FHC reconhece maior conscientização sobre desenvolvimento sustentável, mas critica timidez de políticas concretas
 

18/06/2012 - 17h41 - Rio+20 - Carolina Gonçalves e Renata Giraldi - Enviadas Especiais da Agência Brasil - Rio de Janeiro – Na contramão das críticas sobre avanços tímidos na implementação de metas de desenvolvimento sustentável nos últimos 20 anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) disse, hoje (18), que é possível apontar mudanças significativas nestas duas décadas. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, FHC apontou que a evolução desses temas esteve concentrada na sociedade civil e em ações de alguns nichos do setor privado.

“Houve um aumento enorme da consciência na sociedade que, hoje, atua mais. Mas esse ritmo não foi acompanhado por compromissos de governos”, disse. Segundo ele, conceitos como desenvolvimento sustentável, igualdade e justiça estão sempre incluídos em debates atuais sobre o crescimento das nações. "Mas precisamos nos comprometer com objetivos específicos”.

As declarações foram dadas durante uma exposição sobre a expectativa do grupo The Elders, criado em 2007 por Nelson Mandela e que, hoje, reúne personalidades como a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan e a ex-primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland. O grupo de anciãos sempre se debruça sobre temas globais.

Durante a apresentação dessas expectativas, o ex-presidente brasileiro reconheceu que, em negociações como as que ocorrem durante a Rio+20, envolvendo interesses de vários países, é comum haver pressão e dificuldade em encontrar consensos. FHC ainda acrescentou que o momento de crise econômica vivido por alguns países acirra ainda mais os impasses, principalmente sobre questões que envolvem definição de recursos financeiros e metas específicas.

Exemplo de alvo desse impasse é o destino que a proposta da criação de um fundo para o cumprimento de metas de desenvolvimento sustentável pode tomar. A proposta, defendida pelo governo brasileiro, prevê recursos na ordem de US$ 30 bilhões. Mas esse ponto não foi incluído no texto preliminar que reúne questões convergentes entre as delegações. “Não há dinheiro, mas um fundo como esse não é para esse momento. É uma proposta permanente e um sinal de que os países dão atenção ao tema”, disse.

A poucas horas do prazo final estimado para a conclusão do texto da Rio+20 que será examinado por 115 chefes de Estado e de Governo, nos próximos dias 20 a 22, FHC ainda ressaltou que é preciso encontrar consenso em relação a propostas, como a reafirmação das responsabilidades comuns, mas diferenciadas entre os países.

“Essa questão é ponto de partida de tudo. Espera-se, por exemplo, que países com desenvolvimento relativo, como o Brasil, a Índia e a China participem e é natural que participem mais. Mas entendo que há certas restrições em colocar dados muito claros para que não sejam pressionados pelos [países] mais desenvolvidos a fazer o que os [países] mais desenvolvidos não fizeram”.

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Durante a Rio+20, ONG francesa entrega documento com 350 mil assinaturas pedindo o fim de Belo Monte

18/06/2012 - 15h27 - Meio Ambiente - Rio+20 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - Os índios da etnia Kaiapó receberam hoje (18) da organização não governamental francesa Planète Amazone documento com cerca de 350 mil assinaturas contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que será instalada no Rio Xingu.

As assinaturas foram coletadas na Europa, pela internet – a maior parte delas na França e na Bélgica, segundo os organizadores. O documento foi lançado no ano passado e permanece no site www.raoni.com.

De acordo com o representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab), Marcos Apurinã, que recebeu o documento com as assinaturas, o protesto dos europeus se somará ao dos brasileiros.

"Vamos levar tudo para a presidenta Dilma [Rousseff] em breve", declarou. “É especialmente para ela. Para dizer que os índios brasileiros não estão sozinhos”, afirmou durante a Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

“Ela precisa saber que está assinando documentos para a ONU [Organização das Nações Unidas] dizendo que os povos indígenas estão bem, mas não estamos bem. Pelo contrário”, completou em referência ao impacto da obras. Segundo Apurinã, a barragem vai afetar “completamente o modo vida” dos índios.

O representante da ONG francesa, Ildo Tikuna, explicou que a petição foi um pedido expresso do cacique Raoni Kaiapó para divulgar os problemas na Amazônia. “O impacto da barragem é de nível mundial em termos de desmatamento e emissão de gases de efeito estufa”, afirmou.

A entidade também acredita que pode reforçar a mobilização para que a obra seja reavaliada pelo Brasil. “Como o governo federal não está ouvindo nenhuma das etnias, o objetivo da petição é fazer barulho para que os povos sejam atendidos e divulgar isso [a construção de Belo Monte] lá fora”.
Fonte: Agência Brasil

 
 
 
 

 

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