"Temos
obrigação moral de preservar os oceanos",
diz enviado especial da ONU
"Temos obrigação
moral de fazer com que o Objetivo 14 das Nacões Unidas
seja fielmente cumprido porque essa é a única
maneira de preservar os oceanos". A frase é
do enviado especial da Secretaria-Geral da Organização
das Nações Unidas para os Oceanos, Peter Thomson,
e foi repetida por ele em várias oportunidades ao
longo do 8º Fórum Mundial da Água.
O chamado ODS14 é
um dos 17 objetivos para o Desenvolvimento Sustentável
da Agenda 2030 da ONU, ratificada por 150 países
em 2017, durante a Conferência sobre os Oceanos, quando
o próprio Thomson presidia a 71ª Assembleia
Geral das Nações Unidas. E o ODS 14 é
exatamente a meta dedicada à preservação
dos mares.
Em entrevista à Agência
Brasil, Thomson lembrou que entre as medidas propostas pelo
ODS 14 estão a redução significativa
da poluição marinha de todos os tipos, especialmente
a derivada de atividades terrestres, incluindo detritos
marinhos e a poluição por nutrientes, a proteção
dos ecossistemas marinhos e costeiros e diminuição
do impacto da acidificação dos oceanos que
está entre as grandes ameaças à vida
marinha.
"Todos precisam reconhecer
que os oceanos têm sido danificados pela atividade
humana e nós devemos fazer alguma coisa para reverter
essa destruição."
Ele destaca a necessidade
de ações concretas para o cumprimento do Objetivo
e lembra que depois da conferência em junho do ano
passado, das qual participaram 193 países, foram
propostos 1.400 compromissos voluntários, oferecidos
por governos, sociedade civil, instituições
acadêmicas e de pesquisa, comunidade científica
e o setor privado.
"Esses compromissos
propõem saídas para problemas como a acidificação
dos mares, a proibição da pesca predatória
e dos subsídios para essa atividade, ampliação
da ciência marinha, proteção dos ecossistemas.
Então, países pequenos como os das ilhas do
Pacífico e outros países em desenvolvimento
aliados a países desenvolvidos podem implementar
juntos ações para o consumo e uso sustentável
dos recursos do oceano", disse.
Thomson conta que já
existem nove comunidades com ações para preservação
dos oceanos, que estão descritas no site da conferência
e onde podem ser encontrados esses compromissos voluntários
que já estão sendo implementados. "Junte-se
a essas comunidades de ações para os oceanos
e você vai ter a oportunidade de fazer algo para mudar
a situação dos mares", pede.
Mas o enviado especial admite
que o maior obstáculo para a mudança de atitude
em relação aos oceanos é a falta de
vontade da sociedade. "Porque se tivermos o poder da
vontade nós podemos unir a ciência, governos,
o mundo dos negócios, das finanças e resolver
todos os problemas que temos em relação aos
oceanos. E nós podemos fazer isso".
Mudanças climáticas
Nascido num arquipélago,
as Ilhas Fiji, Peter Thomson reconhece que o maior dano
aos oceanos têm sido causado pelas mudanças
climáticas que, entre outras consequências,
está aumentando o nível dos mares principalmente
por causa do efeito estufa.
"Os gases do efeito
estufa aquecem os mares provocando a redução
da vida marinha, a acidificação das águas.
Os gases do efeito estufa reduzem o nível de oxigênio
dos oceanos, o que vai tornando impossível a sobrevivência
da vida marinha. Então, as mudanças climáticas
são o pior problema que temos com relação
aos oceanos".
Para evitar uma catástrofe,
o plano é simples: cumprir o ODS 14 que tem metas
claras: "Por exemplo, remover essa horrível
pesca predatória e isso é algo factível,
basta que os governos tenham a vontade política de
fazer isso", disse, lembrando que muitos países
ainda subsidiam frotas de navios para a pesca ilegal: "Dá
para acreditar nisso?"
Ele elogiou a decisão
do Brasil de proteger o litoral. O país ampliou a
proteção de áreas marinhas com a criação
de duas unidades de conservação federais nos
estados de Pernambuco e Espírito Santo. Atualmente,
1,5% das áreas marinhas é protegida. Com a
novas unidades, o percentual será ampliado para 25%.
Otimista, Peter Thomson
diz que o homem precisa pensar no legado para as gerações
futuras e acredita na recuperação dos oceanos
se soubermos cuidar deles: "Uma das coisas que me fazem
crer nisso é a de que os oceanos são generosos
e perdoam".
*Fonte: Agência Brasil
Posted on quinta-feira, Março 22, 2018