Poema gigante na Praia de Copacabana pede atenção para oceanos
 

21/06/2012 - 15h06 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro - De frente para o mar de Copacabana, dezenas de pessoas encontraram inspiração para pedir hoje (21) a preservação de oceanos. Em uma faixa de 150 metros estendida no calçadão, elas deixaram declarações de amor e cobraram dos governantes ações para salvar o ecossistema. A iniciativa é da Agência das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) que trouxe, pela primeira vez à América Latina, o artista espanhol Angel Arenas, idealizador do chamado Poema Gigante.

Os oceanos e mares são vitais para existência do ser humano porque produzem oxigênio e alimentos. Segundo a ONU, 3 bilhões de pessoas dependem da biodiversidade marinha e costeira para a própria subsistência. Mas infelizmente, segundo a Unesco, o tema não mereceu ações específicas de proteção no documento elaborado pelos chefes de Estado na Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.

"A situação dos oceanos ainda não teve muito destaque. Nas negociações da Rio+20 falamos muito sobre florestas, o que é normal, poluição do ar e uma série de outras questões. Os oceanos não foram muitos discutidos", disse o diretor de Relações Externa e Comunicação da Unesco, Eric Falt.

A surfista carioca Carolina Nunes, 25 anos, foi à praia e aproveitou para ajudar na composição do poema. Deixou declarações que refletem sua preocupação com o lançamento de esgoto sem tratamento nas praias, com a quantidade de lixo na orla, que mais tarde acaba em alto mar. "Se você vai para praia, não deixe latinha de refrigerante, canudo, copo de mate e filipeta de festa. Tem época que a gente surfa em meio a isso tudo e a outras coisas bem mais nojentas que é melhor nem falar."

Quem também se preocupa com a quantidade de lixo na praia, principalmente pequenos dejetos, como guimbas de cigarro e canudos, é o gari Richards Santos, 28 anos. Ele fez uma pausa para dar uma bronca em forma de poema e pedir para as pessoas levarem de volta o que trazem à praia. "É muito lixo que a gente tira. As pessoas deviam ter mais cuidado, com latas e garrafas PET", declarou, enquanto parava rapidamente para deixar seu recado no poema.

Já o casal de turistas gaúchos Alvaci Gonçalves, 66 anos, e José Gonçalves, 68 anos, completaram a faixa pedindo a defesa da natureza. "Uma vez que a gente se conscientiza em salvar o planeta, o mar vai se beneficiar também. É um conjunto de atenção", disse a aposentada, que veio ao Rio para participar dos eventos paralelos à conferência e ontem esteve na manifestação que reuniu milhares de pessoas nas proximidades do Riocentro.

O artista Angel Arenas se diz contente com o engajamento do público. Segundo ele, os oceanos estão esquecidos na agenda internacional e a ideia do poema era tirar o assunto dos encontros oficiais e trazer para a orla. "Só a população pode pressionar os governos agora. Nosso objetivo aqui é esse. Fazer com que [as pessoas] tomem consciência de sua força e cobrem a limpeza do mar", destacou sobre a obra, que será doada à prefeitura da cidade do Rio.

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Amigos da Terra considera decisões de conferência atentado aos povos e ao desenvolvimento sustentável

21/06/2012 - 21h24 - Rio+20 - Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro – Na avaliação da organização Amigos da Terra Internacional, uma das maiores organizações ambientalistas de base do mundo, o documento oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, é “um atentado aos povos, porque é um documento vazio, sem alma e sem compromissos concretos com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável”.

A opinião foi manifestada à Agência Brasil pela ativista da organização, Lúcia Ortiz, ao participar hoje (21) da plenária que definirá, amanhã (22), a síntese do documento com os cinco temas das principais plenárias que ocorrerão no Aterro do Flamengo, que sedia a Cúpula dos Povos – evento paralelo à Rio+20.

Na avaliação de Lúcia Ortiz, é gritante a falta de compromisso dos chefes de Estado e de Governo para com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável “em um momento em que se necessita, de fato, de medidas urgentes para que os governos possam prevenir e mudar os rumos que a humanidade está tomando”.

Segundo ela, há toda uma preocupação com a questão da promoção da justiça climática, da perda da biodiversidade e da contaminação dos oceanos. “O que a gente vê é a elaboração de um documento que ainda abre portas para a mercantilização dos bens comuns, sejam eles o ar, a biodiversidade e a água, ou mesmo a comunicação ou as diversidades culturais, que também estão sendo mercantilizadas em um processo onde a política está sendo substituída pela 'financeirização'”.

No entendimento da ativista, mesmo com o texto não explicitando tanto quanto esperavam os países industrializados e as grandes corporações o sentido da promoção de “uma falsa economia verde”, ainda assim, ficou claro que “mais importante que uma decisão sobre o meio ambiente na Rio+20 foi a indicação do grupo do G20 [formada pelas maiores economias mundiais] e dos poderosos, de que continuarão a fazer empréstimos para salvar os bancos europeus e a gerar para esses bancos em crise novas oportunidades de negócios, que se traduzirão em especulação, em novas bolhas financeiras – como seria a bolha da economia verde”.

Lúcia Ortiz ressaltou que os participantes da Cúpula dos Povos têm plena consciência de que, em parte, “derrotaram os poderosos ao enfraquecer a agenda da economia verde e mudar a correlação de forças, ao chamar a atenção para a necessidade de que a voz povo venha a ser escutada, e não só a das grandes corporações”.
Fonte: Agência Brasil

 
 
 
 

 

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