Fóssil
de Madagascar vira a anatomia evolutiva das aves de cabeça
para baixo
Falcatakely
era uma ave com estrutura óssea facial parecida com
a de um dinossauro, mas com aparência de ave moderna
14/12/2020 – Cientistas
descobriram uma nova espécie de ave com 68 milhões
de anos. O fóssil foi descoberto na ilha de Madagascar
e possui um bico incomum que pode fornecer novas evidências
sobre como as aves evoluíram.
Identificado a partir de
um único crânio, quase completo que foi fossilizado
depois de permanecer enterrado em escombros lamacentos,
o Falcatakely é uma ave do tamanho de um corvo com
um bico em forma de foice. Apesar dessa característica
não ser incomum em aves modernas, existe uma lacuna
de dezenas de milhões de anos entre essas espécies
em evolução, como os modernos tucanos e calaus.
“O que é surpreendente
é que essas linhagens convergiram para a mesma anatomia
básica, apesar de serem muito distantemente relacionadas”,
disse o Dr. Ryan Felice, professor de anatomia humana na
University College London e um dos autores do estudo, a
Science Focus. Os pesquisadores informam que essa foi a
primeira vez que esse formato de bico foi encontrado em
uma ave da era Mesozoica, que compreende os períodos
Cretáceo, Jurássico e Triássico.
Ao observar o fóssil
de Falcatakely outra característica incomum ficou
evidente. Embora sua face tenha aparência de uma ave
moderna, sua estrutura óssea subjacente é
bem mais parecida com a de um dinossauro. As aves modernas
têm bicos, na maioria compostos de um grande osso,
conhecido como pré-maxila. Mas aves antigas como
a Archaeopteryx tinham dois, com um pequeno pré-maxilar
e uma grande maxila.
Dessa forma Falcatakely
desenvolveu uma face moderna, mas sem uma estrutura moderna.
"Falcatakely pode geralmente se assemelhar a qualquer
ave moderna com a pele e o bico no lugar, no entanto, é
a estrutura esquelética subjacente da face que transforma
o que sabemos sobre a anatomia evolutiva das aves em sua
cabeça", disse o professor Patrick O'Connor,
um anatomista da Universidade de Ohio.
A equipe de pesquisadores
não conseguiu estudar o crânio diretamente.
Fósseis de aves são raros, pois seus esqueletos
são muito frágeis e geralmente são
destruídos em vez de fossilizados. O espécime
é tão frágil que não foi possível
removê-lo da rocha. Em vez disso, os cientistas usaram
uma micro-tomografia computadorizada de alta resolução
para escanear o fóssil no local e depois reconstruí-lo
digitalmente.
“A descoberta de Falcatakely
ressalta que grande parte da história profunda da
Terra ainda está envolta em mistério”,
acrescentou O'Connor, “particularmente nas partes
do planeta que foram relativamente menos exploradas”.
“Quanto mais aprendemos
sobre animais, plantas e ecossistemas do período
Cretáceo no que hoje é Madagascar, mais vemos
que sua assinatura biótica única remonta ao
passado e não é apenas um reflexo do ecossistema
da ilha em tempos recentes”,conclui.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações da Science Focus