Pinguins
podem identificar rostos e vozes de seus pares
Exceto
em corvos, essa capacidade era desconhecida no reino das
aves
22/10/2021 – Uma nova
pesquisa publicada na revista Proceedings of the Royal Society
B, indica que pinguins têm a habilidade de identificar
seus parentes, essa função cognitiva altamente
refinada também pode ser vista em leões, macacos
rhesus e cabras. No reino das aves, isso havia sido relatado
apenas em corvos.
“Este processo aparentemente
fácil, denominado reconhecimento individual intermodal,
requer que nosso cérebro integre simultaneamente
informações de diferentes modalidades sensoriais
e identifique um indivíduo com base em seu conjunto
único de características multimodais”,
diz o estudo.
O estudo acrescenta nessa
seleta lista os pinguins-africanos, nativos da costa da
Namíbia, África do Sul e das Ilhas Penguin.
E as características dessas regiões parecem
ter influenciado nessa capacidade das aves.
“Imagine uma grande
colônia [de pinguins] neste ambiente realmente desafiador,
com muito ruído do vento, ruído de fundo.
E, potencialmente, eles estão contando com a comunicação
vocal, ligando uns para os outros quando estão voltando
de uma viagem de caça, por exemplo. Mas também,
seu padrão único de manchas pretas [pode se
tornar difícil de decifrar] entre as ondas e rochas.
Portanto, a capacidade de integrar identificadores visuais
e auditivos pode ser necessária quando uma das pistas
não estiver disponível.”, disse Luigi
Baciadonna, principal autor do estudo à New Scientist.
Os pesquisadores selecionaram
dez pinguins , entre 17 que vivem no Parque Marinho Zoomarine,
em Torvaianica, na Itália, dividindo os indivíduos
em pares. Sendo alguns em amigos e outros em parceiros.
Após um minuto juntos, um tratador separava os indivíduos,
depois de 20 segundos, uma vocalização poderia
ser ouvida em outro recinto. “A evidência de
reconhecimento individual intermodal […] baseou-se
em variações de paradigmas de violação
de expectativa”, explica.
A vocalização
tratava-se de uma gravação de outros membros,
ou seja, uma forma de tentar ludibriar os indivíduos
do experimento. Dessa maneira, os pesquisadores faziam com
que os pinguins ouvissem a vocalização de
seus parceiros, mas também de pinguins amigos, diferentes
daqueles selecionados nos grupos de controle. Os pesquisadores
verificaram que os pinguins agiam de forma distinta. Os
indivíduos do experimento responderam a cada vocalização
observando a porta, mas faziam isso cinco vezes mais rápido
quando o chamado não correspondia ao pinguim que
acabará de sair da porta.
“Essencialmente, se
você ouvir a ligação do mesmo indivíduo
que saiu há alguns segundos, é mais provável
que a ligação pertença a esse individuo,
não a algum [indivíduo] aleatório.
Então, quando há uma incompatibilidade entre
a entrada visual e acústica, chamamos isso de ‘violação
da expectativa’, e eles reagem mais rapidamente”,
explica Baciadonna à New Scientist.
Segundo os pesquisadores,
apesar de tratar-se de uma importante descoberta evolutiva
na comunicação e cognição dos
pinguins, era algo, relativamente esperado “a capacidade
de identificar os vizinhos amigáveis tanto visualmente
quanto vocalmente pode ter evoluído para ajudar a
reduzir conflitos desnecessários”, dizem os
cientistas.
“Os pinguins…
separaram-se de outras aves e perderam a capacidade de voar
há cerca de 65 [milhões de anos]. Eles são
filogeneticamente distantes e distintos da maioria das outras
aves. Nossos resultados atuais sugerem que os pinguins-africanos
formam representações internas de seus companheiros
de colônia, sugerindo que essa habilidade é
muito mais difundida entre o táxon aviário
do que se pensava anteriormente”, conclui o artigo.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay