Cacatuas
selvagens usam ferramentas para extrair sementes
Aves
foram flagradas usando artifícios para abrir frutas
tropicais
08/10/2021 – Para
extrair sementes de mangas marinhas, cacatuas-de-goffin,
nas ilhas Tanimbar, na Indonésia, criaram três
tipos de ferramentas com galhos de árvores. A descoberta
foi feita, enquanto pesquisadores faziam observações
dessas aves, nesse remoto arquipélago indonésio.
A cacatua-de-goffin (Cacatua
goffiniana) é também conhecida como cacatua-ruborizada
e Tanimbar corella e é endêmica do arquipélago,
ou seja, só ocorre naquela região. Entretanto,
a espécie foi introduzida em Porto Rico e Cingapura.
Essa ave é uma das
seis espécies de corella, uma divisão dentro
da família das cacatuas. Dessas, três são
encontradas na Austrália e são difíceis
de serem observadas na natureza, pois vive em copas densas
e são arredias a presença humana, diz Berenika
Mioduszewska, da Universidade de Medicina Veterinária
de Viena, uma das autoras do estudo.
Esse grupo de pesquisadores
estuda a cacatua-de-goffin desde 2015, observando as aves
capturadas na natureza, deixandos-as em um aviário,
antes de serem devolvidas a vida selvagem. Segundo Dr. Mark
O'Hara, co-autor do estudo, as cacatuas apresentaram alta
capacidade para fabricar ferramentas para o uso na alimentação.
Para serem testadas, as
cacatuas receberam diferentes frutas tropicais, as mesmas
que foram avistadas na floresta. “Ficamos maravilhados
quando, de repente, um deles começou a usar ferramentas
[em mangas marinhas]. Descobriu-se que dentro do bando de
15 aves, apenas dois indivíduos fizeram isso”,
diz O'Hara.
Após a observação
do comportamento das cacatuas, os pesquisadores classificaram
as ferramentas rudimentares em três tipos. As aves
usam galhos grossos e resistes para abrir uma fruta, depois
instrumentos mais finos para perfurar a camada que protege
as sementes, como uma faca e por último, outra ferramenta
de porte médio para capturar o material interno da
semente.
Os pesquisadores verificaram
que as cacatuas ‘construíam’ essas ferramentas
finas e médias separando pedaços de galhos
mais delicados. Já as ferramentas mais grossas e
robustas eram produzidas a partir de galhos inteiros, separando
uma parte do toco do galho. Depois as aves esculpiam as
ferramentas, usando seus bicos. Cada ave usou oito ferramentas
em cada fruta.
Segundo Mioduszewska, ao
contrário de outras aves, como os corvos, na Nova
Caledônia, que já foram observados utilizando
ferramentas, no caso das cacatuas, esse comportamento, não
parece uma herança genética, pois engloba
toda a espécie.
“Apenas poucos indivíduos
estavam usando essas ferramentas ... isso é uma indicação
de que provavelmente elas se desenvolveram individualmente
como uma inovação”, diz Mioduszewska.
“As corellas são
menores do que as outras cacatuas. O pássaro menor
pode ter um bico menor, então eles não podem
simplesmente morder a fruta e, portanto, eles [podem] precisar
de alguns pequenos truques”, completa Mioduszewska
que teve seu estudo publicado na revista científica
Current Biology.
Agora a equipe pretende
estudar o quanto esse comportamento das cacatuas-de-goffin
influenciam nas ilhas Tanimbar e se o padrão se proliferou
entre os grupos de aves. Condutas sociais já foram
observadas em outras espécies de cacatuas, como a
cacatua-de-crista-amarela, em Sydney, na Austrália,
que são capazes de abrir latas de lixo em busca de
alimentos.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay