Ratos
introduzidos em ilha no Atlântico devoram albatrozes
Roedores
estão atacando aves ameaçadas de extinção
13/12/2019 – A Ilha
de Gonçalo Álvares, no Atlântico Sul
está sendo palco de um fenômeno preocupante
para espécies ameaçadas e a causa foi a ocupação
humana. Roedores estão atacando filhotes e adultos
de aves que vivem no local.
Segundo especialistas da
Royal Society for the Protection of Birds (RSPB), que registraram
o caso, isso já havia sido visto na ilha norte-americana
de Atol Midway, no Pacífico Norte. Em Gonçalo
Álvares também foram registrados casos semelhantes,
contudo apenas com filhotes das aves, que eram deixados
no ninho, durante o inverno.
Agora, pela primeira vez,
roedores foram vistos devorando albatrozes-de-tristão
(Diomedea dabbenena) adultos na região. O registro
é importante e preocupante. Segundo especialistas
99% dos indivíduos da espécie vivem no local.
"Sabemos há
mais de uma década que os ratos da Ilha de Gonçalo
Álvares atacam e matam filhotes de aves marinhas.
Embora isso já seja motivo de grande preocupação,
ataques a adultos, que podem produzir dezenas de filhotes
durante a vida, podem ser devastadores para as populações
[dessas espécies]", explica Chris Jones, da
RSPB, em comunicado.
A circunstância apresenta
dois problemas para a espécie. O albatroz-de-tristão
tem um único parceiro durante toda sua vida, portanto
se um dos indivíduos for atacado e morrer, o outro
não procriará mais, podendo levar a espécie
a provável extinção.
Já com status “em
perigo crítico”, segundo a IUCN, Red List of
Threatened Species, na sigla em inglês, (Lista Vermelha
da União Internacional para a Conservação
da Natureza e dos Recursos Naturais), o albatroz-de-tristão
mantém na ilha apenas 2 mil casais. Segundo pesquisadores,
cerca de 2 milhões de filhotes deixaram de nascer,
por conta do ataque desses roedores introduzidos na região.
Segundo relatos, os roedores
não são da região e foram introduzidos
acidentalmente por marinheiros no século 19. Mais
de um século depois esses ratos se adaptaram ao ambiente
e usam como base de sua alimentação espécies
de aves, como o albatroz-de-tristão.
Os pesquisadores explicam
que existem 24 espécies de aves que fazem ninhos
na ilha, dessas, 19 estão sendo atacadas pelos roedores.
"Esse é um desenvolvimento terrível,
e esses gigantes gentis [albatrozes] poderão ser
perdidos ainda mais rapidamente do que havíamos previsto",
relata Jones.
RSPB está trabalhando
em parceria com moradores da Ilha de Gonçalo Álvares
para erradicar os roedores. O projeto prevê que até
2020 o problema possa ser resolvido a um custo de 9 milhões
de libras esterlinas (cerca de R$ 49 milhões).
Projeto Aves realiza diversas
atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria
e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine;
produção e plantio de espécies vegetais,
além de atividades socioambientais com crianças,
jovens e adultos, sobre a importância da conservação
das comunidades de avifauna. O Projeto Aves é patrocinado
pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental,
desde 2015.
Da Redação,
com informações da Galileu