Água
pode transformar tensões regionais em parcerias para
o desenvolvimento
No mundo, 90% da população
depende de recursos hídricos transfronteiriços,
mas ainda há muitas controvérsias sobre as
políticas ideais para equilibrar o compartilhamento
da água. O assunto foi discutido no painel “Água
transfronteiriça: transformando tensões potenciais
em parcerias para o desenvolvimento regional”, nesta
ter-feira (20), no 8º Fórum Mundial da Água,
realizado em Brasília (DF).
Khaled Abuzeid, do Conselho
Árabe da Água do Egito, defendeu a questão
do compartilhamento equilibrado da água. “Nós
não podemos nos livrar do compartilhamento de água,
pois é o sustento de tudo. O próprio Fórum
trata sobre isso. Mas nós temos que compartilhar
os benefícios, temos que ter um equilíbrio
desse compartilhamento. Nós não podemos olhar
apenas para a alocação da água”,
ressaltou.
Durante a sessão,
as autoridades que compuseram a mesa buscaram analisar o
papel do direito internacional e de custódia na prevenção
de conflitos sobre os recursos hídricos transfronteiriços.
Também trataram de como a convenção
da água e seu programa de trabalho estão apoiando
os países para alcançar o indicador SDG 6
6.5.2. O principal objetivo seria transformar as tensões
em significantes, parcerias de desenvolvimento justas e
equitativas, conforme estipulado no SDG 17.
O professor Seifeldin Abda,
do Ministério dos Recursos Hídricos no Sudão,
apontou que há diferentes percepções
em relação aos recursos hídricos transfronteiriços.
Para ele, o processo não pode simplesmente ser tirado
de uma estante e utilizá-lo. “É um processo
muito logo e dividir os benefícios não é
algo fácil para se fazer. Precisa identificá-los,
quantificá-los e saber lidar com eles”, pontuou
Abda.
Diante das discussões,
foi abordado que a quantidade da água está
diminuindo e a crise que causa até conflitos entre
nações pode ser solucionada por meio da definição
de benefícios para serem compartilhados. O painel
apontou que a previsão para os próximos anos
é que o mundo possa chegar a perder entre 25% a 30%
de água própria para consumo. “A água
deveria ser uma questão de união para resolvermos
os conflitos. Se tivéssemos que escolher, com certeza
não escolheríamos a opção de
dividir, mas é preciso”, disse Hassan Janabi,
Ministério dos Recursos Hídricos no Iraque.
O painel “Água
transfronteiriça: transformando tensões potenciais
em parcerias para o desenvolvimento regional” contou
também com a participação de Kherraz
Khatim, do Observatório do Sahara e Sahel, e foi
moderado por Hammou Laamrani, do Ministério dos Recursos
Hídricos e Irrigação do Egito.
Posted on terça-feira,
Março 20, 2018