16/01/2021
– Um vilarejo da Nova Zelândia, na tentativa de salvar
uma espécie rara de ave, tem inovado com uma estratégia
de apagar todas as luzes da rua para evitar que filhotes se confundam
e caiam na estrada. Conhecidos como petréis-de-westland
(Procellaria westlandica), a espécie costuma se
reproduzir ao longo de trecho de 8 km de floresta costeira, próximo
de Punakaiki, uma cidade da Ilha do Sul, com menos de 100 habitantes,
mas muito procurada por turistas pelas formações
rochosas únicas.
Todos os anos, em março,
cerca de 6.000 casais de petréis reprodutores chegam a
região vindos da América do Sul. A migração
é um evento para moradores que celebram com um festival.
Os filhotes nascem em tocas nas encostas e saem para se alimentar
em preparação para a longa viagem de volta para
a América do Sul. Mas segundo as autoridades locais, muitos
indivíduos desorientados acabam caindo na estada, onde
muitas vezes são atropelados ou se tornam presas fáceis
para predadores.
Observadores de aves
da região acreditam que o problema pode ter sido agravado
pela troca de luzes LED azul-brancas na cidade no ano passado.
Nesse sentido, as autoridades de transporte local concordaram
com o desligamento localizado, ao longo de um trecho de 3,4 km
da rodovia.
Bruce Stuart-Menteath, da organização
Westland Petrel Conservation Trust, diz estar entusiasmado com
a iniciativa. “Tem sido ótimo”. Ele que ajudou
a recolher muitas aves nos últimos anos, agora recolheu
apenas uma, com o apagão das luzes. . “Eu peguei
apenas uma este ano. Normalmente, uma dúzia seria a norma.”
Segundo o Departamento de Conservação
(DoC), agência responsável pela vida selvagem local,
apenas 10 petréis pousaram na cidade este ano, em comparação
com os 15 a 25 que chegam normalmente. Já em Greymouth,
maior cidade da costa oeste, cerca de 44 km ao sul, o registro
de aves que pousaram nas estradas é bem maior.
“Este ano havia
22, em comparação com 10 sendo o número mais
alto anteriormente - e pela primeira vez os estamos recebendo
no CBD”, disse Darrell Haworth, guarda-florestal sênior
da biodiversidade do DoC, em Greymouth.
Segundo Haworth, a iluminação
é uma causa documentada de interferência na vida
das aves. “Este é um problema particular em Punakaiki,
porque fica perto da colônia de reprodução
e é por isso que as luzes da rua foram desligadas este
ano”.
Por outro lado “Não
está claro se a iluminação pública
é a causa direta de todas as aterrissagens forçadas
das aves de Greymouth, no entanto, a maioria dos casos pode estar
ligada à iluminação na área, incluindo
luzes em empresas e outras propriedades privadas.”
“Onde os petréis
desceram em Greymouth, conversamos com proprietários e
outras pessoas com luzes na área para perguntar sobre o
desligamento delas, sempre que possível.”
O porta-voz do conselho
distrital afirma que as luzes LED em tom azul podem estar interferindo
nas aves e estão avaliando trocar as lâmpadas para
um tom laranja. “Elas voam sobre o mar e, quando veem uma
luz azul, mergulham”, diz Stuart-Menteath.
Segundo o DoC, os pétreis-de-westland
mantém apenas uma colônia no mundo, por isso cada
filhote é importante e necessário para a sobrevivência
da espécie. Os moradores de Punakaiki estavam preocupados
com os riscos de caminhar em trilhas sem iluminação,
com isso as autoridades de transporte recomendam que as pessoas
usem lanternas fracas, a maioria apoiou a mudança, afirma
Stuart-Menteath.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação com informações
The Guardian
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