Para o Itamaraty, o fortalecimento do Pnuma será um dos grandes legados da Rio+20
 

19/06/2012 - 18h16 - Rio+20 - Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro – O fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) será um dos grandes legados da Rio+20 para o futuro do planeta. A avaliação é do negociador-chefe da delegação do Brasil na Rio+20, embaixador André Corrêa do Lago. Ele participou da entrevista à imprensa para detalhar o documento final aprovado hoje (19) pelos negociadores dos demais países, no Riocentro.

“O fortalecimento do Pnuma certamente é uma das grandes conquistas da Rio+20 e, sobretudo, no contexto do fortalecimento do desenvolvimento sustentável que foi obtido”, disse Corrêa do Lago.

A questão deverá ser votada ainda este ano na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. O secretário executivo da Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo, que também participou da entrevista, detalhou as medidas que vão dar maior poder ao programa.

“A decisão sobre o fortalecimento do Pnuma será da Assembleia Geral das Nações Unidas, na sua 67ª sessão, ainda este ano. Em primeiro lugar, se estabelece que a composição do Conselho Executivo do Pnuma passa a ser universal e não apenas de 52 membros. Em segundo lugar, os recursos financeiros têm que ser aumentados, especialmente da parte que vem do orçamento regular, para dar mais estabilidade. Em terceiro lugar, ampliar a voz do Pnuma em termos de coordenação do tema ambiental dentro das Nações Unidas e dotá-lo da capacidade política de liderar a formulação de estratégias ambientais para todo o sistema das Nações Unidas”, destacou Figueiredo.

O secretário executivo da Rio+20 disse ainda que haverá aumento do papel do programa na interface entre a política e a ciência, da mesma forma como haverá maior participação da sociedade civil no Pnuma.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, fez uma avaliação positiva dos resultados obtidos pelo grupo negociador. “Cumprimos com aquilo que havíamos proposto, de apresentar um texto acordado aos nossos líderes no segmento de cúpula da Rio+20. Quando o texto chegou aqui, no Rio, cerca de 30% haviam sido acordados. Os coordenadores brasileiros receberam um texto 40% acordado e hoje temos um texto 100% acordado pelos 193 integrantes deste comitê preparatório”, disse Patriota, que considerou o processo como transparente e inclusivo, representando uma vitória do multilateralismo.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou com um dos pontos vitoriosos à aprovação do princípio do não retrocesso em relação aos avanços obtidos na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, a Rio92. “Um dos aspectos a se destacar é o princípio do não retrocesso, de assegurar o legado da Rio92, o que foi totalmente assegurado. Nós tivemos debates muito intensos sobre a necessidade de reabrir ou de ter retrocessos em relação à declaração da Rio92”, disse.

O documento final será avaliado, a partir de amanhã (20), pelos líderes mundiais, durante a reunião de cúpula no Riocentro, quando o texto ainda poderá ser modificado.

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Especialista defende fortalecimento da agricultura orgânica para viabilizar desenvolvimento sustentável

19/06/2012 - 16h11 - Rio+20 - Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro – A agricultura orgânica é um dos caminhos para o desenvolvimento sustentável em nível global, mas é uma técnica ainda em construção no mundo todo. A avaliação foi feita hoje (19), à Agência Brasil, pela coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos), da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Sylvia Wachsner.

Ela participa do evento Green Rio, paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, aberto no Centro de Convenções da Bolsa de Valores do Rio.

Segundo Sylvia Wachsner, embora contribua para a proteção do meio ambiente, do solo e da água, a agricultura orgânica ainda mostra deficiências que precisam ser superadas sem demora. “Ainda falta escala. Há problemas sérios de logística. Ainda precisa de tecnologia voltada para o setor, não há sementes em quantidade suficiente”. Para a coordenadora, é fundamental que os pequenos produtores se unam para ter mais força de negociação no mercado.

Mesmo em países desenvolvidos, como a Alemanha, a agricultura orgânica apresenta pequena participação: cerca de 3% da área total disponível para plantio, relatou Sylvia Wachsner. Ela ressaltou que, no Brasil, existem apenas 1,5 milhão de hectares certificados como orgânicos. “Temos muito que trabalhar”, assegurou.

A partir de estudos feitos nas regiões serrana e centro-sul do Rio de Janeiro, o CI Orgânicos mapeou a existência de 106 produtores que trabalham com esse tipo de agricultura no Rio de Janeiro.

Sylvia Wachsner disse que é preciso apoiar os agricultores a fazerem estudos técnicos do solo para que possam melhorar a produção. Segundo ela, a maioria dos agricultores orgânicos não possui a Declaração de Aptidão para Agricultura Familiar (DAP). “DAP significa a venda de alimentos da agricultura familiar e orgânicos para a merenda escolar”, observou.

De acordo com a especialistas, o grande problema da agricultura orgânica e familiar é similar ao das empresas agrícolas maiores. “É a questão da logística, da comunicação. Em muitas partes do Rio de Janeiro, não entra a banda larga, os telefones celulares não funcionam. O produtor tem um sério problema para chegar com sua mercadoria nos mercados, sejam eles municipais ou o grande varejo. É preciso trabalhar isso”. Outro estudo identificou que os restaurantes gostariam de adquirir produtos orgânicos.

Amanhã (20), a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, abrirá o painel Sociobiodiversidade e Economia Verde, no Green Rio. Na ocasião, será apresentada, pelo governo brasileiro, a ideia do piso de proteção socioambiental. Trata-se de um compromisso internacional de garantia de renda mínima à população mais pobre, atrelado a ações de preservação ambiental e ao uso de tecnologia e energias limpas.
Fonte: Agência Brasil

 
 
 
 

 

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