Morte
em massa de aves está ligada a incêndios florestais
Pesquisadores
também atribuem mortes a gases tóxicos
31/03/2021 – Utilizando
dados científicos e de localização
climática, pesquisadores concluíram que os
incêndios florestais foram a causa da morte em massa
de aves no oeste e centro dos Estados Unidos, em 2020.
Após o aparecimento
anormal de uma quantidade enorme de aves migratórias
mortas em quintais de residências no Colorado e outras
regiões de estados do oeste e centro dos EUA, moradores
começaram a recolher e documentar essas observações
na plataforma científica “INaturalist”.
Dentro desse aplicativo foi criado um projeto especial para
coletar dados sobre esses acontecimentos entre agosto e
setembro de 2020, com objetivo de compartilhar o máximo
de informações sobre esse evento trágico
para a vida selvagem.
Na mesma época que
ocorreram as mortes das aves migratórias, mais de
3 milhões de hectares foram destruídos pelos
incêndios, que causou a perda de habitat e na emissão
de gases de compostos tóxicos nocivos para humanos
e para a vida selvagem. Aliado a isso, tempestades de neve
atingiram regiões do noroeste, no inicio de setembro
de 2020. Isso tudo ocorreu em meio ao processo de migração
dessas aves.
Os pesquisadores já
queriam saber se esses eventos teriam ligação
com a morte das aves e um novo estudo que foi publicado
na GeoHealth, usou dados do iNaturalist, que traziam registros
de várias espécies migratórias, como
toutinegras, gansos, beija-flores, andorinhas, papa-moscas
e pardais. O estudo teve ainda a análise de mapas
para relacionar onde as aves foram avistadas e quais eram
os locais de morte dessas aves, em função
dos incêndios florestais e das tempestades de neve.
Segundos os pesquisadores
as descobertas são claras. . “O incêndio
florestal e também o ar tóxico foram os dois
fatores que influenciaram a mortalidade das aves”,
disse Anni Yang , pós-doutoranda em ecologia espacial
na Colorado State University e uma das autoras do estudo.
Para os pesquisadores há
uma robusta correlação entre as observações
de aves mortas e os incêndios florestais e os gases
tóxicos produzidos, mas não há evidências
com as tempestades de inverno.
O sistema respiratório
das aves pode ser facilmente lesado pela poluição
do ar. Apesar de sempre ter ocorrido incêndios florestais
e as aves tenham evoluído para lidar com esses desafios,
a combinação de mudanças climáticas
e décadas de incêndios florestais nos Estados
Unidos, originou agora incêndios ainda maiores e mais
devastadores e para os pesquisadores, as aves de hoje não
estão adaptadas a esses extremos.
O estudo ainda revela que
diferenças foram registradas entre os locais. Em
regiões da Califórnia, por exemplo, as mortes
das aves ocorreram longe dos incêndios florestais.
Os motivos podem ser os impactos secundários que
alteram níveis de umidade, que pode causar a morte
das aves no ar quente e úmido sobre o oceano.
O estudo demonstrou ainda
que o solo também causou impacto na morte das aves.
As áreas urbanas registraram mais mortes, segundo
os dados. Para os pesquisadores as causas podem ser aquelas
já conhecidas como a colisão com edificações.
Mas Yang alerta que essa tendência pode não
demonstrar a realidade, por conta da pandemia, quando as
pessoas podem estar mais atentas às aves mortas ao
redor das casas, isso pode levar a uma percepção
de mais aves mortas nas cidades que nas áreas rurais
e florestais.
A relação
com as tempestades de neve também pode carecer de
aplicação científica, uma vez que as
pessoas tendem a ter mais dificuldade de sair de casa e
consequentemente observar menos aves.
Agora será importante
comparar as mortes de 2020 com eventos em outros anos para
que se possa entender as causas e efeitos dos grandes incêndios
florestais sobre a vida selvagem, sobretudo das aves.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay
Fonte: GeoHealth , https://doi.org/10.1029/2021GH000395
, 2021