Pesquisa
pode revelar novas tendências evolutivas das aves
Tentilhões
que ajudaram Charles Darwin agora podem revelar novas descobertas
sobre evolução das espécies
26/11/2020 – Charles
Darwin há quase 200 anos, teve uma extraordinária
experiência ao observar a incrível diversidade
entre os tentilhões das Ilhas de Galápagos.
Essas observações foram fundamentais para
que Darwin chegasse às conclusões da seleção
natural das espécies. Agora alguns pesquisadores
estão interessados em outro grupo de aves, espécies
granívoras que consomem sementes-capuchinhos, que
também se assemelham aos tentilhões da América
do Sul.
Adam Siepel, professor do
Laboratório Cold Spring Harbor e colaboradores da
Universidade Cornell e do Centro Interdisciplinar de Herzliya,
em Israel, estão usando evidências genéticas
para compreender e explicar como diferentes espécies
granívoras que tem como dieta especial sementes-capuchinho
adquiriram padrões diferentes de coloração.
As descobertas dos pesquisadores começam a revelar
o papel das chamadas varreduras seletivas, um processo genético
onde uma variação acontece naturalmente, torna-se
uma vantagem e é favorável pela seleção
natural, no surgimento de novas espécies.
Essas espécies granívoras
tornaram-se de interesse dos pesquisadores evolucionistas
porque se diferenciaram de seus ancestrais comuns há
pouco tempo. Segundo os cientistas, cada espécie
possui plumagem característica e sua própria
vocalização. As diferenças ocorrem
por diversas variações em apenas algumas dezenas
de locos em genomas bem semelhantes. Para os pesquisadores,
essas pequenas ilhas de diferenciação genéticas
distinguem cada espécie no principio de sua divisão
evolutiva. Com o passar do tempo, as espécies ficam
ainda mais diferentes, espera-se que também haja
mais mudanças em seus genomas.
Leo Campagna e Irby Lovette,
em Cornell, determinaram há alguns anos, que muitas
dessas ilhas de certa forma afetavam os genes de produção
de pigmento. Neste novo estudo Siepel e seus colegas colaboraram
com Campagna e Lovette para identificar locais de diferenciações
adicionais e estudar suas causas.
Segundo os pesquisadores,
dois processos genéticos diferentes podem criar ilhas
de diferenciação com varreduras seletivas,
ou de certa forma uma incompatibilidade genética
que limita a transmissão de segmentos específicos
de DNA dentro de uma população específica.
Ferramentas computacionais
criadas no laboratório de Siepel proporcionaram a
sua equipe, liderada pelo pesquisador de pós-doutorado
Hussein Hejase, a discriminar essas possibilidades. Os cientistas
compararam os genomas de 60 indivíduos de cinco espécies
e confirmou que a maioria das ilhas de diferenciação
que separam as espécies granívoras de hoje
surgiu devido a essas varreduras seletivas.
“A varredura suave
atua em uma variante que já existe na população.
Mas essa variante recentemente fica sob pressão seletiva,
talvez por causa de uma mudança de ambiente, um novo
predador, um novo alimento, seja o que for. Ou, neste caso,
pensamos em muitas formas, por causa da seleção
sexual, porque as aves do sexo oposto achavam algum aspecto
dessa variante atraente, seja sua coloração
ou canto, e isso ajudou a colocá-la em alta frequência",
afirma Siepel.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações da Revista Phys
Fotos: Reprodução/Pixabay