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Uma pequena mudança na pesca salva milhares de aves
As aves que se emaranhavam em linhas de pesca agora são afugentadas por tubos coloridos


01/02/2021 – Barcos pesqueiros na Namíbia realizaram uma mudança simples e barata e agora estão salvando dezenas de milhares de aves marinhas vulneráveis anualmente, segundo estimativas de pesquisadores.

Parte das frotas pesqueiras industriais utilizam linhas longas equipadas com milhares de anzóis, que acabam atraindo aves marinhas. Na tentativa de capturar das iscas, as aves ficam presas nas linhas e acabam morrendo.


Reprodução/Wikipedia

 



Mas agora os pesqueiros passaram a colocar pedaços de mangueiras vermelhas ou amarelas, cada uma com alguns metros de comprimento, em linhas separadas que são rebocadas pelos barcos. Com esse artifício foi possível afugentar as aves e evitar um grande número de mortes, segundo uma pesquisa publicada no jornal Biological Conservation.

Estima-se que apenas em 2009, mais de 22.000 aves foram mortas acidentalmente por equipamentos de pesca com palangre (pesca com espinhel). Contudo, a estimativa é que em 2018, cerca de 215 aves tenham morrido por essa causa, apesar dos barcos usarem mais anzóis naquele ano.

Entre as várias espécies que se beneficiaram com a nova medida estão a pardela-preta (Procellaria aequinoctialis), o albatroz-de-bico-amarelo-do-atlântico (Thalassarche chlororhynchos) e o atobá-do-cabo (Morus capensis), cujas as populações se apresentam em declínio.


Reprodução/Wikipedia

 



Os pesquisadores usam dados coletados a bordo de navios namibianos para verificar o número total de mortes de aves marinhas anualmente. “Em muitas outras áreas onde trabalho, onde perdemos espécies ameaçadas, seria inédito reduzir a mortalidade em 90% ao longo de uma década”, disse o coautor Steffen Oppel no Centro de Ciências da Conservação da RSPB em Cambridge, ao The Guardian.

As águas da costa da Namíbia têm grande abundância de nutrientes e alimentos que sustentam a vida marinha. Para as aves é uma importante área de sobrevivência. Com essa disputa por alimentos, no ano passado os barcos às vezes coletavam caixas cheias de aves mortas que ficavam presas nas linhas de pesca.

A solução encontrada tem deixado os pesquisadores esperançosos. “O fato de termos feito algo a respeito... me dá uma grande sensação de alegria e realização”, disse o co-autor do relatório, Titus Shaanika, da Força-Tarefa de Albatrozes da BirdLife International na Namíbia.


Reprodução/Wikipedia

 



O uso de dispositivos que afugentam as aves marinhas de linhas de pesca é obrigatório na Namíbia desde 2015. Além das mangueiras coloridas, que são preparadas por cinco mulheres no porto de Walvis Bay, os ambientalistas também promovem o uso de pesos que são fixados aos anzóis com isca, deixando os ganchos a 10 metros de profundidade, onde as aves marinhas não alcançam.

Os albatrozes começam seu ciclo reprodutivo bem mais tarde na vida, ainda assim com moderação, por isso suas populações ficam bem vulneráveis, por causa da morte de indivíduos adultos. Nesse sentido, é importante protegê-los, explica Ed Melvin professor da Universidade de Washington, ao The Guardian.

Os navios de pesca de arrasto da Namíbia também passaram a utilizar serpentinas em seus equipamentos. Entretanto, o estudo revelou que o número de aves mortas caiu, mas a redução não foi tão grande como nos navios que usam linhas longas como isca.


Reprodução/RSPB

 



Os pesquisadores acreditam que isso ocorre provavelmente porque algumas tripulações relutam, em usar cordas que afugentam as aves, para que não se enrosquem em seus equipamentos de pesca. Segundo Shaanika, agora os pesquisadores querem trabalhar com traineiras (pequenas embarcações de pesca) para reduzir a chance de mortes das aves marinhas. “Isso apenas mostra o quanto podemos alcançar se trabalharmos juntos e ouvirmos uns aos outros”, conclui.

Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes, polinização de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção e plantio de espécies vegetais, além de atividades socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a importância em atuar na conservação das aves.

Da Redação com informações The Guardian
Fotos: Reprodução/Wikipedia/RSPB

 
 
 
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