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Qual a capacidade de pensamento das aves
Pesquisadores revisam estudos sobre a evolução da cognição das aves

23/09/2020 – A maioria das pesquisas que estudam as funções cerebrais e a inteligência era realizada em seres humanos e animais com alguma semelhança, como primatas e outros mamíferos. Entretanto, agora os estudos se voltam para algumas espécies de aves como corvídeos e papagaios, que também possuem habilidades cognitivas elaboradas, que por vezes, podem ser relacionadas às de mamíferos de cérebro grande.

Revisões sobre recentes descobertas relacionadas à evolução cognitiva de aves foram realizadas por pesquisadores da Queen Mary University of London e University of Cambridge, no Reino Unido. O estudo centraliza as comparações em um grupo de ferramentas cognitivas que aves têm em comum com humanos e outros mamíferos. Esse chamado kit de ferramentas contém inúmeros processos como flexibilidade comportamental, representações de possíveis cenários futuros, raciocínio causal e até imaginação.

Reprodução/Pixabay

 



"Nós revisamos estudos experimentais em corvídeos e papagaios que testaram processos cognitivos complexos neste kit de ferramentas. Em seguida, fornecemos exemplos experimentais para o envolvimento potencial de habilidades metacognitivas na expressão do kit de ferramentas cognitivas", descreve o artigo.

Durante muito tempo, pesquisadores e cientistas deduziam que a maioria do comportamento das aves era de natureza instintiva e que possuíam cérebros primitivos, em relação aos mamíferos, e que poderiam realizar processos mentais básicos. As pesquisas até então avaliavam na neurociência aspectos simples de cognição em aves, em função de humanos e outros animais, do ponto de vista da aprendizagem associativa e de percepção.

Reprodução/Pixabay

 



Contudo, o zoólogo britânico William Homan Thorpe, em meados de 1900, apresentou uma pesquisa em que aves eram capazes de cognições bem mais complexas que tínhamos conhecimento. Thorpe descobriu que o tentilhão, uma pequena ave passeriforme, que ficou conhecida pelas experiências de Charles Darwin, nas Ilhas Galápagos, quando treinado por um tutor ao vivo ou com um som pré-gravado, aprendeu a canção e depois conseguiu gradualmente cantá-la.

A pesquisa de Thorpe fomentou vários outros estudos que investigam a capacidade de aves aprenderem a cantar, como os papagaios aprendem frases faladas por humanos. A psicóloga Irene Pepperberg realizou uma pesquisa que se tornou um marco no estudo da cognição das aves. A pesquisadora foi uma das primeiras a estudar a possível essa possível capacidade, em suas palavras “aprendizado excepcional”.

Reprodução/Pixabay

 



No novo artigo os pesquisadores relatam os desenvolvimentos no estudo dos cérebros das aves descritos nos trabalhos de Thorpe e Pepperberg, colocando a discussão de que espécies da família corvidae e papagaios sejam capazes de realizar processos cognitivos complexos. Para isso foram observados processos mentais específicos em aves e mamíferos.

Segundo os pesquisadores, as habilidades mentais avançadas relatadas em aves são relacionadas como metacognição, ou seja, a capacidade de compreender e monitorar estados internos, como processo de pensamentos. Então podemos dizer que algumas espécies de aves podem ser capazes de ter habilidades cognitivas avançadas, como ter um nível de autoconsciência.

"Expandimos ainda mais a discussão das habilidades cognitivas e metacognitivas em espécies de aves, sugerindo que uma avaliação integrada desses processos, juntamente com tarefas revisadas e múltiplas de auto-reconhecimento do espelho, pode lançar luz sobre um dos tópicos mais debatidos na literatura anterior - autoconsciência em animais", dizem os pesquisadores.

Reprodução/Pixabay

 



Em um experimento chamado de ‘marca’, onde animais são observados diante de um espelho, após uma marca ser colocada em seu corpo, para observar se eles se reconhecem e tocam ou investigam a marca, as aves até o momento, apresentaram resultados pífios, o que pode indicar que as aves não possuem autoconsciência. Entretanto, os pesquisadores afirmam que esse teste pode não ser adequado para alguns animais, visto que as diferenças anatômicas e os sistemas sensoriais, entre as espécies, poderiam afetar os resultados.

“É realmente possível que as espécies de aves testadas simplesmente não reconheçam sua própria imagem refletida. No entanto, os poucos experimentos que investigaram o uso de espelho em papagaios e corvídeos, sem fazer uso do teste de marca demonstraram sua capacidade de usar espelhos e suas informações refletidas de maneiras complexas. Em vez disso, é provável que o teste de marca não seja metodologicamente adequado para uso com espécies aviárias, devido a alguma peculiaridade morfológica ou comportamental (por exemplo, ausência de braços), ou que o teste de marcação sozinho é insuficiente para detectar, com precisão suficiente, a presença de autoconsciência em aves", explicam os cientistas.

Reprodução/Pixabay

 



Esse artigo de revisão bibliográfica, produzido por pesquisadores da Queen Mary University of London e University of Cambridge, traz um importante resumo de pesquisas anteriores sobre as capacidades das aves e reitera a necessidade de novos estudos para avaliar a capacidade cognitiva das aves. Espera-se que esse estudo possa nortear e fomentar pesquisas que investiguem as aves e outras espécies de animais que mais diferem dos humanos.


Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes, polinização de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção e plantio de espécies vegetais, além de atividades socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a importância em atuar na conservação das aves.

Da Redação, com informações da Phys e Science X
Fotos: Reprodução/Pixabay

 
 
 
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