Aves
de Rapina: A vida reprodutiva dos rapinantes
Conhecer
os hábitos reprodutivos é importante para
os programas de reprodução e conservação
das aves de rapina ameaçadas de extinção.
21/11/2018 – Os padrões
reprodutivos dos rapinantes são bastante diversos,
devido aos diferentes grupos taxonômicos. Conhecer
estes padrões é importante para a conservação
das espécies, pois fornece informações
para programas de reprodução em cativeiro
de espécies ameaçadas.
O falcão-peregrino,
por exemplo, participa de programas de reprodução
em cativeiro visando à recuperação
desta espécie e introdução na natureza.
Os locais de nidificação
são muito diversos, algumas espécies fazem
seus ninhos sobre árvores como o gavião-real
(Harpia harpyja), gavião-pega-macaco (Spizaetus
tyrannus), gavião-de-penacho (Spizaetus
ornatus), gavião-pato (Spizaetus melanoleucus)
e o uiraçu (Morphnus guianensis).
|
|
A águia-careca (Haliaeetus
leucocephalus) apresenta ampla distribuição,
ocorre no Canadá, México, Saint Pierre
e Miquelon e nos Estados Unidos e como vagante em
Belize, Ilhas Bermudas, Irlanda, Porto Rico, Rússia
e nas Ilhas Virgens americanas. Macho e fêmea
iniciam a construção do ninho de 1
a 3 meses antes da postura, são construídos
com gravetos e são muito grandes. O casal
utiliza o ninho por vários anos aumentando
continuamente a cada ano.
|
Em cavidades de árvores
como o falcão-relógio (Micrastur semitorquatus),
falcão-de-buckley (Micrastur buckleyi),
o quiriquiri (Falco sparverius), caburé
(Glaucidium brasilianum), caburé-da-amazônia
(Glaucidium hardyi), coruja-listrada (Strix
hylophila), coruja-do-mato (Strix virgata) e
coruja-preta (Strix huhula).
Em solos pantanosos como
o gavião-cinza (Circus cinereus) e o gavião-do-banhado
(Circus buffoni).
No solo em meio ao capim
como a coruja-orelhuda (Asio clamator), o mocho-do-diabo
(Asio stygius), mocho-dos-banhados (Asio flammeus)
e o jacurutu (Bubo virginianus). A coruja-buraqueira
(Athene cunicularia) nidifica em buracos no solo.
Além de cavidades
em árvores e em cupinzeiros, a corujinha-do-mato
(Megascops choliba) utiliza pilares ocos de tijolos
nas casas e buracos nos telhados de casas.
|
|
O aluco (Strix aluco)
ocorre em diversos países da Europa e do
Oriente Médio. O período reprodutivo
geralmente ocorre de janeiro a julho. Nidifica em
cavidades em árvores, mas também pode
utilizar ninhos de outras aves em árvores,
em penhascos, ninhos de esquilos em árvores,
buracos em edifícios antigos e ninhos artificiais.
Colocam geralmente de 2 a 3 ovos.
|
O falcão-peregrino
(Falco peregrinus) deposita os ovos diretamente
no solo e em grutas. Algumas espécies como o falcão-de-coleira
(Falco femoralis) utilizam ninhos construídos
por outras aves. O acauã (Herpetotheres cachinnans)
e o jacurutu (Bubo virginianus) também podem
utilizar ninhos de outras aves, o primeiro eventualmente
e o segundo com frequência.
Entre os urubus, a nidificação
pode ocorrer no solo como o urubu-de-cabeça-vermelha
(Cathartes aura), grandes cavidades em árvores
como o urubu-de-cabeça-amarela (Cathartes burrovianus),
entre pedras e outros locais abrigados como o urubu-de-cabeça-preta
(Coragyps atratus), que também utiliza ocos
em árvores mortas.
O urubu-rei (Sarcoramphus
papa) pode colocar os ovos diretamente no solo de florestas
ou entre pedras, já o condor-dos-andes (Vultur
gryphus) utiliza cavidades em escarpas ou em grandes
árvores mortas.
|
|
As águias-pescadoras nidificam
em ambientes abertos para facilitar a aproximação,
que contenham uma base ampla e firme e que ofereça
segurança em relação aos predadores.
Os ninhos geralmente são construídos
em troncos, copas de árvores ou entre pequenos
ramos e troncos; em penhascos ou plataformas construídas
pelo homem. Normalmente, o macho encontra o local
antes da chegada da fêmea.
|
De uma forma geral, os rapinantes
reconhecem a construção e o local do ninho
onde nasceram e repetem os mesmos padrões em seu
próprio ciclo de reprodução. Em algumas
espécies, é comum um casal utilizar o mesmo
ninho, por vários anos como o gavião-real
(Harpia harpyja) e o falcão-caburé
(Micrastur ruficollis).
Geralmente são postos
de dois a três ovos por ninhada, mas entre os Falconiformes
é comum a postura de apenas um ovo. A incubação
é iniciada logo que a postura do primeiro ovo é
realizada, fazendo com que os filhotes tenham às
vezes tamanhos diferentes. Em períodos onde eventualmente
a disponibilidade de alimentos seja menor, o filhote mais
novo pode não sobreviver.
Conhecer o comportamento
e os padrões reprodutivos é fundamental para
a conservação dos rapinantes. Muitas espécies
ameaçadas de extinção precisam ser
estudadas para obter estas informações e subsidiar
os programas de reprodução ex situ, para que
desta forma possam ser devolvidas a natureza e continuem
exercendo o papel importante que apresentam na cadeia alimentar,
controlando populações de outros animais,
retornando nutrientes aos ecossistemas e contribuindo para
a ciência e conhecimento da biodiversidade.
|
|
As corujas podem utilizar cavidades
em árvores como a caburé (Glaucidium
brasilianum) e a coruja-listrada (Strix
hylophila). Depositar os ovos no solo em meio
ao capim como a coruja-orelhuda (Asio clamator)
e, o mocho-do-diabo (Asio stygius). Em
buracos no solo como a coruja-buraqueira (Athene
cunicularia) e em cavidades em árvores
e em cupinzeiros como a corujinha-do-mato (Megascops
choliba).
|
Em comemoração
ao centenário da aprovação da Lei do
Tratado das Aves Migratórias (MBTA, na sigla em inglês),
importantes instituições estrangeiras como
National Audubon Society, National Geographic, BirdLife
International e The Cornell Lab of Ornithology, oficializaram
2018 como o Ano da Ave. Aqui no Brasil, a Agência
Ambiental Pick-upau também realizará uma série
de ações para a promoção do
Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras, incluindo matérias
especiais sobre as aves nas mais diversas áreas,
como na ciência.
O Projeto Aves realiza diversas atividades voltadas ao estudo
e conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas
sobre frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância da conservação
das comunidades de avifauna.
|
|
Para a construção
dos ninhos, as águias-pescadoras utilizam
gravetos e forram com casca, grama e algas. Geralmente
o macho pega a maior parte do material do ninho
- às vezes quebrando galhos mortos nas árvores
próximas enquanto ele passa - e a fêmea
o organiza. Depositam de 1 a 4 ovos e incubam durante
36 a 42 dias.
|
O Projeto Aves é patrocinado pela Petrobras, por
meio do Programa Petrobras Socioambiental, desde 2015.
Da Redação
(Viviane Rodrigues Reis)
Fotos: Pixabay/Reprodução
Com informações
de: Plano de ação nacional para a conservação
de aves de rapina / Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade, 2008; Animal Diversity Web (University
of Michigan Museum of Zoology); Cornell Lab of Ornithology
e WikiAves.