Rio+20: recomendações da sociedade civil serão encaminhadas a chefes de Estado e Governo
 

20/06/2012 - 6h12 - Renata Giraldi e Carolina Gonçalves - Enviadas Especiais - Rio de Janeiro – Cerca de 100 chefes de Estado e Governo estarão reunidos de hoje (20) a sexta-feira (22) em mesas-redondas para negociar politicamente o documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O texto será divulgado oficialmente no encerramento da cúpula. As modificações podem ocorrer até o último momento, mas a expectativa dos negociadores é que apenas alguns itens sejam incluídos por sugestão da sociedade civil.

Organizações não governamentais, movimentos sociais e integrantes da sociedade civil participam de debates em dez painéis denominados Diálogos Sustentáveis. Cada um dos painéis definirá três recomendações. Ao final, 30 sugestões serão encaminhadas aos líderes políticos para que examinem a possibilidade de incluí-las no texto da conferência. Se as recomendações forem aprovadas, elas serão inseridas na declaração final dos chefes de Estado e Governo, a ser anunciada sexta-feira.

A sociedade civil cobra um texto mais detalhado e objetivo sobre financiamentos para as ações referentes ao programa de desenvolvimento sustentável. O desejo dos movimentos sociais, assim como o do Brasil e o dos países em desenvolvimento, era criar um fundo, começando com US$ 30 bilhões, para os projetos destinados ao assunto, mas no rascunho não há menção ao tema.

Os movimentos sociais também defendem a elevação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) a organismo independente e autônomo, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Porém, não houve acordo sobre essa proposta durante as últimas negociações. No documento estão apenas as recomendações de fortalecimento do programa e a possibilidade futura de sua ampliação.

Há ainda críticas à ausência de regulação das águas oceânicas. Apesar de os negociadores brasileiros considerarem que houve avanços na fixação de vetos à pesca de determinadas espécies em alto-mar, a sociedade civil quer mais detalhes. No entanto, os Estados Unidos, o Japão e outros países resistem à ampliação das propostas.

Ontem (19), o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que o último texto negociado pode ser alterado. Segundo ele, as críticas da sociedade civil serão consideradas para análise dos líderes políticos. “Muita água ainda vai rolar. Muita coisa vai acontecer. Os chefes de Estado [e Governo] não vêm aqui só para assinar. Pode haver mudanças”, acrescentou.

A Rio+20 será aberta hoje, a partir das 16h, pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e a presidenta Dilma Rousseff. Além de Dilma e Ban Ki-moon, outros líderes terão direito a discursar por cinco minutos, entre eles os presidentes da França, François Hollande, e do Paraguai, Fernando Lugo.

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Dilma chega para a Rio+20 e tem reuniões com os presidentes da França, do Senegal e da Nigéria

20/06/2012 - 6h27 - Renata Giraldi e Carolina Gonçalves - Enviadas Especiais - Rio de Janeiro – A presidenta Dilma Rousseff deve desembarcar agora de manhã no Rio, depois de passar os últimos dois dias na Cúpula do G20, no México. Ela passa a manhã no hotel em despachos internos e depois almoça com o presidente da França, François Hollande. À tarde, a presidenta abre oficialmente a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, e tem mais duas reuniões bilaterais.

Inicialmente, Dilma pretende se reunir em audiências privadas com oito a dez chefes de Estado e Governo. À tarde, ela conversa com os presidentes do Senegal, Macky Sall, e da Nigéria, Goodluck Jonathan. Há ainda a previsão de reuniões com os primeiros-ministros da China, Wen Jiabao, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. A agenda dela ainda está sendo fechada, segundo assessores.

Em sua primeira visita ao Brasil como presidente eleito, Hollande, que é defensor das discussões sobre desenvolvimento sustentável, também pretende tratar com Dilma da venda dos 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). A francesa Dassault, fabricante do Rafale, a sueca Saab, que fabrica o Gripen, e a norte-americana Boeing, do F-18 Super Hornet, disputam a venda.

Com os africanos, a presidenta deve conversar sobre as possibilidades de ampliação de parcerias e cooperação com o Senegal e a Nigéria. A África ganhou destaque no documento preliminar da Rio+20. Em vários parágrafos, os representantes dos 193 países se comprometem a consolidar esforços para garantir a melhoria da qualidade de vida no continente africano.

Com a Turquia, o Brasil tem uma relação estreita que abrange várias negociações no Oriente Médio. Um dos temas da reunião de Dilma com Erdogan deve ser o agravamento da crise na Síria, que já dura mais de 15 meses e matou pelo menos 12 mil pessoas. Os turcos, diferentemente de nações vizinhas à Síria, cobraram ações mais concretas do presidente sírio, Bashar Al Assad, e condenaram a violação de direitos humanos na região.

Na conversa com Jiabao, Dilma deverá reforçar a atuação do Brics (grupo formado pelo Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul) além de temas bilaterais, pois atualmente os chineses são os principais parceiros do Brasil. No mês passado, Jiabao disse à presidenta que a China quer ampliar e aprofundar as relações com a América Latina. A China superou os Estados Unidos em 2009, tornando-se a principal parceira comercial do Brasil.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, também pediu audiência, mas ainda não há confirmação. A presença de Ahmadinejad no Rio gerou, no dia 17, protestos de manifestantes. Para eles, o iraniano prega um discurso de discriminação. Mas o Brasil é apontado pelos iranianos como parceiro diferenciado.

O apreço do Irã pelo Brasil foi motivado pelo esforço do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em tentar negociar o fim das resistências internacionais aos iranianos. Ele foi um dos mediadores do acordo de paz, que foi rejeitado pela comunidade internacional. As negociações foram conduzidas pelo Brasil e pela Turquia. Nos últimos anos, os iranianos são alvo de sanções internacionais por suspeitas em seu programa nuclear.
Fonte: Agência Brasil

 
 
 
 

 

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