Fórum
Mundial da Água: veja principais decisões
que saíram do evento
Durante a semana, líderes
de 172 países firmaram acordos. Quinta foi marcada
pela celebração do Dia Mundial da Água.
Por Marília Marques,
G1 DF - 22/03/2018 20h02 Atualizado há 8 horas -
O quarto dia do Fórum Mundial da Água, nesta
quinta-feira (22), foi marcado por decisões e acordos
envolvendo as principais lideranças de 172 países.
Ao todo, quatro declarações foram assinadas
durante o evento. A previsão é de que mais
dois documentos– sobre sustentabilidade e compromissos
parlamentares – sejam assinados nesta sexta (23),
último dia de fórum.
O Fórum Mundial da
Água, maior do mundo sobre o tema, organizou mais
de 300 mesas de debate, em Brasília, ao longo de
cinco dias. Até o último balanço, divulgada
no fim da tarde desta quinta (22), 85 mil pessoas já
tinham passado pelo evento.
Entre os acordos assinados,
há um compromisso trinacional entre os governos da
Bolívia, Brasil e Paraguai. Juntos, os três
países assinaram uma Declaração de
Interesse para o Pantanal. O objetivo do documento é
favorecer um processo de cooperação para a
conservação desse ecossistema.
Apesar de ser o bioma de
menor área no Brasil e ocupar 1,76% do território
nacional, a região é considerada uma das maiores
extensões úmidas contínuas do planeta.
Outra decisão que
saiu das mesas de debates foi o acordo entre o governo federal
e as comunidades extrativistas tradicionais da região
litorânea do Maranhão. A partir desta quinta
(22) – Dia Mundial da Água –, o país
passa a ter a possibilidade de registrar mais três
unidades de conservação.
Quando publicado no Diário
Oficial da União, o acordo poderá conceder
às comunidades de pescadores e extrativistas da região,
o direito a permanecer na área ocupada – mais
de 500 mil hectares de manguezal – e a utilizarem
de forma sustentável. Para o diretor do Instituto
Chico Mendes (ICMBio) Cláudio Maretti, a medida é
um “reconhecimento de que a comunidade tem direito
ao uso de forma sustentável”.
Oceanos
Na segunda (19), o governo brasileiro também criou
dois mosaicos de unidades de conservação (UCs)
marinhas. As áreas de proteção ambiental
(APA) e monumentos naturais (Mona) dos arquipélagos
de São Pedro e São Paulo (PE) e de Trindade
de Martim Vaz (ES) somam mais de 92 milhões de hectares
no mar.
O decreto de criação
das unidades foi assinado pelo presidente da República,
Michel Temer, e publicado na terça (20) no Diário
Oficial da União.
Com a criação
das unidades de conservação marinhas, o Brasil
amplia de 1,5% para 25% a sua área protegida na zona
costeira-marinha, ultrapassando os 17% recomendados pelas
Metas de Aichi. As medidas são um conjunto de ações
que devem ser assumidas pelos países para deter a
perda de biodiversidade planetária.
“É um salto
fundamental para protegermos os nossos oceanos dos riscos
da degradação”, afirmou o ministro do
Meio Ambiente, Sarney Filho, na época da assinatura.
Declaração
ministerial
Ministros e chefes de delegações de mais de
100 países assinaram, na última terça
(20), a Declaração Ministerial do 8º
Fórum Mundial da Água. Intitulado “Chamamento
urgente para uma ação decisiva sobre a água”,
o documento reconhece que as nações precisam
tomar medidas para enfrentar os desafios relacionados à
água e ao saneamento.
No texto, os ministros fazem
um apelo para que haja mais empenho político para
superar os desafios que envolvem a escassez de água
e a alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
O documento atenta também
para a necessidade de os governos elaborarem estratégias
de adaptação à mudança do clima,
para assim “alcançar um acesso universal e
equitativo à água potável segura e
acessível”.
O desenvolvimento de estratégias
potenciais para aprimorar os meios de implementação,
como finanças, capacitação, educação
e transferência voluntária de tecnologia em
termos mutuamente acordados, para apoiar o desenvolvimento
de usos sustentáveis da água, incluindo recursos
hídricos não convencionais;
O envolvimento do setor privado
e das empresas de propriedade pública para continuar
ou melhorar a adoção de medidas de sustentabilidade
relacionadas à água e saneamento eficientes,
inclusive por meio de compromissos concretos e de acordo
com as leis nacionais de água;
A participação
formal de juízes e promotores pela primeira vez no
Fórum Mundial da Água, enriquecendo as discussões
que se beneficiaram da participação dos governos
nacionais; autoridades locais e regionais, conforme aplicável;
e parlamentares;
Incentivar os governos a
estabelecer ou fortalecer políticas e planos nacionais
de gestão integrada de recursos hídricos,
incluindo estratégias de adaptação
à mudança do clima, com vistas a alcançar
um acesso universal e equitativo à água potável
segura e acessível, a um saneamento adequado e equitativo
e à redução da poluição
da água, e para proteger e restaurar os ecossistemas
relacionados com a água, em linha com o ODS 6.
Carta de Brasília
Juízes que participam do 8º Fórum Mundial
da Água aprovaram na quarta-feira (21), a Carta de
Brasília. O documento apresenta dez diretrizes para
o reconhecimento do acesso à água como direito
fundamental. Esta é a primeira vez que o Poder Judiciário
participa de uma das edições do evento.
O documento elaborado servirá
para orientar magistrados de todo o mundo no julgamento
de casos relacionados ao acesso da população
à água.
Entre outros princípios,
a carta reconhece a água como bem de interesse público
e trata da função ecológica da propriedade.
Dia de cachoeira
Para além dos acordos sancionados e assinados no
evento, o Fórum Mundial da Água também
abriu espaço para arte, poesia e protesto. Em comemoração
ao Dia Nacional da Água, a cúpula do Museu
Nacional da República recebeu uma cachoeira na noite
desta quinta.
A projeção,
entitulada Santo Graal, começou por volta das 18h50,
com previsão de seguir em exibição
até as 22h. A obra é de autoria do artista
plástico Siron Franco, que coleciona trabalho sobre
o tema em eventos importantes, como a Rio+20, em 2012.
“O nome é Santo
Graal porque é a água que nos dá vida.
75% do nosso corpo é água. Espero que a obra
sirva para conscientizar as pessoas quanto à importância
de preservarmos esse bem.”
Pela manhã, cerca
de 50 ativistas de 17 estados protestaram contra a poluição
das águas da Mata Atlântica na Esplanada dos
Ministérios. Na manifestação, representantes
da ONG SOS Mata Atlântica ergueram um vaso sanitário
inflável com altura de 12 metros para pedir políticas
mais eficientes de saneamento básico no Brasil.
Um relatório da entidade divulgado durante o 8º
Fórum Mundial da Água mostrou que apenas 12
pontos em 230 rios estudados apresentaram níveis
satisfatórios.
Do G1