22/06/2012
- 14h53 - Marcos Chagas - Repórter da Agência
Brasil - Brasília – A Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, chega ao fim com um
retrocesso quando se comparam seus resultados com
os avanços obtidos na conferência anterior,
a Eco 92. A análise foi feita pelo Conselho
Permanente da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), após dois dias de debates.
Os
bispos católicos questionaram principalmente
o que classificaram de "desvio" dos dirigentes
mundiais no trato da educação como
instrumento capaz de resultar em relações
novas e éticas com o meio ambiente. O secretário-geral
da CNBB, dom Leonardo Steiner, disse que a economia
verde defendida pelas autoridades governamentais
foge do debate central de desenvolvimento de uma
política ambiental que promova o crescimento
sustentável.
“A
Rio+20 indica uma resposta a essas questões
com a chamada economia verde. Se esta, em alguma
medida, significa a privatização e
a mercantilização dos bens naturais,
como a água, os solos, o ar, as energias
e a biodiversidade, então ela é eticamente
inaceitável”, diz o documento final
do conselho.
Dom
Leonardo Steiner, que coordenou os trabalhos sobre
o tema durante a reunião dos bispos e arcebispos,
destacou que a própria medida provisória
(MP) do Código Florestal, em análise
no Congresso, mostra o “descuido” dos
governantes quando o tema em questão é
o meio ambiente.
Segundo
ele, a MP apresenta pontos de retrocesso na legislação
ambiental. Ele citou, por exemplo, o tratamento
dado pelo governo à preservação
de matas ciliares nas margens de rios, riachos e
córregos. “Isso não tem avançado”.
Para
o secretário-geral da CNBB, a crise financeira
nos Estados Unidos e países europeus pesará
na construção de uma agenda mundial
de preservação ambiental e desenvolvimento
com sustentabilidade.
O
bispo defendeu a retirada do documento final da
Rio+20 do ponto que tratava do direito reprodutivo
da mulher. Para ele, além das questões
ambientais, os dirigentes introduziram no texto
assuntos que não guardavam relação
com o tema em debate. O veto ao direito reprodutivo
foi feito pelos representantes do Vaticano na reunião
de cúpula.
+
Mais
Representantes
da sociedade civil se reúnem com secretário-geral
da ONU e criticam documento final da Rio+20
22/06/2012
- 12h15 - Rio+20 - Thais Leitão e Flávia
Villela - Repórteres da Agência Brasil
- Rio de Janeiro - Representantes da sociedade civil
se reuniram hoje (22) com o secretário-geral
das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e
disseram estar decepcionados com os resultados da
Rio+20. Segundo Sharan Burrow, secretária-geral
da International Trade Union Confederation, instituição
que representa 175 milhões de trabalhadores
de mais de 150 países, o documento final
da conferência não contempla os interesses
das populações vulneráveis,
não tem metas concretas, nem prazos de implementação.
“Queremos
um modelo econômico diferente, um futuro sustentável
e isso não aconteceu aqui. Nosso sentimento
é de profunda tristeza e frustração.
As pessoas sem emprego no mundo, por exemplo, não
têm nenhuma garantia de melhora, de que os
líderes globais vão trabalhar por
soluções”, afirmou ela, que
pretende iniciar uma mobilização internacional
dos trabalhadores para pressionar seus governos
e cobrar alternativas de desenvolvimento.
O
diretor executivo do Greenpeace Internacional, Kumi
Naidoo, destacou a diferença entre os resultados
da conferência das Nações Unidas
e da Cúpula dos Povos, evento paralelo que
reúne representantes da sociedade civil num
contraponto ao encontro dos líderes globais.
Ele defendeu que é preciso pensar e agir
além dos interesses nacionais.
“Na
Cúpula dos Povos você vê gente
de todos os países, indígenas, religiosos,
representantes de sindicatos, dos movimentos das
mulheres, mas transcendemos a fixação
pelo nacional, porque sabemos que não vamos
resolver as coisas dessa forma. Ao contrário,
os líderes mundiais estão obcecados
pelos interesses nacionais, de curto prazo.”
Naidoo
também criticou a ausência de negociações
entre os chefes de Estado e de Governo durante a
conferência. Segundo o diretor executivo do
Greenpeace Internacional, eles vieram ao Rio para
“posar para fotos e anunciar projetos”
e aceitaram um texto produzido por “burocratas”.
“Eles
ficaram aqui três dias e não gastaram
nem uma hora negociando entre si. Usaram essa oportunidade
para anunciar projetos e iniciativas e para tirar
fotos. Entendemos as enormes dificuldades das negociações,
mas eles tinham sobre a mesa um texto sem substância
e deveriam ter trabalhado duro”, disse.
Fonte: Agência Brasil