Encontrei
um ninho na minha casa. O que fazer?
Essa
é uma das perguntas que os pesquisadores mais ouvem
durante as viagens
04/06/2018 – Às
vezes pensamos que a maioria das pessoas não presta
atenção nas aves. Nas cidades, pela correria
do dia a dia, no campo ou litoral, pois já se acostumaram.
Mas basta uma rápida saída da equipe de pesquisadores
para que sejam abordados por moradores com inúmeras
histórias sobre aves, e na grande maioria, sobre
ninhos em suas casas e visitas para alimentação.
Sempre há dúvidas
do que fazer. Devo mexer? Será que os pais esqueceram-se
dos filhotes? Vai chover, e agora? O ninho pode cair? Enfim,
as dúvidas são variadas. E variedade também
são as espécies que costuma visitar as casas
e propriedades, os tipos de ninhos e os locais mais curiosos
que podemos encontrá-los, desde a tradicional árvore,
passando por postes, semáforos, telefones públicos,
janelas, telhados, muros, vasos, chaminés, até
sapatos.
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Andorinhão-do-temporal
(Chaetura meridionalis) com ninho na chaminé
da churrasqueira no Refúgio Ninho do Falcão,
em Itamambuca, Ubatuba. Proprietários isolaram
a área e passaram a usar uma churrasqueira
portátil.
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É frequente, principalmente
na primavera, período onde a reprodução
é mais intensa, pessoas se depararem com filhotes
de aves e recolhê-los pensando que caíram de
seus ninhos ou foram abandonados pelos pais. Alguns entregam
os filhotes em CRAS (Centros de Recuperação
de Animais Silvestres), CETAS (Centro de Triagem de Animais
Silvestres), em Centros de Zoonoses ou em clínicas
veterinárias. No entanto, em muitas situações,
os filhotes estão apenas aprendendo a voar e a se
alimentar, sob a supervisão dos pais.
Então o que devemos
observar para saber se os filhotes necessitam de cuidados
e de supervisão humana?
Muitas espécies que
vivem e se reproduzem em áreas urbanas, como bem-te-vis,
sabiás, sanhaços, corruíra e cambacica
fazem ninhos em formato de cesta composto por diversos materiais
vegetais. Destas espécies, nascem filhotes altriciais,
ou seja, desprovidos de penas, com olhos fechados e com
necessidade de cuidados parentais.
É
frequente, principalmente na primavera, período
onde a reprodução é mais intensa,
pessoas se depararem com filhotes de aves e recolhê-los
pensando que caíram de seus ninhos ou foram
abandonados pelos pais. |
Ao se deparar com um filhote
nidícola (poucas penas) é provável
que tenha caído do ninho devido ao vento e chuvas
fortes. Neste caso, o recomendável é procurar
o ninho, colocar o filhote dentro, e verificar se os pais
retornarão para prosseguir com os cuidados, mas atenção,
somente nesses casos poderá haver uma intervenção.
Caso o ninho tenha sido
destruído, mas os pais continuam por perto, é
possível improvisar um, forrando uma caixa de sapato
ou um cesto com feno ou folhas secas e colocá-lo
na árvore. Se os filhotes estiverem com a temperatura
corporal muito baixa (frio), segurá-los com cuidado
para aquecê-los antes de colocar no ninho, em seguida
observar durante 30 ou 60 minutos para verificar se os pais
aceitarão os filhotes.
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Ninhos de guaxe (Cacicus haemorrhous)
na Praia Vermelha do Norte, em Itamambuca.
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E se após as observações,
verificar que realmente o filhote esteja sozinho ou os pais
não os aceitem novamente, devo cuidar dele ou levá-lo
a uma instituição?
O mais recomendável
é procurar uma instituição, pois a
dieta alimentar varia conforme a espécie. Algumas
se alimentam preferencialmente de insetos, enquanto outras
se alimentam mais de frutos. A quantidade varia conforme
o tamanho do filhote e necessidades energéticas.
Traumas podem ocorrer no filhote durante a alimentação,
então neste caso, leve o filhote a um CRAS, CETAS
ou Centro de Zoonoses. Quando possível fotografe
os pais para facilitar a identificação da
espécie.
Agora e se o filhote for
um nidífugo (mais velho, apresentar penas bagunçadas
e em maiores quantidades)?
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Ninho de sabiá-barranco
(Turdus leucomelas), no Refúgio Ninho do
Falcão, em Itamambuca, Ubatuba.
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Possivelmente o filhote
esteja aprendendo a voar e a se alimentar sozinho, e os
pais estejam próximos. Para ter certeza, realize
algumas observações à distância,
e se verificar que o filhote está caminhando sozinho
e que os pais estão próximos, não é
necessário nenhum tipo de intervenção.
É importante somente se atentar para que não
tenha cachorros ou gatos próximos, para evitar que
capturem os filhotes, neste caso, procure um local distante
destes animais, mas próximo do local em que o filhote
foi encontrado.
Alguns endereços
de Centros de Recuperação de Animais Silvestres
do Estado de São Paulo (Entrar em contato antes da
entrega dos filhotes)
O Projeto Aves é
patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras
Socioambiental, desde 2015.
Da Redação
Fotos: Reprodução/Pick-upau/Petrobras