05/05/2018
– No melhor dos mundos seria não termos que nos preocupar
com a extinção de espécies, mas isso nem
de longe é uma realidade. Na verdade, os números
de espécies ameaçadas de extinção,
enquadradas nas categorias criticamente em perigo, em perigo ou
vulnerável são imensos. Basta uma consulta rápida
no livro da “Fauna Ameaçada de Extinção
no Estado de São Paulo – Vertebrados”, editado
pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, através da Fundação
Parque Zoológico de São Paulo – FPZSP, em
2009, para verificarmos 2.583 espécies de mamíferos,
aves, répteis, anfíbios, peixes de água doce
e peixes marinhos.
Em 2008, o chamado “Livro
Vermelho da Fauna Brasileira”, volumes 1 e 2, organizado
pelo Ministério do Meio Ambiente, através da Secretaria
de Biodiversidade e Florestas e do Departamento de Conservação
da Biodiversidade, apresenta 627 de espécies em seus dois
volumes totalizando 1.420 páginas de informação.
Ainda mais amplo e mais preocupante são as publicações
da Lista Vermelha (The IUCN Red List of Threatened Species), da
IUCN – International Union for Conservation of Nature, (União
Internacional para a Conservação da Natureza), que
reúne espécies de todo o planeta em suas diversas
categorias de ameaça, muitas próximas da extinção.
Todas essas fontes dão uma ideia do tamanho do problema
a ser enfrentado.
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Plano de Ação Nacional
para Conservação da arara-azul-de-lear.
Faça o download da publicação.
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Quando uma espécie é
declara extinta, não somente sua história caminha
para o fim, outras tantas espécies de que dela dependem
passam a correr o mesmo risco, e assim em um efeito em cadeia
muitas seguirão para o mesmo destino. Como dissemos o adequado
seria não chegarmos a esse ponto, mas no mundo real isso
persiste em se concretizar como um fato e neste cenário,
muitos projetos podem ser utilizados para a conservação
e manutenção das espécies. E esses projetos
podem ser conduzidos por um Plano de Ação Nacional
para a Conservação de Espécies.
Neste panorama o Poder Público
é fundamental para organização desses planos
que nortearão os trabalhos que devem ser realizados, com
objetivo de manter essas espécies com status de ameaça
cada vez mais longe desta condição. Entretanto,
organizações não governamentais, a iniciativa
privada e instituições internacionais também
podem e devem colaborar com esses documentos.
Um Plano de Ação
Nacional para a Conservação apresenta o conhecimento
adquirido sobre a espécie ou o grupo em questão,
um dos pontos mais importantes no trabalho de conservação,
como informações gerais, aspectos biológicos,
morfologia e valores; distribuição geográfica
e demográfica; seu habitat, considerando sua perda, degradação
ou mesmo a fragmentação; e a avaliação
de recursos, bem como sua reprodução; e finalmente
suas ameaças, como comércio ilegal, saúde
das populações e a própria destruição
dos ecossistemas.
A partir dessas informações,
que serão compiladas de revisões bibliográficas
e, eventualmente, complementadas com novos estudos e dados, é
que partiremos para trabalhar na composição do Plano
de Ação. Neste momento reuniões e oficinas
são importantes instrumentos para o debate das ideias e
das tomadas de decisão. E a partir desses encontros começam
a se construir os objetivos, metas e atividades/ações,
bem como traçar os resultados desejados e necessários,
de acordo com cada espécie ou grupo em estudo.
Ter essas informações
em uma matriz lógica ou em uma matriz de planejamento proporciona
o plano uma execução linear e mais objetiva. Neste
contexto também devemos prever as estratégias de
monitoramento e avaliação do Plano de Ação.
Na matriz lógica é imprescindível que prazos
sejam estabelecidos, prioridades e dificuldades, os interlocutores
e colaboradores e claro os custos. A composição
do PAN pode ainda compor uma organização de matrizes
como a Matriz de Planejamento, Matriz de Monitoria e o Painel
de Gestão. É importante ainda que o documento esteja
amparado nas leis vigentes.
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Plano de Ação Nacional
para Conservação dos Papagaios da Mata Atlântica.
Faça o download da publicação.
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No Brasil os Planos
de Ação Nacional para a Conservação
são tradicionalmente realizados pelo Ministério
do Meio Ambiente, através do Instituto Chico Mentes de
Conservação da Biodiversidade – ICMBio, quando
voltados para avifauna, por exemplo, tem colaboração
do CEMAVE – Centro Nacional de Pesquisa e Conservação
de Aves Silvestres. Geralmente contam com a parceria e a expertise
de universidades, institutos de pesquisa e organizações
não governamentais nacionais e estrangeiras.
Entre os Planos de Ação
Nacional para a Conservação produzidos pelo ICMBio
podemos destacar os voltados para a manutenção das
comunidades da avifauna como o do “Soldadinho-do-araripe”,
“Papagaios da Mata Atlântica”, “Mutum-do-sudeste”,
“Albatrozes e Petréis”, “Pato-mergulhão”,
“Arara-azul-de-lear”, “Aves de Rapina”,
“Galliformes”, “Mutum-de-alagoas”, “Ararinha-azul”,
“Papagaios”, “Aves dos Campos Sulinos”,
“Aves da Caatinga”, “Aves Limícolas Migratórias”,
“Aves da Amazônia”, “Aves do Cerrado e
Pantanal”, “Aves Marinhas e Costeiras “ e “Aves
da Mata Atlântica”.
Com o Plano de Ação
em mãos, os grupos envolvidos e mesmo a sociedade organizada,
consegue implantar os projetos de forma mais funcional, e as chances
de êxito crescem significativamente. Portanto, para grandes
ações em grandes áreas os Planos são
fundamentais. Mas é claro, que todos podem colaborar para
a conservação da biodiversidade em escalas diferentes.
Pequenas ações ainda são fundamentais para
construirmos um mundo melhor e mais justo pata todos.
A Agência Ambiental Pick-upau,
por meio do Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras, realiza
diversas atividades voltadas ao estudo e conservação
das aves. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos
e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão
de sementes, polinização de flores são publicadas
na Darwin Society Magazine, além da realização
de atividades socioambientais com crianças, jovens e adultos,
sobre a importância da conservação da biodiversidade.
O Projeto Aves é patrocinado
pela @Petrobras, por meio do Programa
Petrobras Socioambiental, desde 2015.
Da Redação
Fotos: Reprodução/Pick-upau/Petrobras
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