Piñera e Mujica alertam para os desafios do desenvolvimento sustentável na Rio+20
 

20/06/2012 - 21h52 - Rio+20 - Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro – Os presidentes do Chile, Sebastián Piñera, e do Uruguai, José Pepe Mujica, alertaram em seus discursos, durante a Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que medidas imediatas precisam ser adotadas para garantir a sustentabilidade nos países sul-americanos.

Piñera chamou a atenção para os sinais que já aparecem na natureza, em forma de aviso, para que a humanidade tome providencias. “A natureza há muito tempo está dando sinais angustiantes de prevenção, para nos motivar a mudanças de rumos. Não podemos continuar a fazermos as coisas como fizemos nos últimos tempos. Temos que pegar o touro a unha e mudar os rumos do desenvolvimento em nosso continente. Se isso não acontecer, é provável que muitas espécies vão deixar de existir. Não podemos continuar perdendo biodiversidade, ecossistemas, contaminando água, ar e terra da forma como fizemos nos últimos anos”, alertou Piñera.

Para o presidente chileno, o tempo está se esgotando. “O tempo não é nosso aliado. Ele é o nosso juiz e exige com urgência que desta cúpula do Rio saiam frutos fecundos. Muitos dos problemas que temos de enfrentar não podem ser enfrentados por um país por maior que seja, como a poluição do ar, o aquecimento global, o crime, o narcotráfico. Só poderemos enfrentar esses problemas com eficácia se fizermos isso unidos e com coordenação”, disse.

Para o presidente do Uruguai, Pepe Mujica, a solução do problema ambiental passa pela reavaliação do sistema econômico em que vivemos. “Toda esta tarde falou-se de desenvolvimento sustentável e de tirar grandes massas da pobreza. O que vai por nossas cabeças? O modelo de desenvolvimento de consumo das sociedades ricas. O que aconteceria a este planeta se os hindus tivessem a mesma proporção de carros que os alemães? O mundo tem hoje os elementos materiais para possibilitar que 7 ou 8 bilhões de habitantes tenham o mesmo potencial de consumo e de desperdício que as sociedades ocidentais ostentam?”

O presidente uruguaio concluiu dizendo que é preciso mudar a lógica do desenvolvimento, que hoje é governado pelo mercado. “Estamos governando a globalização ou será que é a globalização que nos governa? O problema é o mercado, o hiperconsumo. Não se trata de propor voltar ao homem das cavernas e ter um monumento ao atraso. Não podemos ser governados pelo mercado. Temos é que governar o mercado”, ressaltou Mujica.

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Secretário executivo brasileiro da Rio+20 critica países desenvolvidos

20/06/2012 - 18h38 - Renata Giraldi e Carolina Gonçalves - Enviadas Especiais - Rio de Janeiro - O secretário executivo da delegação do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, respondeu hoje (20) às críticas dos negociadores dos países desenvolvidos, como os integrantes da União Europeia. O embaixador disse que só podem fazer cobranças aqueles que apresentam propostas concretas e recursos. A afirmação dele é uma crítica aos que exigem mais do documento final da conferência e não se dispõem a cooperar.

“Tem de por dinheiro em cima da mesa. Se alguém tem ambição de ação e não põe dinheiro sobre a mesa é incoerente”, disse o embaixador. “Foi a negociação mais democrática da última década. O Brasil fez questão de demonstrar transparência [durante todo o processo negociador].”

A reação de Figueiredo Machado ocorre no momento em que líderes de vários países e movimentos sociais se queixam da superficialidade e das exclusões no documento final da Rio+20. De acordo com o embaixador, todos os temas apresentados nos últimos dois anos foram incluídos no texto final. Foram excluídos, segundo o diplomata, itens e propostas específicas.

As principais críticas se referem à ausência de cifras para os financiamentos, à criação de um organismo independente elevando o nível do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e detalhamento na regulação das águas internacionais – a questão dos oceanos. O rascunho do texto tem 49 páginas e vai ser analisado pelos chefes de Estado e Governo amanhã (21) e sexta-feira (22).

Para o embaixador, é fundamental observar que, pela primeira vez, as organizações não governamentais (ONGs), os movimentos sociais e a sociedade civil participaram dos debates de forma direta. “É o tipo de inclusão que nunca existiu em qualquer conferência”, ressaltou o diplomata, lembrando que na Rio92, a sociedade civil ficou isolada dos debates da conferência.
Fonte: Agência Brasil

 
 
 
 

 

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