Ciência
cidadã rastreia batalha de aves e bactérias
Doença
bacteriana pode reduzir população de tentilhões
12/05/2021 – Uma nova
pesquisa do Laboratório Cornell de Ornitologia, descreve
o desafio que tentilhões-domésticos estão
passando. Um ciclo mortal de imunidade e novas cepas de
uma infecção bacteriana na luta contra uma
doença ocular que já dizimou metade da população
dessas aves desde seu surgimento há 25 anos.
A doença deixa os
olhos dos tentilhões inchados, vermelhos, lacrimejando
e com crostas. As aves costumam morrer porque perdem a capacidade
de enxergar e como consequência não consegue
encontrar comida e viram presas fáceis para predadores.
Dados recentes do Projeto FeederWatch, coletados em oito
estados do nordeste americano, mostram a batalha do sistema
imunológico das aves contra essa bactéria
e devem revelar com isso pode-se dar a longo prazo.
O artigo "Dinâmica
da população hospedeira em face de um patógeno
em evolução", publicado no Journal of
Animal Ecology apresenta uma nova visão do que pode
ser uma grande batalha crescente entre a espécie
e essa ameaça a sua existência. "Os tentilhões
que são infectados, mas sobrevivem, adquirem alguma
imunidade a essa versão da bactéria e a seus
predecessores. As bactérias evoluem para contornar
a imunidade reforçada dos tentilhões. Em seguida,
as aves adquirem imunidade à cepa mais recente, e
o ciclo continua se repetindo”, afirma Wesley Hochachka,
pesquisador do Cornell Lab e primeiro autor da pesquisa.
Os pesquisadores apostam
que a imunidade adquirida, depois que o sistema imunológico
desenvolve anticorpos em contraponto a infecção
bacteriana, pode impulsionar uma defesa extra para as aves.
Mas isso pode significar uma corrida armamentista ente bactérias
e aves. Ou seja, se o desenvolvimento de uma defesa da ave
contra a bactéria não for completa ou perfeita,
pode haver um espaço para que os organismos de ataque
criem novas condições de proliferação
ou infecção e até novas cepas.
Os cientistas também
afirmam que essa imunidade poderia ocorrer por alterações
genéricas, mas isso levaria muito tempo, anos até
que os tentilhões pudessem se beneficiar de uma resistência
a bactéria. Por outro lado, essas bactérias
podem se modificar geneticamente em apenas algumas horas.
Seria uma batalha perdida para o tentilhão.
"Devemos realmente
prestar mais atenção ao papel que a imunidade
adquirida pode desempenhar na dinâmica da doença
em qualquer animal. As interações podem ser
muito mais complicadas quando o hospedeiro e a doença
são capazes de mudar rapidamente", diz Hochachka
à Phys.
No inicio do surto, em 1994,
a população geral de tentilhões caiu
pela metade. Agora as populações estão
estáveis, mas abaixo do normal. Para Hochachka isso
chama a atenção, pois segundo ele, após
um surto inicial de uma doença entre animais as populações
se recuperam ou flutuam amplamente. Contudo, ele acredita
que os tentilhões talvez não retornem aos
níveis anteriores à doença.
Para o pesquisador a doença
que atinge os olhos dos tentilhões tem relação
com a saúde humana e o uso de vacinas que traz imunidade
a doenças. Nesse caso, também com uma imunidade
incompleta, por falta de vacinas ou vacinas ineficientes
pode acelerar a disseminação de novas cepas
que não serão combatidas pelos imunizantes
utilizados.
"O surgimento de novas
doenças vai continuar acontecendo. Nós apenas
temos que desenvolver métodos e sistemas para lidar
com isso da melhor maneira possível quando uma doença
letal aparecer", conclui o pesquisador.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações da Phys/Cornell University
e de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay