Cultivo
de árvores nativas gera retorno ao investimento de
até 28,4% ao ano
Estudo
divulgado pela Coalizão Brasil é mais um indicativo
dos benefícios da restauração ecológica
02/12/2021 – Comunicado
– Um retorno de investimento com mediana de 15,8%,
podendo alcançar 28,4% ao ano: esta é uma
das principais conclusões da análise de 40
projetos de plantio de árvores nativas brasileiras
em quatro dos seis biomas brasileiros. O estudo constatou
ainda que modelos produtivos com espécies nativas
podem retirar de 6,7 a 12,5 toneladas de dióxido
de carbono equivalente da atmosfera por hectare ao ano.
Eles também reduzem a erosão do solo, melhorando
a qualidade da água que chega aos rios e reservatórios.
Liderado pelo Força-Tarefa
Silvicultura de Espécies Nativas da Coalizão
Brasil Clima, Florestas e Agricultura, com apoio e coordenação
do WRI Brasil, o estudo avaliou 40 casos implementados ou
apoiados por 30 diferentes agentes econômicos - desde
agricultores familiares a parcerias com finalidade experimental,
bem como empresas rurais. Juntos, eles ocupam mais de 12
mil hectares em oito estados, com predominância nos
dois principais biomas florestais do Brasil, Amazônia
e Mata Atlântica.
A análise se concentrou
em três diferentes modelos que possibilitam o cultivo
de árvores nativas brasileiras: a silvicultura de
espécies nativas, os sistemas agroflorestais (SAF)
e o sistema integração lavoura-pecuária-floresta
(ILPF). Ao todo, os 40 casos avaliados cultivam mais de
100 espe´cies florestais e agrícolas, entre
nativas e exóticas.
A avaliação
econômica desses projetos mostrou que as taxas internas
de retorno (TIR) dos investimentos variam de 2,5% a 28,4%
ao ano, com mediana de 15,8%. Com exceção
de dois casos, todos os resultados mostram TIR superior
a 9% - percentual competitivo na comparação
com outras atividades agropecuárias. A rentabilidade
para o produtor é também um indicativo de
que o Brasil tem uma grande oportunidade de gerar emprego
e renda se aumentar e der escala a atividades de silvicultura
de espécies nativas na produção de
madeira, óleos vegetais, alimentos como castanhas,
frutas e diversos outros produtos florestais.
"Há um enorme
potencial para os produtos florestais brasileiros nas cadeias
produtivas nacionais e globais. No caso do mercado de madeira
tropical, por exemplo, menos de 10% da produção
mundial tem origem no Brasil", explica Miguel Calmon,
líder da Força-Tarefa Silvicultura de Espécies
Nativas da Coalizão Brasil.
"O Brasil tem mais
de 90 milhões de hectares de pastagem com algum nível
de degradação. Desse total, mais de 40 milhões
encontram-se em estado severo. O que este estudo mostra
é que essa imensa fronteira que exige restauração
pode ser uma oportunidade rentável de investimento
para o produtor", destaca Daniel Soares, analista de
investimento do WRI Brasil e um dos autores do estudo.
Além da taxa de retorno
do investimento, o produtor ainda se beneficia dos serviços
ambientais oferecidos pelas espécies nativas, tais
como melhora dos recursos hídricos e aumento da resiliência
e produtividade de outras atividades que podem ser consorciadas
com as árvores. A remoção de carbono
da atmosfera, por sua vez, é um benefício
para todo o planeta, mas também pode contribuir com
o fluxo de caixa do produtor, já que oportunidades
no mercado de carbono vêm ganhando impulso mundialmente.
A análise dos 40
casos de produção envolvendo árvores
nativas brasileiras foi feita com a Ferramenta de Investimento
Verena, do WRI Brasil, com base em um modelo financeiro
de fluxo de caixa descontado. As informações
para compor os modelos financeiros foram fornecidas pelos
executores e parceiros dos casos. As principais informações
para fazer a análise econômica e financeira
foram a produtividade esperada para cada espécie,
os custos de implementação e manutenção
e as despesas administrativas. O custo de oportunidade da
terra foi baseado no valor da terra, em reais por hectare,
referente ao uso e ao município mais próximos
ao caso.
A avaliação
um a um dos casos mostrou que o investimento necessário
e o retorno variam entre os modelos. A silvicultura de nativas,
em geral, requer maior exposição de caixa
e um período maior para que o investimento cumpra
o retorno esperado. Os SAFs e sistemas ILPF, os quais incluem
culturas agri´colas ou pecuária, permitem antecipar
a entrada de caixa.
Para a análise de
carbono, utilizou-se o GHG Protocol Florestas e Sistemas
Agroflorestais. A silvicultura de nativas mostrou potencial
para retirar 12,5 toneladas de dióxido de carbono
equivalente da atmosfera por hectare ao ano (tCO2eq/ha/ano).
Os sistemas agroflorestais, por sua vez, mostraram potencial
de remover 6,7 tCO2eq/ha/ano. O estudo não quantificou
a remoção de carbono dos sistemas ILPF. Fonte:
Coalizão Brasil
Agência Ambiental
Pick-upau é uma das signatárias da Coalizão
Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
Veja
o estudo completo.
Da Redação,
com informações da Coalizão Brasil
Fotos: Reprodução/Pick-upau