Mata Atlântica

Beleza sem Fim

 

O que significa Petar?
Sigla para Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira? Correto!
Mas para quem conhece o Petar sabe que essas cinco letras significam bem mais que isso, o parque é garantia de muita aventura e grandes emoções.

Existem infinitas maneiras de descrever o parque mais conhecido do Vale do Ribeira. Por um fanático em estatísticas e constatações, o Petar é considerado Sítio do Patrimônio Mundial Natural, pela Unesco, e possui cerca de 300 cavernas cadastradas, a maior concentração do Brasil. É um dos parque mais antigos do Estado de São Paulo, abriga um dos maiores pórticos de caverna do mundo, ostenta um dos abismos mais profundos já explorados no País e é composto por Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade do planeta.

Para um simples amante da natureza, o Petar é um daqueles lugares que consegue impressionar os mais indiferentes, seja através do imenso pórtico, por meio da fantástica e inenarrável cachoeira ou de uma exuberante e solitária flor perdida na imensidão verde da floresta. Todos esses detalhes fazem do parque um dos mais belos e cultuados do Estado. E quem fica atento a eles descobre um novo mundo a cada passo.

Microorganismos encontrados sob troncos caídos ou à margem das trilhas são verdadeiros milagres da vida. Cenas consideradas inconversíveis perto de outras grandiosas obras da natureza podem revelar muitos segredos e belezas da mata nativa. “Insetos dos mais variados tipos e cores se aglomeram sobre cogumelos e flores, quebrando a rotina verde das trilhas de mata fechada, e trazem ao observador um mundo totalmente novo”, descreve em tom apaixonado pela mata a monitora ambiental, Jeany Oliveira Monteiro. Seja a paisagem modesta ou grandiosa, esteja ela abaixo de um tronco ou ‘pendurada’ num penhasco, o Petar proporciona a todos um verdadeiro espetáculo.

Cachoeira das Andorinhas


Quedas como a do Beija-flor e das Andorinhas são exemplos perfeitos da sustentável beleza de ser do parque. Ambas localizadas no núcleo Santana, são típicas à contemplação. Já quedas como a do Morro Preto (Santana) e as três quedas da cachoeira do Sem Fim (estrada para Iporanga) são ótimas não só para serem apreciadas, mas também para fontes da renovação de energias, algo que se gasta facilmente pelas inúmeras trilhas.

Viagem ao centro da Terra

A singularidade do parque é composta por um conjunto de cavernas, a principal atração turística do local. Considerado um paraíso para os espeleólogos (especialistas em exploração de cavernas e grutas), o parque possui hoje cerca de 300 cavernas cadastradas, com aproximadamente 20 abertas à visitação, entre as quais se destacam a Casa de Pedra, com seu pórtico de 215 metros de altura (quase a altura de um prédio de 90 andares), uma das maiores entradas de caverna do mundo.

Ao se avistar a caverna, a sensação de bem estar com a natureza se confunde com o poder assustador que ela submete ao homem. Só estando à sua frente para entender tal sentimento ambíguo. Próximo dali está um dos maiores precipícios já explorados no Brasil: O Abismo do Juvenal, com aproximadamente 250 metros de profundidade.
Nem tão grande, mas não menos bela, a caverna de Santana é uma espécie de anfitriã do parque. Possui cerca de oito quilômetros de extensão, mas apenas 800 metros são abertos ao público, o suficiente para encantar qualquer um com seus inúmeros espeleotemas.


Caverna Alambari


O parque ainda esbanja diversidade de fauna cavernícola. São cerca de 20 espécies de morcegos, facilmente vistos em quase todas as cavernas. No caso da Santana, por vários trechos se caminha sobre pontes improvisadas, de onde podem ser vistas espécies como o bagre-cego, cágados, falsos escorpiões e, com um pouco de sorte, até lontras.

E a lista de cavernas não pára por aí, como descreve o responsável pela visitação do núcleo Santana, Waldemar Antônio Costa, o “Dema”. “Em relação a cavernas, estamos muito bem servidos. São tantas as opções, que fica difícil citar uma em especial”.

Ele conta que, além das belezas que chamam a atenção de todos, algumas cavernas também guardam peculiaridades, no mínimo curiosas: “Anos atrás, alguns espeleólogos encontraram um novo salão em uma de nossas cavernas. Quando um deles se deparou com a imensidão do ambiente, não hesitou, mandou ‘um p... que pariu’; seu companheiro fez suas as palavras do amigo. Acharam que não pegaria muito bem um nome destes, resolveram então, batizar o salão de ‘Taqueupa’”, conta Dema descontraído com o bate-papo. “Num outro caso, o espeleológo batizou outro ambiente como salão do ‘Duca', e nem precisa dizer por que”, brincou.

Adrenalina subterrânea

Para quem procura aliar belas paisagens e muita adrenalina, o Petar é o lugar certo. Cavernas como a Água Suja e Ouro Grosso levam o visitante a um incrível cenário de aventura.
A partir do núcleo Ouro Grosso, percorrendo uma trilha de 20 minutos e passando por uma imensa figueira, chega-se a uma pequena entrada com menos de um metro quadrado. O pequeno gargalo é de deixar qualquer claustrófobo de pernas moles, mas quem encara a aventura tem muita emoção como recompensa.

A caverna possui cinco cachoeiras e muitos garrafões, como são conhecidas as pequenas aberturas. Em alguns lugares, o uso de técnicas como o rapel são imprescindíveis para se avançar no trajeto, que em média, dura cinco horas entre ida e volta.

Já a caverna da Água Suja, que não faz juz ao nome, corresponde muito bem ao quesito aventura. Possui 400 metros abertos a visitação, onde grandes escadarias feitas de travertinos podem ser apreciadas. No fim do percurso, o visitante chega a uma cachoeira e um abismo, onde é possível praticar o rapel.

Bóia-cross: Made in Petar

Para quem curte diversão a céu aberto, a sugestão é o bóia-cross, ou acqua ride. A “técnica” apareceu no Brasil na década de 70, no Petar, quando espeleólogos paulistas usavam bóias de caminhão para transportar equipamentos mais pesados pelo rio.



Ao fim do trabalho, eles se reuniam no rio Betari para ficar “boiando”, e como a tendência das águas é percorrer rio abaixo, estava criada a nova atração da região, que se popularizou através dos anos e hoje é um dos principais atrativos da região.

Existem vários trechos para a prática do Bóiacross, mas o mais usado entre os visitantes fica no bairro da Serra (núcleo Ouro Grosso), onde as bóias e outros equipamentos podem ser alugados.

Quem experimentar a brincadeira, permanece quase uma hora e meia sobre a bóia, ou pelo menos tenta ficar sobre ela, pois por muitas vezes a posição se inverte e as risadas se unem ao som das águas.
Os escorregões são comuns e tornam a descida ainda mais divertida, principalmente para quem vê.

Se, depois disso, ainda sobrar fôlego, visite a caverna do Morro Preto, do Couto, do Alambari de Baixo, Gruta do Cafezal, do Chapéu, do Chapéu Mirim I e II, das Aranhas, da Água Sumida, Aracata, Teminina I, II e III, Desmoronada, da Pescaria; Cachoeira do Couto, dos Sete Reis, Maximiniano; Mirante do Santana e Boa Vista.

Nunca é demais lembrar que todas essas opções devem ser devidamente autorizadas e acompanhadas por guias credenciados pelo Parque.

A preservação é responsabilidade de todos

Quando se ouve um número como 300 cavernas, com 20 abertas a visitação, pode parecer pouco. Mas, na verdade, dificilmente alguém sai do Petar frustrado. Os lugares que são abertos ao público não são escolhidos aleatoriamente. Existe um profundo estudo de impacto ambiental e segurança para aqueles que irão visitá-lo.

Caverna do Morro Preto


O coordenador de visitação conta que o impacto do homem aos ambientes é extremamente prejudicial ao ecossistema e pode causar danos irreversíveis ao “monumento natural”. “Existem cavernas que são visitadas há mais de 40 anos, e nossa preocupação nesse caso é ainda maior. Programando um roteiro, podemos diminuir bastante o impacto ambiental”, explica Dema. “A maioria das cavernas é aberta apenas para pesquisa, pois o impacto num ecossistema tão sensível como este, muitas vezes é violento e irreversível”, completou.

O coordenador conta ainda que os visitantes são, na maioria, ecoturistas – aquele visitante que explora a região, mas tem consciência da importância da preservação do meio ambiente e exerce a cidadania e a educação ambiental.

O Petar é sem dúvida um mosaico de segredos e mistérios. Por mais que se tente descrever suas belezas naturais, as tentativas serão em vão. Por essas e outras, valho-me do popular ditado: “o que os olhos não vêem o coração não sente”, e neste caso a aplicação é quase inquestionável e a tentativa mais reveladora seria: Boa Viagem.

Caverna da Água Suja
 
Série Mata Atlântica: “Beleza sem Fim”
Iporanga - SP

Apoio
Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo
Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira

Nota
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