Ondas oceânicas podem superar limites conhecidos e tornar-se ainda mais extremas
Pesquisa revela que as ondas tridimensionais podem crescer muito além das expectativas, com implicações para a segurança e o entendimento dos processos oceânicos

11/12/2024 – Um estudo recentemente publicado na Nature trouxe à tona novas descobertas sobre o comportamento das ondas oceânicas, revelando que elas podem atingir alturas muito maiores do que se imaginava anteriormente. A pesquisa, conduzida por uma equipe de cientistas das universidades de Manchester, Oxford e Dublin, indicou que, sob condições específicas, como o cruzamento de sistemas de ondas em diferentes direções, as ondas podem ser até quatro vezes mais íngremes do que se pensava ser possível.

Enquanto a teoria predominante até hoje assumia que as ondas se propagavam de forma bidimensional, com a quebra acontecendo quando atingiam um certo limite de altura, a nova pesquisa revela que as ondas no oceano frequentemente se propagam em múltiplas direções, criando formas mais complexas e tridimensionais. Esses movimentos multidimensionais podem resultar em ondas com alturas muito maiores antes de quebrarem, e, o mais surpreendente, as ondas continuam a crescer após a quebra, ao contrário das ondas convencionais que perdem altura rapidamente quando quebram.

O estudo indica que, quando as ondas se encontram ou os ventos mudam de direção abruptamente, como em um furacão, a combinação de direções das ondas pode criar fenômenos de maior intensidade. Para o Dr. Samuel Draycott, da Universidade de Manchester, essa descoberta sugere que as ondas em condições direcionais podem ser duas vezes mais altas do que as ondas unidimensionais antes de quebrar. Ele afirmou que a tridimensionalidade das ondas tem um papel crucial nos processos oceânicos e deve ser considerada nos modelos atuais.

O professor Frederic Dias, da University College Dublin, ressaltou que, no mundo real, as ondas são mais frequentemente tridimensionais do que bidimensionais, e, por isso, tendem a se comportar de maneira mais imprevisível. Ele também destacou que esse comportamento pode impactar a forma como entendemos e modelamos os processos oceânicos, como a troca de gases, o transporte de material particulado e até o impacto das ondas sobre o clima.

Reprodução/Pixabay

 



Essa nova perspectiva pode afetar o design e a segurança de estruturas marítimas, como turbinas eólicas offshore, que geralmente são projetadas com base no modelo simplificado de ondas bidimensionais. De acordo com o Dr. Mark McAllister, da Universidade de Oxford, essa suposição pode subestimar a altura extrema das ondas, resultando em projetos menos confiáveis e mais suscetíveis aos efeitos de ondas complexas.

Além das implicações para a engenharia, as descobertas também oferecem informações valiosas sobre os fenômenos oceânicos fundamentais, como a troca de CO2 e a dinâmica do transporte de fitoplâncton e microplásticos. O Dr. Draycott explicou que a rebentação das ondas tem um papel essencial nesses processos, afetando diretamente os ecossistemas marinhos e a saúde dos oceanos.

O estudo dá continuidade a uma pesquisa realizada em 2018, que recriou a famosa onda anômala de Draupner no FloWave Ocean Energy Research Facility, na Universidade de Edimburgo. A equipe agora desenvolveu uma nova técnica para medir ondas tridimensionais, permitindo um estudo mais aprofundado das ondas de quebra.

O Dr. Thomas Davey, diretor experimental do FloWave, comentou que a criação de ambientes laboratoriais que replicam as complexidades do oceano real é essencial para a compreensão dos comportamentos das ondas. Essa pesquisa representa um avanço significativo na capacidade de estudar e entender as ondas em sua totalidade.

Essas novas descobertas têm o potencial de revolucionar tanto a engenharia marítima quanto nossa compreensão sobre os processos naturais do oceano. O estudo sugere a necessidade de revisar as abordagens tradicionais sobre ondas e estruturas marítimas, levando em conta as dinâmicas tridimensionais que, até então, eram amplamente negligenciadas.

Da Redação, com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay

 
 
 
 

 

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