COVID
levou pessoas às casas e as aves para áreas
urbanas
Ausência
de humanos nas ruas levou animais silvestres às cidades
na América do Norte, diz pesquisa
27/10/2021 – O distanciamento
social e a aplicação de lockdown (bloqueios
totais ou parciais) promovidos por autoridades em todo mundo,
para conter o avanço da Covid-19, reduziu drasticamente
a circulação de pessoas nas grandes cidades.
Mas para animais silvestres, como aves o efeito foi o contrário,
é o que diz uma nova pesquisa.
Segundo estudo publicado
na Science Advances, a distribuição de 80%
das espécies de aves analisadas na América
do Norte, no período de lockdown da pandemia em 2020,
aumentou nas áreas urbanas, por conta da queda drástica
da circulação de humanos e veículos.
A pesquisa identificou que
pardais e toutinegras migraram para o centro das cidades
e que colibris-de-garganta-rubi foram três vezes mais
avistados próximos a aeroportos. Já as águias-americanas
foram registradas muitas vezes em áreas até
então restritas a humanos. Para os pesquisadores,
a maior parte dessa mudança de comportamento ocorreu
próximo de estradas, onde antes o ruído e
a poluição eram maiores.
Nicola Koper, coautor do
estudo e biólogo conservacionista da Universidade
de Manitoba, em Winnipeg, no Canadá, explica os resultados
do estudo. “O notável é como as espécies
mudaram suas distribuições, como os bloqueios
às beneficiaram.” O impacto humano é
gigantesco sobre as espécies. “Se você
olhar os dados antes da pandemia, as espécies de
pássaros evitaram as estradas, mas esse padrão
desapareceu completamente. Eles não perceberam as
estradas como perigosas depois que o tráfego foi
embora. Isso sugere que o tráfego deslocou os pássaros
e, uma vez que você remova os carros, eles voltarão
novamente”, diz o biólogo.
Relatos de animais silvestres
nas cidades foram feitos por várias partes do mundo.
Patos foram vistos nas fontes de Roma, golfinhos próximos
de Istambul, na Turquia, cabras nas ruas de Llandudno, no
País de Gales, até pumas nas ruas de Santiago,
no Chile. Contudo, Koper afirmar que boa parte dessas aparições
foram relatos, daí a necessidade de sistematizar
as informações para avaliar essa mudança
de comportamento de animais silvestres. Por meio do aplicativo
eBird, abastecido por voluntários, os pesquisadores
analisaram 4,3 milhões de aves.
Para os pesquisadores, aves
e outras espécies se beneficiaram dessa ausência
de atividade humana. “As pessoas sentiram que estavam
vendo mais vida selvagem perto delas no ano passado e isso
pode muito bem ser verdade. Isso sugere que, se mudarmos
nossos usos da paisagem, podemos fornecer mais espaço
para espécies em declínio. O habitat perdido
é difícil de substituir, mas podemos fazer
algo em relação ao tráfego de automóveis”,
afirma Koper.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay