09 Setembro
2013 | Em resposta ao lançamento do
Primeiro Relatório de Avaliação
Nacional (RAN) do Painel Brasileiro de Mudanças
Climáticas (PBMC), Carlos Rittl, coordenador
do Programa de Mudanças Climáticas
e Energia do WWF-Brasil, ressalta que a ciência
demonstra que o papel das políticas
públicas é fundamental para
que o país possa enfrentar com responsabilidade
o desafio das mudanças climáticas.
“A ciência mostra
que o país está criticamente
ameaçado pelos potenciais efeitos das
mudanças climáticas. No entanto,
até o momento, o arcabouço de
políticas de clima brasileiro é
uma verdadeira colcha de retalhos, sem a devida
sinergia e coordenação entre
diferentes ministérios e mesmo entre
governos federal e estaduais,” afirma Rittl.
"Apesar de algum progresso nos últimos
anos, a agenda climática do Brasil
ainda é marginal e não integrada
aos grandes planos de desenvolvimento do país,”
comenta Rittl.
Um sinal claro desta distorção
é o fato de o Brasil direcionar cerca
de 70% (mais de R$ 700 bilhões) de
todos os investimentos em energia (setor responsável
por 32% das emissões brasileiras em
2010), segundo estimativas oficiais até
2020, aos combustíveis fósseis.
Sendo que o país tem um imenso potencial
de fontes de energia renovável de baixo
impacto, como a eólica, solar, biomassa
e biocombustíveis, que poderiam suprir
uma grande parte das demandas de energia do
Brasil nas próximas décadas.
Além disso, o governo investiu no Plano
Safra 2011-2012 mais de R$ 107 bilhões
para produção agrícola
e expansão agropecuária - setor
que representou a maior fonte de emissões
do país em 2010, responsável
por 35% das emissões brasileiras, além
de representar imensa pressão sobre
as florestas nativas do país, - e apenas
R$ 3,5 bilhões para agricultura de
baixo carbono.
"Os cientistas do Brasil
que contribuíram para o Relatório
do Painel Brasileiro demonstram, de maneira
muito clara, que a necessidade de agir é
imensa e a hora é agora. A campanha
global “Seize your Power” pelas energias renováveis
da rede WWF, exige de governos e instituições
financeiras que aumentem os seus investimentos
em energia renovável e sustentável
e que eliminem gradativamente seus investimentos
em combustíveis fósseis, como
parte do esforço global necessário
para reduzir as emissões de CO2 e limitar
a elevação da temperatura da
Terra a níveis considerados relativamente
seguros. O Brasil precisa seguir o mesmo caminho.
E não é o que está acontecendo
até agora,” conclui Rittl.