Políticas
de ar limpo salvam aves
Uma
nova estimativa afirma que a redução da poluição
por ozônio salvou 1,5 bilhão de aves nos últimos
40 anos
17/12/2020 – Inflama
as vias respiratórias, deixa os pulmões mais
vulneráveis, agravando asma, bronquite e outras deficiências
respiratórias, principalmente em dias mais quentes
e ensolarados. Esses são alguns efeitos de quem respira
ozônio que sai de usinas elétricas e chaminés
industriais e que se acumulam próximo ao solo. Em
2003, vários estados do Nordeste dos Estados Unidos
e o Distrito Federal (DC) se juntaram para implantar o Programa
de Comércio Orçamentário de NOx”,
um acordo de limite e comércio projetado para redução
das emissões de ozônio durante o verão,
quando são mais prejudiciais.
Essa regulamentação,
aliada com políticas relacionadas à poluição
semelhante, como a Lei do Ar Limpo, conseguem atingir as
metas previstas. Segundo pesquisas recentes no PNAS (Proceedings
of the National Academy of Sciences of the United States
of America), essas iniciativas também tornaram a
vida das aves mais saudável. Apesar da população
de aves na América do Norte tenha sido reduzida em
cerca de 29%, desde 1970, o cenário seria bem pior
sem a regulamentação do ozônio.
Para pesquisar como as quantidades
de ozônio afetam a população de aves,
os pesquisadores se debruçaram em três tipos
de informações públicas: medições
de poluição no nível solo da EPA (Agência
de Proteção Ambiental dos Estados Unidos);
informações de regulamentação
de poluição de diversos estados; e a observação
de aves, por meio da plataforma eBird, um projeto do Cornell
Lab of Ornithology.
Depois de analisar fatores
do clima, mudanças das estações e os
esforços dos observadores, os autores do estudo chegaram
a "um banco de dados longitudinal que rastreia as mudanças
mês a mês na abundância de aves, qualidade
do ar e status de regulamentação", para
diversos condados dos EUA, entre 2002 e 2016. Eles descobriram
que as concentrações de ozônio além
do normal coincidiam com níveis baixos de incidência
de aves.
Como a regulamentação
iniciou em um determinado ano e se aplica apenas aos meses
de verão e a certos estados, foi possível
realizar algumas comparações. Em locais onde
o NBP foi aplicado, o ozônio foi reduzido em média
4,2 partes por bilhão e a abundância de aves
aumentou em média de 0,235 desvios-padrão
da norma (o número real ou porcentagem depende da
população específica em questão).
Segundo os pesquisadores, as aves pequenas e terrestres
são responsáveis pela maior parte desse aumento.
Isso incrementa o elo da cadeia de eventos: mais regulamentação
antipoluição, menos ozônio e mais aves.
Por último, eles
usaram esses resultados para demonstrar que quando legisladores
americanos não se preocuparam com o ozônio,
o universo pode ser bem sombrio “as aves teriam diminuído
em mais 1,5 bilhão”, escrevem. Em outras palavras,
conforme o estudo, "20% da população
atual de aves... [pode] ser atribuída a melhorias
nas concentrações de ozônio nos últimos
40 anos."
Além da preocupação
com as aves, dos efeitos respiratórios em humanos,
há evidências de que o ozônio reduz a
produtividade de ecossistemas inteiros ao inibir o crescimento
de plantas. Esse cenário atrapalha os insetos, afeta
as aves, prejudica os mamíferos, ou seja, os efeitos
de um produto químico pode reverberar por toda teia
ecológica.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações da Anthropocene Magazine
Fotos: Reprodução/Pixabay
Fonte: Liang, Yuanning et. al. “Conservação
cobenefícios da regulação da poluição
do ar: evidências de pássaros.” Proceedings
of the National Academy of Sciences, 2020.