Talha-mar (Rynchops niger)
 
 
Notícia
Como as aves sobrevivem aos furacões
Cientistas vasculham pântanos para entender a resiliência das aves no Golfo do México
 

25/11/2020 – Quando um furacão é anunciado a população da Costa do Golfo fecha portas e janelas com proteções de madeira, limpam bueiros, estocam comida e água, abastecem os carros. Mas como a vida selvagem enfrenta uma catástrofe ambiental como um furacão?

Para os pesquisadores, os animais que vivem nessa costa evoluíram para resistir a essas condições climáticas temporárias, mas extremas. Contudo, nesse ano a região sofreu o impacto equivalente a dez tempestades nomeadas, algumas delas com apenas semanas de intervalo.

Reprodução/Wikipedia

 



Agora os cientistas querem saber como as espécies respondem a esse estresse climático, estudando as aves que vivem nos pântanos, como o “Clapper rail” (Rallus crepitans) que se adaptou a vida de tempestades tropicais que afetam a costa do Golfo do Alabama e Mississipi.

As chamadas zonas úmidas costeiras são ecossistemas de grande importância e igualmente sensíveis. Esses locais são habitados por peixes, crustáceos e muitas aves e têm um importante papel na filtragem da água e na proteção da costa contra inundações.

O local costuma ser agressivo. Um pântano é caracterizado por água salgada, plantas pontiagudas e lama sugadora. Durante o verão essas regiões são extremamente úmidas e quentes. O forte odor de enxofre causado pela decomposição de matéria orgânica e potencializado por bactérias e fungos deixa o local ainda mais hostil à vida selvagem.

Reprodução/Mark Woodrey

 



As aves do pântano costumam viver em meio às gramíneas densas, por isso na maioria das vezes é mais fácil ouvi-las do que avistá-las, por isso os ecologistas utilizam o método de retorno de chamada, uma gravação com um conjunto de chamados, para monitora-las. Quando há uma localização aproximada começam a utilizar ferramentas para um registro visual. Desta forma conseguem determinar se as aves estão no pântano de maré com vegetação emergente ou na planície de lama.

Os pesquisadores conseguiram identificar a distribuição de várias espécies como o socopi-vermelho (Ixobrychus exilis) e pardais-a-beira-mar (Ammospiza maritima) e estimar como suas populações podem mudar, por conta das características do pântano. Os pesquisadores também monitoram ninhos, o forrageamento e a relação com seus predadores.

Atualmente a pesquisa foi concentrada na espécie Rallus crepitans que se assemelham a frangos esguios com penas marrom-acinzentadas e cauda curta. Como outras aves que vivem no pântano, possuem pés com dedos longos para que possam se locomover na lama. Possuem bicos longos para investigar a superfície do pântano em busca de alimentos. A espécie é encontrada durante todo o ano, ao longo da costa do Atlântico e do Golfo, e sua presença é um indicativo de saúde e qualidade desse ecossistema.

Reprodução/Mark Woodrey

 



A maré altera os níveis de água nos pântanos por isso as aves costumam construir seus ninhos em áreas com vegetação mais alta, inclusive para protegê-los de predadores. Rallus crepitans também ampliam a altura da tigela do ninho para evitar inundações, sobretudo, para períodos de tempestades. Segundo os pesquisadores, os embriões dentro dos ovos podem sobreviver ainda que os ovos fiquem submersos por várias horas.

Ainda segundo os pesquisadores, quando uma grande tempestade tropical ocorre, que inclui enchentes e ventos fortes, esses eventos afetam drasticamente as aves que vivem nos pântanos. Normalmente, as aves conseguem superar essas tempestades, movendo-se para áreas mais altas dos pântanos. Contudo, se a tempestade for muito severa essas espécies podem ser obrigadas a se deslocar para outras áreas. Isso foi registrado durante a passagem do furacão Cristobal, quando centenas de R. crepitans foram arrastadas para praias da costa do Mississipi.

Os ecologistas dizem que nas áreas costeiras imediatamente a leste do olho de ciclone tropical é possível registrar uma queda nas populações de R. crepitans na primavera e no verão seguintes. Isso é uma causa da rotação anti-horária das tempestades que resulta em ventos e ondas mais fortes. Entretanto, há um forte crescimento da reprodução e uma recuperação das populações no prazo de um ano, o que comprova que essas aves conseguem se adaptar a essas adversidades climáticas. Mas os pesquisadores afirmam que após o furacão Katrina, que devastou a costa do Golfo do Mississipi, em 2005, e atingiu os pântanos, demorou vários anos para que as populações se restabelecessem.

Reprodução/Wikipedia

 



Os pesquisadores agora estão coletando dados por rádio que permitem determinar a longevidade das aves. Essas informações ajudam na estimativa de quantos indivíduos morreram e o quanto esses eventos climáticos severos podem afetar as espécies. As tempestades tropicais sempre alteraram os ecossistemas costeiros, mas nos últimos 150 anos a ação humana tem intensificado esses eventos. O desenvolvimento costeiro está alterando os pântanos e consequentemente afetando as aves locais.

R. crepitans e outras espécies desenvolveram características que ajudam a compensar as perdas de populações por conta desses desastres naturais. Mas os ecologistas alertam que isso só poderá acontecer se esses ecossistemas forem preservados mantendo uma oferta adequada de alimentos, um habitat para reprodução e onde possam se proteger de predadores.

Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes, polinização de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção e plantio de espécies vegetais, além de atividades socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a importância em atuar na conservação das aves.

Da Redação, com informações The Conversation
Fotos: Reprodução/Wikipedia/Mark Woodrey

 
 
 
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