantes da
cadeia da madeira, durante o primeiro encontro
da Mesa Redonda da Madeira Tropical Sustentável.
A iniciativa, organizada e facilitada pela
Rede Amigos da Amazônia (RAA), ligada
ao Centro de Estudos em Administração
Pública e Governo da Fundação
Getúlio Vargas, em parceria com o WWF-Brasil
e a Traffic, aconteceu neste mês, em
São Paulo, e reuniu cerca de 40 atores
e operadores do setor, entre produtores florestais,
desde cooperativas comunitárias certificadas
até empresas certificadas, sindicatos
de classe, empresas do setor de construção
civil e OnGs.
Lançado em junho,
a Mesa Redonda tem como objetivo fortalecer
o setor garantindo a formação
de um modelo de governança entre todos
os atores que influenciam o mercado de madeira
tropical sustentável no Brasil. “Esse
foi apenas o primeiro passo de uma série
que está por vir”, afirma Mauro Armelin,
superintendente de conservação
do WWF-Brasil. “Acreditamos que esse primeiro
encontro teve um impacto muito positivo. O
grande mérito foi juntar representantes
de todos os elos da cadeia para discutir uma
ação articulada que eleve o
patamar da cadeia”, avalia.
Durante o evento os participantes
tiveram a oportunidade de expor os problemas
que enfrentam no setor em que atuam, e também
apontar soluções. A partir dos
“gargalos” levantados, ficou evidente a necessidade
de uma reestruturação do setor
em que se destacaram problemas como a extração,
a fiscalização, o transporte
e a tributação da madeira.
A secretária executiva
da RAA, Thais Megid, enfatiza que “este foi
um importante pontapé inicial de um
longo trabalho que trará muitos frutos
para o setor”. Segundo ela, como resultado
concreto do encontro, foram organizados dois
grupos de trabalho: o primeiro para discutir
assuntos a respeito de um acordo setorial
e o outro para desenvolver propostas de políticas
públicas para o setor. “Os grupos trabalharão
de forma paralela de forma que um não
interfira no trabalho do outro. É deles
que se esperam propostas de soluções
para os problemas apontados”, explica.
O resultado foi bem recebido
pelos participantes. “Este é um grande
passo que demos. São pessoas sérias
que estão à frente dos grupos,
que se importam e querem o melhor para o setor.
Vamos trabalhar de forma dinâmica e
conseguir mais avanços”, afirma Rafik
Saab Filho, executivo do Sindicato do Comércio
Atacadista de Madeiras do Estado de São
Paulo (Sindimasp).
Próximos Encontros
Até novembro deste
ano serão realizados outros três
encontros para fortalecer ainda mais as propostas
sugeridas pelos participantes e aprofundar
a estratégia de relação
entre empresas, participantes e governo.
A próxima reunião,
agendada para setembro, pretende elaborar
uma proposta de um pacto setorial e organizar
um modelo interno de governança do
setor que seja encaminhado para os órgãos
do governo federal.
Já os demais encontros
serão a oportunidade de diálogo
e negociação com os governos
estadual e federal sobre os aspectos políticos
do setor florestal no país e os cenários
e perspectivas de mudanças do mercado
da madeira tropical sustentável no
Brasil e no exterior. Além disso, serão
feitos os encaminhamentos de propostas de
viabilização do mercado de madeira
tropical sustentável.
Próximo ao
terceiro encontro, acontecerá um encontro
paralelo, em parceria com o World Resource
Institute, com presença de atores internacionais
da União Europeia, governo e empresas
dos EUA e países da América
Latina, a fim de promover a troca de experiências
e discutir desafios e oportunidades para a
governança e sustentabilidade da madeira
tropical no comércio internacional.