Rio+20: chefe da delegação brasileira pede que ricos cooperem com o desenvolvimento sustentável
 

15/06/2012 - 12h35 - Rio+20 - Carolina Gonçalves e Renata Giraldi - Enviadas Especiais - Rio de Janeiro – O chefe da delegação do Brasil na Rio+20, embaixador André Corrêa do Lago, apelou hoje (15) para que os países ricos cooperem com o desenvolvimento sustentável e aceitem aumentar o volume de recursos para as propostas em discussão. As negociações sobre economia verde e elevação de recursos impedem um acordo geral nos debates. Porém, Lago negou que a expressão economia verde tenha sido retirada do texto final e a proposta sobre o fundo, excluída de forma definitiva.

“Ainda há margem de negociação, sim”, disse o embaixador, de forma enfática. “Os países em desenvolvimento pedem esse apoio há 40 anos. [Mas] muito não foi feito porque não vieram recursos financeiros e tecnológicos.”

Em seguida, Lago acrescentou que: “Os países em desenvolvimento estão fazendo muito na direção do desenvolvimento sustentável, mas podiam fazer mais se tivessem cooperação. Vamos continuar fazendo, mas se tiver transferência de recursos, poderemos fazer mais”.

A iniciativa dos negociadores G77 (que é formado pelos países em desenvolvimento) de retirar-se das reuniões sobre economia verde não assusta o embaixador. Segundo ele, a expressão não será excluída do texto final ainda em fase de negociação.

“[A expressão de economia verde das negociações] Não vai ser retirada. Mas vamos definir claramente o que é [e o que significa]”, disse o embaixador. “O que ocorre é que os países em desenvolvimento acreditam que existam várias formas de economia verde. O temor é que os países com recursos financeiros [os ricos] possam criar condicionantes de atenuar o apoio, caso os outros [países em desenvolvimento] façam o que querem.”

Lago acrescentou ainda que o “Brasil está avançado nesta questão, mas ainda há o temor que se crie essas condicionantes”. Em discussão há, ainda, várias pendências sobre temas sem acordo, como transferência de tecnologias limpas, capacitação de profissionais para a execução de programas relacionados ao desenvolvimento sustentável, além da possibilidade de fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a criação de um fundo.

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Patriota visita a Cúpula dos Povos e diz que sociedade nunca participou tanto do debate ambiental

15/06/2012 - 16h15 - Rio+20 - Thais Leitão - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro – O nível de participação da sociedade civil na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) não tem precedente, disse hoje (15) o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Segundo ele, mais de 1 milhão de recomendações foram encaminhadas por meio da plataforma online criada pelo governo federal para reunir propostas populares sobre desenvolvimento sustentável.

O ministro lembrou que as sugestões que receberam maior apoio, também por meio da plataforma digital, servirão de base para os debates presenciais no Rio, durante os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, que começam amanhã (16), no Riocentro.

“Cinquenta mil pessoas participaram da plataforma online e mais de 1 milhão de recomendações foram feitas, o que dá uma média de 20 recomendações por participante. Tudo isso é sem precedente e uma maneira de dar voz aos participantes e fazer com que essa voz seja ouvida”, avaliou, hoje (15), durante visita à Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. O evento acontece paralelamente à Rio+20.

Patriota minimizou a importância de uma possível vinda do presidente norte-americano, Barack Obama, à conferência. De acordo com ele, esse não é o tema mais importante do evento. “Isto não é assunto da Rio+20 neste momento, com toda essa movimentação governamental, ambiental e social, com 193 países trabalhando. Os Estados Unidos decidirão uma questão relativa a eles, quem é que os representa. A informação que eu tenho é que a delegação americana será chefiada pela secretária de Estado, Hillary Clinton, e terei grande prazer em recebê-la”, disse, depois de as tendas que compõem a Cúpula dos Povos e que abrigarão os debates populares.

Em uma delas, ele se encontrou com lideranças e representantes de etnias indígenas e ouviu de alguns deles pedidos para a aceleração do processo de demarcação das terras desses povos. O ministro fez um breve discurso e destacou a importância do evento para ampliar os esforços em prol do desenvolvimento sustentável.

“Essa conferência tem tudo para ser um marco histórico, mas ela não se limita em si mesma. Devemos criar uma rede de contatos para levarmos adiante nosso esforço pelo desenvolvimento sustentável, conciliando crescimento com justiça social, consciência ambiental”, disse.
Fonte: Agência Brasil

 
 
 
 

 

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