Com várias lacunas, texto preliminar da Rio+20 ainda será modificado
 

17/06/2012 - 13h09 - Rio+20 - Renata Giraldi e Carolina Gonçalves - Enviadas especiais da Agência Brasil - Rio de Janeiro – Os negociadores na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), retomaram as reuniões na manhã de hoje (17) em busca de soluções para as lacunas ainda presentes nas articulações. Para os negociadores brasileiros, o texto preliminar, a que a Agência Brasil teve acesso, ainda será modificado até a elaboração do documento final. As reuniões devem se estender até as 22h e serão retomadas amanhã (18).

As principais pendências envolvem as questões relativas às definições de metas, como compromissos formais no que se refere ao desenvolvimento sustentável, às garantias de recursos para a execução das propostas e aos meios para assegurar a transferência de tecnologias limpas, assim como a discriminação de recursos para as propostas sugeridas e a inclusão da economia verde de forma detalhada.

A delegação do Brasil insiste em manter a erradicação da pobreza e da fome associada ao desenvolvimento sustentável, como está no rascunho fechado ontem (16) à noite. Porém, há uma tendência em pulverizar o item destinado à economia verde. No último texto, há um capítulo só para o assunto.

Representantes do Brasil coordenam os quatro grupos de trabalho, que tratam os temas-chave sem consenso. O chefe da delegação brasileira na Rio+20, embaixador André Corrêa do Lago, coordena o grupo que discute os chamados meios de implementação. Nesse grupo, serão definidos os compromissos assumidos pelos 193 governos e os financiamentos para a execução das ações.

Os negociadores das delegações estão reunidos a portas fechadas, no Pavilhão 4, do Riocentro, onde ocorre a Rio+20. Os jornalistas estão no Pavilhão 3 e o acesso às reuniões não é permitido à imprensa. Paralelamente, integrantes da sociedade civil, de movimentos sociais e de organizações não governamentais participam de debates paralelos.

Os quatro grupos temáticos, que discutem os temas mais polêmicos, dividem-se em meios de implementação, que são as definições de metas para curto, médio e longo prazo, a discriminação das ações para a governança global, além de questões como água e energia e economia verde.

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ONGs denunciam contaminação em minas de urânio na Bahia

17/06/2012 - 15h34 - Meio Ambiente - Rio+20 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro – Organizações não governamentais (ONGs) cobram transparência das atividades que envolvem energia nuclear no país. Durante a Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), representantes de ONGs denunciaram que são ignorados os casos de trabalhadores contaminados por urânio no município de Caetité, na Bahia.

Durante debate da Articulação Antinuclear Brasileira e da Coalizão contra Usinas Nucleares no Brasil, a representante do grupo, Zoraide Vilas Boas, disse que recebe muitos relatos de contaminação por radioatividade. Ao lembrar do acidente de 2010, quando milhares de litros de licor de urânio vazaram, cobrou a divulgação de exames sobre a saúde dos trabalhadores e da população.

“Temos dificuldade de ter acesso à realidade do que acontece naquele complexo mínero-industrial. O setor nuclear é muito fechado, e eles não têm diálogo com a sociedade. Pelo contrário, procuram minimizar qualquer problema “, afirmou Zoraide, informando que, desde 2000, quando a mineração de urânio teve início em Caetité, o Poder Público foi acionado diversas vezes.

“Há 12 anos estamos levantando denúncias de trabalhadores, ex-trabalhadores e seus familiares, colhendo relatos de diverso acidentes não confirmados pela INB [Indústrias Nucleares do Brasil, que detém o monopólio da exploração de urânio], mas esse esforço tem sido quase inútil”, acrescentou. A instituição, ligada ao governo federal, nega todas as acusações.

Impactos ao meio ambiente em Caetité já foram comprovados na água, disse o coordenador do Grupo Ambiental da Bahia, Renato Cunha, que também participou da discussão na cúpula. Segundo ele, amostras colhidas por ONGs e pelo governo estadual comprovam níveis não toleráveis de radioatividade em águas subterrâneas.

Quanto aos impactos sobre os trabalhadores, pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no início deste mês, lançou um alerta. Segundo a pesquisa, os trabalhadores não fazem exames ocupacionais e muitos terceirizados não têm treinamento suficiente. A pesquisa também cita dados do governo estadual sobre a prevalência de certo tipos câncer acima da média na cidade.

Segundo os pesquisadores, a contaminação, em geral, ocorre durante a manipulação inadequada do concentrado de urânio, usado como combustível para as usinas nucleares. Pode ocorrer ainda durante a ingestão de água ou alimentos com teor de radioatividade acima do nível tolerável.
Fonte: Agência Brasil

 
 
 
 

 

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