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Mudança no uso da terra é um perigo para avifauna
Estudo realizado no Himalaia registra perda drástica de avifauna pela mudança no uso de territórios
 

18/03/2021 – Florestas ocidentais do Himalaia, consideradas um hotspot de biodiversidade global, com grande variedade de espécies endêmicas, aquelas que só existem na região, estão sofrendo mudanças do uso do solo e causando um declínio em massa na quantidade de aves, mostra uma nova pesquisa.

O novo estudo, realizado por cientistas do Centro de Ecologia, Desenvolvimento e Pesquisa (CEDAR), Dehra Dun e do Centro de Biologia Celular e Molecular (CCMB), Hyderabad, revela os efeitos drásticos que a mudança de uso do solo tem causado em diversas espécies de aves florestais ou aqueles que utilizam os recursos naturais relacionados em regiões do Himalaia ocidental.

Os pesquisadores analisaram, por dois anos, as espécies de forma sistemática durante a época de reprodução, em seis tipos diferentes do uso do solo, incluindo florestas naturais de carvalho protegidas; florestas de carvalho degradadas e pouco utilizadas; florestas de carvalho desmatadas e super utilizadas; florestas de pinheiro que estão invadindo as áreas de carvalho; terras com cultivo; e áreas com edificações. E o estudo mostra “perda moderada a drástica de espécies em todos os tipos de uso da terra modificados em comparação com a floresta natural de carvalho”.


Reprodução/Pixabay

 



Segundo os pesquisadores, foram registradas mudanças nas espécies de aves em todas as áreas, com destaque para uma perda de 50% ou mais de espécies florestais e insetívoras, que se alimentam de insetos, polinizadores nas florestas degradadas, regiões urbanizadas e áreas com plantações de monoculturas.

Nos locais mais impactados as espécies originais foram substituídas por generalistas e espécies de campo aberto. Em regiões mais antropizadas e com grande concentração de pinheiros, a biodiversidade das aves foi bem mais baixa, em relação às florestas naturais de carvalho. O estudo registrou ainda, uma perda entre 60 e 80% de espécies insetívoras em florestas alteradas.

No caso de regiões com cultivos ou urbanizadas, os resultados foram semelhantes aos habitats de reprodução para espécies em campos abertos, como tordo-da-risada (Trochalopteron lineatus), bulbul-do-Himalaia (Pycnonotus leucogenis), pardal, entre outros que não são avistados em áreas florestais.


Reprodução/Pixabay

 



As áreas de cultivo também são habitat para as espécies generalistas como o tordo-azul e o pega-azul-de-bico-vermelho. Deste modo, a pesquisa sugere que espécies florestais não são capazes de sobreviver em áreas de cultivo ou antropizadas.

Por outro lado, as áreas de cultivo se mostraram com uma maior diversidade de espécies, com uma abundância de polinizadores e insetívoros, em comparação com as florestas de carvalho e de pinheiros modificados. Já os locais urbanizados apresentaram uma quantidade menor de aves nas três categorias e as espécies registradas foram as de campo aberto e generalistas, com raras espécies florestais.

“Nossos resultados têm implicações importantes para a conservação em paisagens montanhosas biodiversas com marcas humanas significativas”, afirma o relatório. As descobertas “podem ser aplicadas globalmente ao uso da terra e ao planejamento de conservação em paisagens dominadas pelo homem”.


Reprodução/Pixabay

 



Os danos da conversão de florestas em outros usos da terra já são conhecidos, mas “o que é de interesse neste estudo é o grau de 'defaunação' ou empobrecimento da fauna, que é da ordem de 25-75 por cento na riqueza de ambas as espécies e abundância”, disse Ghazala Shahabuddin, membro sênior do CEDAR e um dos autores do estudo, ao Mongabay Índia. “Isso não era conhecido antes.”

A perda de 50 a 60% de espécies insetívoras e polinizadaras é um impacto muito grande “implica que esses serviços ecossistêmicos cruciais serão afetados mais cedo ou mais tarde, na paisagem mais ampla, incluindo a polinização de safras agrícolas e controle de pragas nos campos”, acrescenta.

A pesquisa revela uma perda drástica de espécies florestais de carvalho, com uma variação de 63% a 93%, em termos de perda de abundância nas florestas modificadas, visto que essas aves precisam de florestas densas para sua sobrevivência. “Isso significa que as aves adaptadas para viver, se alimentar e se reproduzir na floresta natural de carvalhos podem desaparecer desta paisagem se o processo de mudança do uso da terra continuar no futuro”, alerta Shahabuddin.


Reprodução/Pixabay

 



O avanço de áreas de pinheiros é preocupante. Essas áreas apresentam baixa diversidade de espécies, em relação às florestas de carvalho, quase metade. A região do meio do Himalaia é o local com previsão de maior mudança do uso do solo nas próximas décadas, devido a projetos hidrelétricos, expansão urbana e atividades de turismo.

Segundo Umesh Srinivasan, professor assistente do Centro de Ciências Ecológicas do Instituto Indiano de Ciências, Bangalore, a pesquisa é bastante abrangente e analisa uma grande gama de distúrbios na paisagem, em comparação com estudos anteriores. “O declínio em algumas guildas, como polinizadores e insetívoros (comedores de insetos), que fornecem serviços ambientais essenciais, é enorme e preocupante. Os insetívoros em todo o mundo são especialmente vulneráveis a qualquer tipo de perda florestal nos trópicos”, diz.

“No oeste do Himalaia, o bioma do carvalho é fundamental no apoio às espécies. Potencialmente, as substituições de carvalho relacionadas ao clima por, por exemplo, pinheiro serão prejudiciais para uma das áreas mais ricas de biodiversidade do Himalaia e do mundo”, diz Srinivasan.

Há muitas implicações políticas nas descobertas dos estudos no Himalaia ocidental. “O governo deve tomar medidas para conter a perda de florestas de madeira de lei no meio do Himalaia”, disse Ghazala Shahabuddin, membro sênior do CEDAR e um dos autores do estudo, ao Mongabay Índia.


Reprodução/Pixabay

 



Isso deve incluir a criação de santuários da vida selvagem e áreas protegidas no Himalaia, hoje poucas, em relação com as zonas alpinas e subaplinas. Também será necessário criar reservas particulares e sítios de patrimônio da biodiversidade, que possam ter a participação das comunidades locais que dependem das florestas.

“Somente por meio do envolvimento da comunidade o governo pode esperar conter os incêndios florestais, que são uma das principais causas da transição do carvalho para o pinheiro; e para reduzir a poda e a remoção de madeira das florestas de carvalho para níveis sustentáveis”, diz Aparajita Datta, cientista do NCF e um dos autores do estudo.


Segundo os pesquisadores, proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e cuidados com os serviços hídricos estão relacionados. “Portanto, o governo precisa enfatizar as soluções baseadas na natureza para a mitigação das mudanças climáticas, que consistiriam principalmente na restauração florestal e na agricultura orgânica”, afirma Shahabuddin.

A perda das comunidades de avifauna é parte de um estrago ainda maior de biodiversidade nas montanhas tropicais, por conta das mudanças no uso do solo e também pelas mudanças climáticas. Cientistas já alertam sobre a perda maciça de florestas no Himalaia há pelo menos 15 anos.

“Com o nível atual de desmatamento, em 2100 apenas cerca de 10% da área de terra do Himalaia Indiano será coberta por floresta densa (> 40% da cobertura do dossel) - um cenário em que quase um quarto das espécies endêmicas poderia ser eliminada, incluindo 366 táxons de plantas vasculares endêmicas e 35 táxons de vertebrados endêmicos”, advertiu um relatório na Biodiversity and Conservation.

Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes, polinização de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção e plantio de espécies vegetais, além de atividades socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a importância em atuar na conservação das aves.

Da Redação, com informações do Indian Blooms e agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay

 
 
 
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