31/03/2014 07h55 Brasília
- *Da Agência
Brasil Edição: Graça
Adjuto - O Painel Intergovernamental da Organização
das Nações Unidas sobre Alterações
Climáticas (IPCC) alertou hoje (31)
para maior risco de secas, inundações
e incêndios florestais na Europa devido
aos efeitos das mudanças climáticas
tanto a curto quanto a médio prazo.
A conclusão consta
do relatório apresentado em Yokohama
(Japão), elaborado por cerca de 500
cientistas e representantes políticos,
em que é analisado o conhecimento atual
das mudanças climáticas e o
seu impacto no homem e na natureza em diferentes
pontos do mundo.
Trata-se de "um dos
mais completos relatórios científicos
da história", disse o secretário
da Organização Meteorológica
Mundial (OMM), Michel Jarraud, em entrevista
durante a apresentação do documento.
"Não há
nenhuma dúvida de que o clima está
mudando", acrescentou, e que "95%
dessas mudanças devem-se à ação
humana".
O relatório apresentado
pelo IPCC - criado pelo Programa das Nações
Unidas para o Ambiente e pela OMM - analisa
os efeitos das alterações climáticas
atualmente, a médio (entre 2030 e 2040)
e a longo prazo (2080-2100), tendo em conta
um aquecimento global entre 2 e 4 graus centígrados,
baseado em projeções atuais.
No caso da Europa, as mudanças
climáticas vão provocar um aumento
das restrições de água
devido à "significativa redução
da extração dos rios e aquíferos
subterrâneos" combinada com o aumento
da procura para irrigação, energia,
indústria e uso doméstico, diz
o documento citado pelas agências internacionais.
O processo será intensificado
em determinadas áreas do continente,
devido à maior perda de água
por meio do seu processo natural de evaporação,
particularmente no Sul da Europa", acrescenta
o relatório.
Outro risco para a Europa
refere-se ao aumento do calor, que pode ter
impacto negativo na saúde e no bem-estar
da população, na produtividade,
na produção agrícola
e na qualidade do ar, bem como ao risco de
incêndios florestais "no Sul do
continente e no Extremo Norte da Rússia".
No relatório, o IPCC
alerta, além disso, para a maior probabilidade
de inundações nas zonas costeiras
devido à crescente urbanização,
ao aumento do nível do mar e à
erosão da costa.
A fim de atenuar esses riscos,
o IPCC apela aos líderes políticos
para que tomem medidas a fim de reforçar
os sistemas de vigilância, advertindo
para "eventos climáticos extremos",
melhorem a gestão de recursos hídricos
e as políticas para promover a poupança
de água ou para combater os incêndios
florestais.
"Reduzir esses riscos
dependerá da nossa capacidade de mitigar
os efeitos das mudanças climáticas
e de os adaptar às nossas sociedades",
destacou Chris Field, vice-presidente do grupo
de trabalho da ONU.
O presidente do IPCC, Rajendra
Pachauri, destacou, em particular, a necessidade
de redução das emissões
de gases de efeito estufa, um fator "do
qual dependerá aquilo que ocorrer em
muitas partes do mundo nos próximos
anos".