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Novo documento atribuído a países ricos gera retrocesso nas negociações da COP-15

15/12/2009 - A COP 15 se tornou uma corrida por informações quentes, polêmicas ou que sejam consideradas um boom. Dessa vez, um novo documento, supostamente produzido por um grupo de países ricos, repercutiu negativamente nas negociações para garantir a assinatura de um acordo para combater o aquecimento global. É a segunda vez na COP-15 que um esboço de acordo atribuído principalmente à Dinamarca aparece em meio às negociações desde o início da conferência, em 7 de dezembro. O documento foi vazado para negociadores africanos na manhã de segunda-feira (14), e se transformou no principal motivo para os africanos abandonarem a mesa de negociações, ainda que momentaneamente.

A chefe da delegação brasileira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, em entrevista coletiva admitiu fortes rumores de que uma proposta apresentada pela Dinamarca extra-oficialmente teria dificultado ainda mais as negociações. No entanto, ela negou que a delegação brasileira tenha tido acesso ao documento. "Não acredito que haja má-fé. Espero que haja boa fé. Devemos lembrar que esta conferência necessita de consenso para ter acordo. Não pode haver imposição."

Segundo representante do G-77, grupo de países pobres e em desenvolvimento do qual o Brasil faz parte, o rascunho, que sequer chegou a entrar na negociação oficial, tinha como premissa a adoção de 'compromissos legais' de redução das emissões para os países em desenvolvimento, tais como os exigidos dos países ricos, conforme estabelece o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997. "Eles querem para nós exatamente o que a conferência e o protocolo exigem deles", afirmou um dos negociadores brasileiros, que prefere não se identificar. Oficialmente, os países ricos negam a existência de qualquer documento paralelo que seria apresentado durante as negociações envolvendo os chefes de Estado.

A preocupação com a transparência é manifestada repetidamente pela presidente da cúpula, a ministra do clima da Dinamarca, Connie Heddegard.

O clima de desconfiança é um dos principais entraves para o avanço das negociações, admitiu o embaixador Sérgio Serra, um dos negociadores brasileiros na COP-15. Ele acredita que as tratativas já deveriam estar menos nebulosas. "É normal que a negociação seja assim. O preocupante é que esteja tão nebuloso a esta altura", concluiu.

Da Redação
Com Folha/Agência Brasil

 
 
 
 

 

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