Que
bicho é esse: cateto
Apresentam
ampla distribuição e consomem diferentes itens
alimentares, que varia conforme o habitat em que vivem
CATETO
Pecari tajacu (Linnaeus, 1758)
Collared Peccary
20/01/2018 – O cateto
pertence à Ordem Artiodactyla e a Família
Tayassuidae. Apresenta ampla distribuição
e ocorre em habitats distintos como florestas tropicais
úmidas, regiões semiáridas, savanas,
Gran Chaco e desertos, do sul dos Estados Unidos ao norte
da Argentina.
Nos Estados Unidos ocorre no Arizona, Novo México
e no Texas. Em grande parte do México e América
Central, Belize, Costa Rica, El Salvador, Guiana Francesa,
Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá, em
toda a Bacia Amazônica, nas florestas costeiras da
Colômbia, Equador e Peru, Llanos, florestas de terras
baixas da Venezuela, Guianas, Suriname e em todo o Brasil.
Ocorre também no
Gran Chaco do Paraguai, Bolívia, norte da Argentina
e nas bacias dos rios Paraná e Paraguai. Na Argentina
está extinta nas porções leste e sul
de sua distribuição e as populações
de Missiones estão isoladas do restante do país.
Ocorrem também em Trinidad e Tobago. Expandiu-se
para o norte no sudoeste dos Estados Unidos incluindo Oklahoma
próximo ao Texas.
No Brasil pode ser encontrado
em todos os biomas em locais com cobertura vegetal. Para
permanecerem juntos, os indivíduos utilizam a vocalização
e uma substância que liberam por meio de uma glândula
que possuem na região dorsal próximo a cauda.
Esta secreção tem odor forte e é liberada
em troncos de árvores, pedras e em outros indivíduos.
São muito sociais,
os bandos têm de 5 a 25 indivíduos. Geralmente
se reúnem no início do dia e final da tarde,
mas durante o dia fragmentam-se em um ou até três
indivíduos. Durante boa parte do final da manhã
e começo da tarde descansam em cavidades escavadas
nas bases de grandes árvores, ao lado de troncos
caídos ou em outros locais com temperatura amena.
Alimentam-se, sobretudo,
nas primeiras horas da noite. A dieta é variada assim
como os habitats que possuem. Alimentam-se de raízes,
tubérculos, frutos, sementes, insetos e pequenos
animais. Consome frutos de mais de 128 espécies de
plantas. Frutos de palmeiras compõe de maneira predominante
o item alimentar nas florestas tropicais, incluindo frutos
de mais de 25 espécies, que são complementados
com pequenos vertebrados e invertebrados.
Durante o forrageamento
os catetos podem se reunir junto com quatis (Nasua nasua)
e bugios (Alouatta caraya) para consumir os
frutos de palmeiras que são derrubados por eles.
Em ambientes desérticos o item alimentar que predomina
são os cladófilos do cacto-da-índia
(Opuntia spp.).
A gestação
dura em torno de 144 a 148 dias e nascem geralmente dois
filhotes, que apresentam pelos mais avermelhados que são
trocados no terceiro mês de vida. No Pantanal, os
catetos têm um peso médio de 18 kg e uma área
de uso de aproximadamente 2,3 km2. Na Mata Atlântica
a área de uso é de 102 a 287 hectares.
Assim como as queixadas,
os catetos podem ser indicadores da qualidade ambiental.
A presença de queixadas em um ambiente indica que
o habitat é bastante conservado, já os catetos
apresentam maior tolerância a ambientes alterados,
ou seja, sua ausência indica alto grau de degradação
ambiental e um habitat muito perturbado.
Apesar de não estar
ameaçado nas avaliações global e regional
(IUCN/ICMBIO, 2011) os catetos sofrem algumas ameaças,
na Amazônia e na Mata Atlântica a principal
ameaça é a caça. Juntamente com a queixada
(Tayassu pecari) o cateto é muito caçado
por causa da apreciação de sua carne e o interesse
internacional pelo seu couro. A fragmentação
e destruição de habitat é a segunda
ameaça nestes biomas e a principal nos biomas da
caatinga e do cerrado.
No pantanal a perda de florestas
é o que mais ameaça os catetos. Outras ameaças
são o fogo, impacto por doenças infecciosas
e a presença da espécie exótica Sus
scrofa, javalis ou porcos monteiros (como são conhecidos
no Pantanal), que são favorecidos pelo desmatamento
e pela fragmentação de habitats que vem ocorrendo
muito no Pantanal. Está quase ameaçado (NT)
no bioma Mata Atlântica e em São Paulo devido
à redução populacional em consequência
da caça, perda de qualidade de habitat e à
fragmentação.
Está ameaçado
de extinção em alguns estados brasileiros:
vulnerável no Paraná (IAP, 2010), Rio de Janeiro
(Bergallo et al. 2000), Espírito Santo (Espírito
Santo, 2005) e Minas Gerais (Drummond et al. 2008)
e em perigo no Rio Grande do Sul (Marques et al.
2002). Inserido no Apêndice II da Cites (CITES, 2010),
cujo comércio deve ser controlado a fim de evitar
usos incompatíveis com sua sobrevivência.
Da Redação/Viviane
Rodrigues Reis
Fotos: Reprodução/Pixabay
Referências
Bergallo, H.G.; Rocha, C.F.D.; Alves, M.A.S. & Van Sluys,
M. 2000. A fauna ameaçada de extinção
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de São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente, São
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Acesso em: 01 de outubro de 2018.
Drummond, G. M.; Martins, C. S.; Mendes-Mariz, C. F. 2008.
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Diário Oficial do Estado do Espírito Santo.
Gongora, J., Reyna-Hurtado,
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Downloaded on 01 October 2018.
ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade. Avaliação do Risco de Extinção
do Cateto Pecari tajacu Linnaeus, 1758, no Brasil. Biodiversidade
Brasileira (2012) Ano II, Nº 3, 74-83.
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(Publicações Avulsas FZB, 11).