Notícia
- 27 - ago – 2013 - A participação
das fontes renováveis pode ser 47%
maior na matriz energética brasileira,
nos próximos 40 anos, do que o projetado
pela política atual do governo. Segundo
o relatório [R]evolução
Energética, divulgado hoje pelo Greenpeace,
a matriz pode contar com 66,5% de fontes como
vento, sol e biomassa para alimentar os setores
elétrico, industrial e de transportes
em 2050.
Ao considerar apenas a matriz
elétrica, a projeção
é ainda mais dramática: 92%
da eletricidade que alimentará o Brasil
em quatro décadas pode ser limpa. Atualmente,
esse cenário e a tradição
nacional de renováveis neste setor
estão em risco devido a decisões
equivocadas da administração
federal, que tem abraçado fontes sujas,
como o carvão.
Em sua 3a edição
no Brasil, o [R]evolução Energética
propõe uma matriz energética
limpa e sustentável com base nos recursos
disponíveis e tecnologias atuais. Este
cenário atende à necessidade
futura de energia para o país e concilia
crescimento econômico com preservação
ambiental.
O estudo também demonstra
como o uso racional e eficiente de energia
em edifícios, indústrias e meios
de transporte pode reduzir a dependência
dos combustíveis fósseis. Pelo
cenário [R]evolução Energética,
a demanda de energia é 25% menor em
2050 quando comparada com o cenário
de referência, mesmo se o PIB crescer
anualmente entre 2,5% e 3,7%.
O documento também
indica caminhos para reduzir as emissões
de CO2 do país. O conjunto de medidas
proposto contribuiria para um corte de 60%
dessas emissões até 2050 – de
777 milhões de toneladas por ano pelo
cenário de referência para 312
milhões de toneladas pelo cenário
proposto.
Até 2040, é
possível abdicar da energia produzida
pelas usinas nucleares, térmicas movidas
a óleo combustível e carvão
mineral, e evitar a construção
de novas grandes hidrelétricas na Amazônia.
Também é possível crescer
sem explorar reservas não convencionais
de gás e óleo, como o gás
de xisto ou o pré-sal.
Para tornar isso realidade,
o [R]evolução Energética
prevê um significativo aumento do uso
de fontes renováveis – serão
396 gigawatts de eletricidade em 2050 instalados,
principalmente, por meio das fontes eólica,
solar fotovoltaica, solar heliotérmica,
biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.
Em termos de investimento,
a construção de menos termelétricas
e a maior participação de renováveis
poupará R$ 1,11 trilhão até
2050. Isso porque, apesar de um investimento
maior - R$ 2,39 trilhões até
2050, R$ 690 bilhões a mais do que
o governo pretende despender no mesmo período
- as vantagens econômicas ficam evidentes
ao se colocar na conta os altos gastos com
combustíveis fósseis previstos
no cenário de referência. Afinal,
vento e sol são de graça, ao
contrário de gás e óleo
combustível.
Para o setor de transporte,
o cenário prevê a necessidade
que uma radical mudança do modal –
hoje muito centrada no uso rodoviário
e no automóvel – para o transporte
por trilhos e coletivo. Também a indústria
precisa adotar padrões mais rígidos
de eficiência, com veículos menores
e motores que consomem menos combustível.
As energias renováveis responderão
por 40% do consumo de combustíveis
no setor de transporte até 2050. A
participação da eletricidade
chegará a 7% no mesmo ano.
“É técnica
e economicamente possível atender à
crescente demanda de energia do país
de modo limpo e sustentável. E, neste
sentido, o Revolução Energética
é uma provocação pública
pois tudo depende de vontade e visão
política”, diz Ricardo Baitelo, coordenador
da campanha de Clima e Energia do Greenpeace
no Brasil.
“A iminência de uma
crise climática coloca desafios sem
precedentes a todas as nações.
Há um forte movimento mundial para
se reduzir a dependência dos combustíveis
fósseis e aumentar a participação
das energias renováveis”, diz Sven
Teske, diretor de energias renováveis
do Greenpeace Internacional. “O Brasil tem
recursos naturais de sobra para se tornar
uma potência energética limpa.
Ao contrário do que acontecia no passado,
as energias renováveis – em especial
a solar fotovoltaica e eólica – são
mais competitivas que o carvão e ainda
utilizam recursos locais e criam mais empregos.
Utilizar mais renováveis agora é
mais uma vantagem econômica que um fardo
e reduz a dependência de combustíveis
importados”, conclui Teske.
+ Mais
Fonte de ilusão
Notícia - 4 - ago
– 2013 - Anúncio do Greenpeace publicado
hoje na Folha de S.Paulo complementa informações
"esquecidas" pela Fiesp
No dia 23 de julho, uma ilusão foi
publicada em três páginas de
um grande jornal paulista. Sob o título
de “Hidrelétrica com reservatório”,
os anúncios publicitários da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) defendiam essa
fonte como a grande saída para geração
de energia elétrica no país.
Os argumentos usados? Ela é a mais
limpa, mais barata e mais segura para a matriz
elétrica brasileira. Hoje, o Greenpeace
publicou uma paródia na página
A16 do mesmo jornal, mostrando que a realidade
não é bem assim.
Além de não
contabilizar o custo real para as pessoas,
a biodiversidade e o clima, a conta da Fiesp
não considera que, quando há
incentivo, outras fontes ficam igualmente
competitivas. É o caso da energia eólica,
que ficou muito mais barata nos últimos
anos, equiparando seus custos aos das barragens.
O argumento da segurança
– que seria garantida com o armazenamento
de água nos reservatórios –
também é falacioso, já
que as hidrelétricas não conseguem
driblar o problema das secas, cada vez mais
frequentes em um mundo ameaçado pelas
mudanças climáticas. E o título
de ‘sustentável’ cai por terra quando
se olha para o rastro de conflitos e destruição
que as grandes barragens na Amazônia
têm deixado nos últimos anos.
“Reconhecemos a importância
das hidrelétricas com reservatório
que já foram construídas, mas
antes de voltar a pensar nelas, o Brasil pode
e deve investir em outras fontes renováveis,
diversificando a nossa matriz energética
e gerando menos impactos socioambientais.
Essa é a verdadeira solução
para garantirmos energia constante, segura
e afastarmos o risco de apagões no
país”, argumenta Ricardo Baitelo, da
campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Engenheiro elétrico
e doutor em Planejamento Integrado, Baitelo
é um dos convidados para falar no 14o
Encontro de Energia promovido hoje e amanhã,
5 e 6 de agosto, pela Fiesp. “É perfeitamente
possível conciliar geração
de energia e o cuidado com o meio ambiente
e as pessoas. É isso que significa
sustentabilidade: aproveitar o potencial brasileiro
e ao mesmo tempo garantir que as gerações
futuras tenham acesso aos mesmos recursos
que nós”, afirma ele.
O Greenpeace é uma
organização ambientalista independente.
Não recebe dinheiro de políticos,
governos nem empresas - nosso trabalho é
financiado apenas por indivíduos e
aplicado na busca por um mundo mais equilibrado.
É essa independência que nos
permite cumprir nossa missão: expor
os crimes ambientais e desafiar os tomadores
de decisão a reverem seus conceitos.