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Financiamento de longo prazo emperra negociação em Copenhague

10 de Dezembro de 2009 - Roberto Maltchik - Enviado Especial da EBC - Copenhague (Dinamarca) - O secretário executivo da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, admitiu hoje (10) que praticamente nada avançou na negociação do financiamento de longo prazo para as ações de combate ao aquecimento global.

Segundo de Boer, todo o esforço, neste momento, está direcionado apenas para garantir recursos entre 2010 e 2012. “O foco está amplamente concentrado no curto prazo, no dinheiro pronto para ser usado nos próximos três anos”, afirmou. A ideia dos países ricos é investir U$ 30 bilhões nos próximos três anos.

De Boer ressaltou, porém, que o financiamento de longo prazo precisa ser discutido em Copenhague, mas indicou que o assunto pode ser levado para novas rodadas de negociação em 2010.

Os países pobres e em desenvolvimento já esclareceram que sem compromissos financeiros dos países ricos, no longo prazo, não existe possibilidade de acordo. O negociador do Sudão, país que preside do G-77, grupo do qual o Brasil faz parte, Lumumba Stanislas Dia-Ping, exigiu que os países ricos definam em Copenhague, pelo menos, um aporte de U$ 200 bilhões anuais.

O sudanês ressaltou que somente os Estados Unidos poderiam entrar com metade desses recursos. “Os Estados Unidos têm uma economia muito bem sucedida. Comparando com os recursos que eles gastaram com a ajuda aos bancos durante à crise financeira, o que seriam U$ 100 bilhões?”, questionou.

O Brasil e a China, principais países em desenvolvimento que atuam nas negociações da Conferência do Clima, também não cogitam firmar qualquer acordo em Copenhague que envolva apenas o financiamento de curto prazo para mitigar a emissão de gases de efeito estufa e adaptar as economias dos países pobres às novas tecnologias, capazes de desacelerar o aquecimento global.

Mas o estrategista chefe da delegação da União Europeia, Artur Runge-Metzger, advertiu que os países ricos não têm em vista qualquer investimento nos valores anunciados pelo G-77.

“U$ 200 bilhões é mais do que o mundo investe em desenvolvimento dos países pobres. Não há neste momento projetos [de combate ao aquecimento global] capazes de dar suporte a esse tipo de investimento. Muitos países sequer têm planos ambientais”, disse.

Do Agência Brasil

 
 
 
 

 

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